domingo, 4 de dezembro de 2005

A saga do Pai Natal alpinista

Dezembro chegou e com ele a saga mais recente do Natal português, o Pai Natal alpinista. A cada cruzar de uma esquina, avista-se pelo menos um deles. Por avenidas, ruas, travessas e calçadas, por paredes de prédios de todos os géneros, o Pai Natal, de há alguns anos para cá, tornou-se uma constante na sua versão alpinista. No meu tempo, rezava a história que o Pai Natal entrava pela chaminé, saía pela lareira, sacudia o pó escuro e com o seu enorme saco de presentes na mão, dava inicio à distribuição da praxe. Hoje, já muito poucos são os que têm lareira e o Pai Natal já não sobe à chaminé. Hoje, o Pai Natal de certeza que entra pela janela, tendo em conta que passam todo o mês de Dezembro emaranhados à parede exterior, a escalar.
Já não aguento vê-los por todo o lado, já não aguento ver as versões de plástico ou tecido, com publicidade ou não, agarrados a uma corda. Como é que se explica a uma criança que o Pai Natal vem do Pólo Norte, chega na noite de Natal para a distribuição, e no entanto, durante o mês de Dezembro eles estão em todo o lado, prestes a chegar à janela da casa de cada um?! Isto é fazer das criancinhas idiotas ao acreditarem que além de ele querer entrar pela janela de casa, ainda vai tocar à campainha na noite de Natal, ou seja, depois de passar o mês de Dezembro todo a escalar para lhe entrar à socapa pela janela, na noite de Natal, desiste e vai à volta, pela própria da porta de casa e como se não bastasse, toca à campainha.
E depois não percebem porque é que as criancinhas fazem tantas perguntas. Com historinhas assim repletas de coerência não admira nada.

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Almofada

Local onde repousam as minha ideias. Algumas nunca se chegam a levantar.

À procura da certeza

Gostava de saber definir aquilo que sinto. Gostava de perceber o caminho que leva o meu desejo e o meu coração. Não sei da minha vontade, não sei onde pára a minha cabeça. Encontro-a sem querer em ocasiões especiais em que o dever me obriga a isso e logo depois a perco, anda a vaguear entre pensamentos, emoções, palavras e recordações, em que relaciono os “quês” e os “porquês”, os sonhos e as razões que me deixam chegar a este ponto de onde não sei ainda encontrar a saída.
O que eu gostava, o resto do mundo procura incessantemente há Eras. Se percebêssemos sempre o que sentimos, acabariam a maioria das buscas espirituais, as depressões, os delírios eufóricos em que mergulhamos as nossas loucuras. Se tivéssemos certezas de onde elas não podem nascer, se elas por mero acaso existissem algures onde as pudéssemos encontrar, esse lugar estaria sob escuta, sob protecção policial, coberta por um vidro resistente, tal como estão as nossas angústias à espera de as alcançar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

Separar: acto de dividir duas partes

Não há meios caminhos nem atalhos para a separação, não há caminhos fáceis de encontrar nem truques para acelerar o processo. O único método saudável e menos penoso, é o natural. É natural que as pessoas não se possam ver durante algum tempo, é natural que o constrangimento seja mais que muito e que a perda de intimidade incomode, afinal sabiam tudo um do outro. Hoje não chegam sequer a saber se estiverem doentes, com febre ou uma unha encravada que seja. Dantes era tudo diferente e a separação, além da distância, trouxe uma defesa com que se habituaram a conviver.
Já não são as mesmas pessoas, já não são as mesmas com que se habituaram a trocar desejos, projectos e carinho. Uma crítica soa a insulto, uma demonstração de afecto, a pena. Já não se reage instintivamente a um sorriso, a um abraço ou a uma lágrima. Já não se é só por ser, é-se para se parecer.
Ninguém quer sair magoado de uma separação, mas é inevitável. Por deixar ou ser deixado, não importa o motivo. Um é a acção, o outro a reacção, e normalmente, como na vida, é mais fácil reagir, não que custe menos, mas porque não precisa de iniciativa, porque não precisa de tomada de posição, basta estar ali, ouvir, sofrer, chorar, questionar. Deixar alguém de quem se gosta muito, alguém que não se quer perder e deixar de fazer parte da sua vida, é por demais angustiante, doloroso, penoso até. Uma pessoa quer deixar a outra mas não quer deixar de a ter, não por egoísmo ou sentimento de posse exagerado, não por querer ser adorada e desejada para sempre, mas sim por continuar a ter ao seu lado uma pessoa com a qual tem ou criou, tantas afinidades e cumplicidades que não se imagina a desfazer-se delas, ou despedir-se delas como se de companheiros de viagem se tratassem, ou até, ter de encontrá-las de novo numa outra pessoa.
As pessoas hoje já são como são, já não têm dez anos para criarem juntas as suas manias, os seus interesses, as suas ambições a sua personalidade. A vida normalmente encarrega-se de separar naturalmente personalidades que crescem juntas, que se constróem juntas. Como também se encarrega e insiste em juntá-las mais tarde com outras já formadas, e é aqui que se reconhecem as afinidades, não são, nem existem só porque queremos, acontece, normalmente sem escolha ou procura, aparecem ao nosso lado, cruzam-se connosco como se tivessem feito ao nosso lado todo o caminho que já percorremos e nunca as tivéssemos visto.
Agora ficam longe, como se voltassem a não se ver, mesmo caminhando lado a lado e mesmo sabendo um do outro. Agora já não chega ouvir a outra voz para descansar, agora já não chegam palavras para apagar tudo o que foi dito, já não chega estarem juntos e conversarem sobre tudo e sobre nada. Já não chega, já não é, já não serve de nada tudo que aconteceu até aqui.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Não faz sentido nenhum

Caro Senhor Scolari:
Isto assim não é nada. Onde é que já se viu?!
Portugal foi apurado para o Mundial de 2006 na fase inicial de eliminatórias de grupos. Mas o que é isto? O que é feito do sofrimento que qualquer português tem de ter para dar valor às competições? Já com o EURO 2004 foi o que foi sem precisarmos de ser apurados, e agora isto! É que não nos faltava mais nada. Nem a um play-off nós tivemos a decência de ir. Esperar até ao último jogo para sermos apurados mesmo no prolongamento, ou até nos penaltys, isto sim é de uma equipa portuguesa que se preze, agora assim, desculpem lá, isto assim não é nada!!!

Carta aberta a Vítor Baía - Parte VII

Caro Vítor Baía,

folgo em sabê-lo detentor de uma auto biografia. Folgo ainda mais por saber que a editaram e o Sr. Miguel Sousa Tavares lhe proporcionou uma entrevista, que pelo que percebi também faz parte integrante do livro.
Continuo a ficar espantada pela sua contínua dúvida, mas penso que agora terá uma óptima resposta. Andou a gastar o seu tempo a escrever um livro, pois claro que não teve tempo para a selecção. Uma pessoa vai a ver e ainda é você que pede para não ir. "Ó Mister Scolari, esta semana não me dá jeito nenhum o estágio, tenho mais 20 páginas para escrever, a minha editora anda a pressionar-me com prazos de entrega dos originais do livro, não vai dar Mister"
E depois ainda se queixa...ainda faz perguntas...ainda vende mais que eu, claro!

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Superliga 2005/2006


A Superliga portuguesa que durante os últimos 3 anos foi patrocinada e por isso denominada SUPERLIGA GALP ENERGIA, vai , provavelmente, esta época, ser patrocinada por uma empresa de apostas de todo o género. Chama-se BETANDWIN, e como se prevê terá uma fácil leitura para o comum do português. Vou tentar imaginar algumas das hipóteses:

SUPERLIGA BETADINE
- Ó Maria Adelaide, Betadine não é aquilo que pomos nas feridas dos miúdos??

- É, porquê?

- São os patrocinadores da SUPERLIGA, deve ser por causa do Boavista e do Vitória de Guimarães, é só feridas!

SUPERLIGA BETÃO UI
- Esta merda das construtoras, depois de hipotecarem jogadores, já devem ter hipotecado a SUPERLIGA

SUPERLIGA BÉTAN VIN
- Depois da SAGRES, claro que tinham de meter vinho,ainda por cima entrangeiro, aposto que o Vilarinho ainda tem mão nisto

SUPERLIGA BETAND.WIN
- Isto deve ser um vírus, apaga-me isso. Ou então é o Bill Gates já a meter o bedelho na bola

SUPERLIGA BEDUINE
-Isto cheira-me a árabe, tu queres ver que nos vão fazer a folha na Luz?!

SUPERLIGA BETÃOI
-Mas que merda é esta?!hã?Os gajos do Porto já dominaram também isto??Tinha de ser, é mesmo coisinha à Pinto da Costa!

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

A Capital

Há pouco mais de dois meses voltei a descobrir A Capital, por um quase acaso, por saber a publicação de um artigo que me dizia respeito.
Ao longo de vários anos desacreditei, descredibilizei, e quase desisti completamente da imprensa escrita. Por insistência, continuei a ler alguns dos generalistas mais vendidos e continuei a constatar o facto inerente a todos eles. O jornalismo de imprensa não tem sido pautado por factos, mas sim por opiniões sobre os mesmos. Dai conseguirmos em poucos artigos de opinião definir a linha política, ou tendencial do jornal na sua totalidade.
Neste últimos dois meses, tenho vindo a acompanhar A Capital diariamente, confesso que apenas na versão online, mas de uma maneira totalmente descomprometida.
Encontrei nela (A Capital) um jornal factual de informação, como aliás, todos o deveriam ser. Mas por outro lado, encontrei um jornal feito, escrito, e dirigido, por pessoas. Pessoas reais, que nas suas crónicas ou artigos (como prefiram chamar) explicitamente e declaradamente de opinião, encontravam o espaço previsto para a transmitir sobre a sua matéria, e não incuti-la numa qualquer notícia abordada pela publicação de que faziam parte.
Tenho a sensação que grande parte de população portuguesa ainda tinha a sensação, ou a idiota ideia, que A Capital, ainda continuava a ser um jornal de notícias de última hora que saía só da parte da tarde, tal como eu tinha até há, mais ou menos, dois meses. Mas não, A Capital cada vez mais se afirmava como uma publicação alternativa, fora do contexto da imprensa escrita actual. Foi esta a sua “falha”. Tentou ser diferente entre iguais, tentou ter uma equipa que se suportava mutuamente, e melhor, até se dava quase como uma família, tentou ter opiniões e artigos de jovens de quem nunca ninguém ouviu falar, mas que o futuro se encarregará de nos voltar a mostrar. Tentou algo que raramente se encontra numa redacção, onde cada um tenta puxar os seus galões e dar a sua mais interventiva “opinião noticial”, onde, por muito que custe acreditar, as opções políticas ou sentimentais, ou o que forem, contam sempre mais que os factos.
Tinha 37 anos e acabou hoje, sem se saber se volta, ou como poderá voltar.
Aos 37 anos ainda se é um jovem. A Capital é jovem, mas era madura e soube acompanhar as mudanças onde o nosso regime, a nossa sociedade e o público se posicionou. A Capital sempre quis ser mais. Ultimamente desejou e lutou ainda mais, quis ser melhor. O mais caricato é que conseguiu e poucos deram por isso, tal como eu.
Hoje acabou e nem (quase) tive tempo de a saborear. Hoje acabou e deixou-nos o testemunho da maior parte dos que para ela contribuíram. Hoje foi o fim, um fim como os outros todos, que implica sempre um outro início, seja ele qual for.
Bem ditos aqueles que contribuem, como todos eles, para que este país seja um pouco mais que opiniões fundamentadas em opiniões formadas de opiniões pensadas de opiniões reflectidas de opiniões.
Bem-haja as ideias e pessoas como vocês.

sexta-feira, 24 de junho de 2005

“Mudaremos o mundo depois das 3 da manhã”

ao Luís:

Cheguei a casa e peguei no teu livro. Li as indicações musicais de acompanhamento, não resisti ao ver um dos meus preferidos, nem esperei pelo virar da página e o Sr.Mertens já tocava. Só podia ser um bom pronuncio.
Consumi palavra por palavra, verso por verso, tudo por tudo.
Tanto de ti que ali estava. Mesmo com pouco tempo na minha existência, encontrei-te tão bem em tantas das palavras, das angústias, das torturas, da esperança, das promessas relatadas nestas páginas. Encontrei-te porque tu és muito mais do que todas elas, e quando as deixas assim, nas páginas de um livro, elas começam a viver sozinhas e separam-se de ti. Partem. Tu permaneces.Tens tanto ainda para nos dares, nunca poderias ir com elas.
Quero-te encontrar em muitas mais. Parabéns. Bem-haja.



Livro: Mudaremos o mundo depois das 3 da manhã
Autor: Luís Filipe Borges
Editora: Tágide

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Gastaram-se as palavras.

Hoje gastaram-se as palavras ditas. Hoje dizemos o Adeus que nunca estamos à espera. O poeta ,(Eu)génio das palavras, leva com ele 60 anos das que não conseguiu gastar. As suas palavras, que são as mesmas que as nossas, foram quase sempre expostas numa enorme simplicidade, onde ganhavam uma vida, uma alma, que raras vezes encontramos no seus contemporâneos. A poesia tantas vezes remetida às prateleiras mais altas das livrarias e bibliotecas, encontra em José Fontinhas uma razão para se engalanar.
É tão mais difícil conseguir ser simples desta maneira. É tão mais difícil ver as coisas que os outros vêem e conseguir escrevê-las assim, com uma solenidade arrebatadora, mesmo que banal seja o motivo.
A Eugénio de Andrade não se dedicam palavras, dedicam-se leituras, porque embora elas não se consigam gastar ao falar da sua obra, a maior dedicatória que lhe podemos fazer é ler. Ler as suas obras, os seus poemas, as suas palavras.
O poeta desapareceu hoje, mas na sua escrita permanece quase tudo o que quis dizer. Porque ele próprio escrevia porque precisava de o fazer. E nós precisamos tanto de o ler.

Bem-haja Geninho.

sexta-feira, 13 de maio de 2005

Dia da Fátinha!

Faz hoje 88 anos que a Fátinha apareceu aos meninos, só podia ter sido mesmo há 88 anos, pois hoje tudo o que aparece aos meninos, mais tarde ou mais cedo vai parar ao TIC e é constituído arguido.
Eu cá gostava tanto de ter uma aparição só para mim. Gostava, por exemplo, de acordar e ter uma apariçãozinha do Brad Pitt, mas com tanto azar, hoje que é Sexta –feira 13, ainda ele aparecia com a outra dos lábios de plástico, nariz de plástico, mamas de plástico e quase tudo de plástico.
De plástico não vai ser com certeza o novo herdeiro directo do trono de Espanha, pelo menos se sair ao pai, ai Pipo...ai ai..pois é , a Sra. D.Letizia, que afinal não está anoréctica, está sim, grávida, o que constituí um grande alívio para nuestros hermanos. Coitada da rapariga, nem há 1 ano se casou, já a puseram a trabalhar. Qualquer dia temos aí um rebanho de Bourbons a formar a Companhia das Letizias. Não teremos é com certeza um ministro que possa despachá-los.

Bem-haja os Pipos desta vida.

terça-feira, 26 de abril de 2005

Ai doutores!

Em Portugal não há doutores a mais, há é dos outros a menos. Ou seja, uma vez doutor, o português já não se revê, nem aceita determinado tipo de profissões dirigidas aos quadros médios. Até porque depois é uma vergonha, e o que é que vão dizer se eu, sim eu, que estive 5 anos a queimar pestanas na universidade, depois de sair de lá, mesmo não tendo qualquer formação prática, for aceitar um emprego de assistente do que quer que seja. Ora, eu sou doutor, ainda não por extenso, mas pronto, já sou doutor e isto muda tudo. Muda-se o nome nos cartões todos já por causa das coisas, e uma pessoa é logo tratada de maneira diferente, principalmente nos serviços públicos. Mesmo nas salas de espera, por exemplo, é logo diferente, mesmo que seja por intercomunicador, é diferente uma pessoa ouvir – rrssssrrsss (interferência dos intercomunicador e ligar) Dr. João Simões pode dirigir-se ao gabinete 4 para ser atendido – é logo outro estatuto, quando uma pessoa se levanta, a deferência com que é olhada, o respeito, uma pessoa até parece mais alta às vezes, parece que cresce.
E pronto, a partir do dia em que recebe o canudo tudo será diferente. Vou ser um desempregado, mas um desempregado licenciado.
Em Cuba, por exemplo, que é um dos países com maior índice de “doutores”, eles tratam-se por Licenciado João Simões - os “Joões Simões” que me perdoem, mas hoje calharam na rifa – mas claro, Licenciado já não tem o mesmo peso, não é a mesma coisa, se fosse cá em Portugal até achavam que era mesmo o nome próprio, que algum padrinho mais erudito se tinha lembrado.
A família também tem muito peso nisto dos doutores, qualquer paizinho ou mãezinha, prefere ter um filho “doutor”, mesmo que desempregado, que um carpinteiro atulhado de trabalho e a ganhar rios de dinheiro...electricistas, canalizadores, todos esses senhores que em qualquer ida a nossa casa, nos levam couro e cabelo para arranjar o tubo da máquina de lavar a roupa.
É uma questão moral, uma tradição, uma questão social até. Ainda não ultrapassámos a ideia cultivada durante gerações, em que só as grandes famílias podiam mandar os seus filhos para a universidade, normalmente para as grandes cidades. Ainda vivemos numa espécie de ressaca da abertura das portas das universidades a todos os queiram ser licenciados, ou a todos os que, pelo menos, tenham notas positivas, haverá sempre um curso onde caibam. Hoje em dia já não existe uma “coisa” que se chama Vocação. Há uns anos atrás até existiam testes vocacionais, em que se ficava a saber, mais ou menos, a área para a qual a pessoa estava mais virada. Hoje não há nada disso, os próprios dos estudantes, só na altura de preencher os impressos de inscrição no Ensino Superior é que decidem o curso. Isto é assustador. Depois existem licenciaturas tão boas quanto – Licenciatura em Assistente de Parqueamento urbano, ou Licenciatura em Taxismo Urbano, ou até, Licenciatura Fiscal biólogo de folhas secas sul-americanas enroladas em mortalha de arroz – esta por acaso era tão boa...não sei porque não vinga!

segunda-feira, 18 de abril de 2005

Estudo percentual

Em Portugal , segundo estudo já feitos, há 1 homem para cada 7 mulheres. Isto teoricamente, portanto, logo aqui temos apenas 1/7 de homem para cada mulher. Se tivermos em conta que num homem comum só interessa 10%, ou seja, 1/10 parte, as probabilidades de nos calhar uma parte decente são mínimas. Mas há ainda factores a ter em conta, como o facto de ainda termos de deduzir os homossexuais, a variação dos bissexuais, os assexuados.
Ou seja, se já só tínhamos 1/7 logo à partida, 1/10 depois de eles abrirem a boca...depois de mais esta condicionante....temos....é fazer as contas!
Mas é muito pouco, mesmo muito pouco, e isto preocupa-me! Não é por mim, é pelas minhas amigas. Eu não tenho esse tipo de problemas, eu gosto muito de estrangeiros, é coisa que nunca me fez confusão, conhecer outras línguas sempre foi positivo para a cultura de uma pessoa.
Porque há outros países onde este problema não existe. Na Austrália, por exemplo, e temos sorte porque é já aqui perto, dá para ir de fim-de-semana...Na Austrália há 7 homens para cada mulher. Ouviram bem??? E mesmo que se deduzam as outras partes todas, ainda sobra uma percentagem bem porreira. Bem-haja os cangurus!

Os actores que temos

Começo a achar que a TVI é que tem razão em ter quem tem nas novelas. Eu fui ao dicionário ver o significado de novela e dizia assim: pequeno romance baseado, ou não, em factos reais.
Como podem ver, ninguém diz que tem que ter actores, se fosse suposto ter actores, estaria aqui escrito. Eles é que sabem...querem lá vedetas. Que mania de criticarem, sempre a dizer mal, sempre a dizer mal. Porque é que as pessoas têm de parecer naturais na personagem que fazem?! Se a pessoa tem 28 anos, não tem de parecer 17 com um ar natural, ora essa! Ele não é actor, o que é que querem?! Parece 28 na mesma, mas não interessa nada, a cassete está a rodar e se as cenas estão feitas, o texto está dito, vamos é pra casa que o Benfica joga às 9 e 1/4 e eu ainda tenho de passar no Pingo Doce. Até porque se fosse actor ou actriz, não estaria ali a dar ao cabedal a trabalhar...estaria a descansar que é o que os actores fazem bem, descansam para que as outras pessoas possam fazer o trabalho deles, como é obvio!!!
Ainda pra mais, é uma profissão que tem um subsidio de desemprego elevadíssimo, não é preciso uma pessoa andar para aqui a preocupar-se...normalmente até são pessoas que nem gostam mesmo daquilo que fazem. Ah pois é! A descansar é que estamos bem, se há tanta gente para fazer o nosso trabalho...olha...
Imaginem se alguém tivesse a mesma atitude que têm com os médicos?! – Ah, fui ver uma peça de teatro, mas digo-te...não confio naquele gajo, não sei, há qualquer coisa ali que não me cheira, tem má dicção, não se percebia nada do que dizia, acho que vou ver outra peça.
Da mesma maneira deviam ser punidos por negligência: - Olhe lá, você errou uma deixa, teve uma branca, o seu colega ficou ali sem puder reagir. Você vai ser punido por negligência teatral e vai ter o seu cartão de consumo do Mahjong suspenso - Isto é o mais perto da Ordem dos médicos que os actores têm, é uma espécie de Centro de emprego especializado onde os testes de aptidão são feitos em matraquilhos e trivial electrónico.
O que também era positivo, era começarem a prender e multar por falta de habilitação devida para exercer actividade: - Olhe lá, você não tem aqui nenhuma formação de actor no seu curriculum...vou ter de o autuar, o senhor não pode estar aqui na televisão a gravar telenovelas assim, pode causar danos irreversíveis no público.
E isto é pura verdade, pode mesmo, mas normalmente nem habilitações nem habilidade mesmo..

terça-feira, 5 de abril de 2005

Apelo inevitável

É um apelo que sai destas teclas hoje. Se bem que já o devia ter feito, paciência, mais vale tarde que nunca, e alguém tem de o fazer.
Tinha de haver uma mulher que escrevesse e fosse também à televisão, à rádio, aos bares deste país, fazer um apelo plo bem do stand-up feminino.
E isto não tem a ver com feminismo, nem pedir igualdade, nem nada disso.
Bolas, uma mulher quando decide fazer stand-up, mesmo antes de começar, antes de subir ao palco, seja ele de que género for, já está a ser renegada!
O primeiro comentário na generalidade é logo: “ eeeehhh porra.....uma gaja!”
Se o público tivesse um comando, mesmo a assistir ao vivo, andava logo com aquilo para a frente, porque há sempre o segundo comentário: “ fogo, se ainda fosse uma gaja boa...ao menos!”
É que ainda por cima há mulheres tão boas a fazer stand-up em Portugal.
A Elsa Raposo, por exemplo, é boa...e diz que faz stand-up que é uma maravilha, a qualquer um, sem ser preciso dizer nada, é tipo mímica, é um mimo a Elsinha. A Lili Caneças, já foi boa...há muitos anos e também é outra grande comediante portuguesa que até diz que “estar vivo é o contrário de estar morto”. É engraçado porque eu nunca tinha pensado nisto. Tem lógica. Vivo.. morto... pois tá claro! Ou a nossa grande Odete Santos, também é boa...comediante! A Revista à portuguesa é comédia, certo? A Revista à polaca, por exemplo, já não...
Voltando ao stand-up comedy...
Até as mulheres a assistir são beras para as mulheres no palco. As mulheres não gostam que as outras mulheres falem das suas coisas, das nossas coisas. Das nossas ideias, das nossas manias ou truques e ainda por cima fazer disso graça.
Começam logo a pensar: “fogo, está pra aqui esta gaja a desvendar coisas que escondemos durante séculos”
Minhas queridas, eles não percebem na mesma! É indiferente a versão, já se fez drama, tragédia, comédia, tudo....e eles passaram a perceber alguma coisa de nós, as mulheres?? Passaram?? Não, pois claro...
Minhas queridas estamos a falar de um Ser para o qual uma das maiores dúvidas sobre as mulheres...- o que é, onde está, etc, etc - é sobre uma coisa que normalmente têm debaixo da língua!
Ora, se eles são assim, acham que é o stand-up que vai desvendar –lhes o que quer que seja? Eles não conseguem mesmo...
E depois há as asneiras. Enquanto um homem pode dizer um chorrilho de asneiras e ainda por cima ter aí o ponto alto da graça, nós não, não podemos.
As mulheres nem uma asneirinha podem dizer...é logo “eeehhh brejeira, arruaceira, baixo nível”
Mas isto é só por não conhecerem, por não estarem habituados, por não aceitarem.
Aqui há uns anos, para quem se lembra, havia uma rapariga muito jeitosa que tinha uma actividade qualquer esotérica, ou coisa que o valha, e que num anúncio na televisão apelava ao espectador deste modo: “ Não renegue à partida uma ciência que desconhece”, com o stand-up feminino é mesmo caneco, não reneguem, deixem-se de coisas que o stand-up é para os gajos! Viva as gajas, viva as mulheres, queimem-se lá esses soutiens, queremos fazer stand-up! Bem-haja as mulheres e a mais o stand-up.

segunda-feira, 7 de março de 2005

Uma questão de Tamanho

Resolvi trazer à baila um tema que só arruina qualquer relacionamento que eu tenha, ou qualquer um que eu não tenha e pensasse ter, ou qualquer um que eu venha a ter no futuro. Não vou falar das performances sexuais dos homens, ou melhor, da diferença entre a realidade do que acontece, e do que eles depois vão contar, porque uma mulher acaba sempre por saber o que eles comentam, caso não soubessem...Eu vou falar de tamanho. O tamanho. E eu aqui me confesso, sim confesso, já fui das poucas que desisti, sim eu desisti completamente, não, calma, não virei lésbica, nem vou para freira, também não desisti assim tanto, só desisti de acreditar na história de que o tamanho faz a diferença. Digam o que disserem, não me venham mais com essa, pois se assim fosse, diferença era entre o quê e o quê?! Em Portugal nenhum homem diz que a tem pequena. Em Espanha também não tenho ideia de ter ouvido, em espanhol já ouvi muita coisa, mas eram tudo dobragens e foi na televisão, e pela reacção delas não me parecia que fossem pequenas, ou então elas disfarçavam lindamente. Em Itália muito menos, já que o orgulho é muito maior, mas também verdade seja dita, que por muito pequena que fosse, depois de se começar a ouvir assim ao ouvidinho...aaahh piacere, dové stai amore mio?!...fetuccini, Lamborguini, anque io, baci, baci...Ferrero Rocher...Ai Ambrósio nem que fosse um Kit Kat, apetecia na mesma!
Isto deve ser então uma coisa assim mais para o mediterrânico, mais para o latino. Porque realmente a única diferença de que há memória de ser ouvida é só entre a grande e a muito grande! Sim, e isto é diferença, tudo bem, da grande para a muito grande, faz diferença, mas para variar, sobra mais para nós mulheres...e para o nosso novo andar do dia seguinte, gemido atrás de gemido, a rezar para que não tenha de subir um degrau para lado nenhum. E sentar, credo, parece que a bicicleta fugiu e o selim ficou!
Mas fora essa diferença, os homens nunca reconhecem que a têm pequena, nunca. Nunca ouvi nenhum dizer, “ah, a minha é a dar para o pequeno, mas eu sou esforçado, canso-me mais, mas vou a todo o lado” – não, não dizem. Todos dizem “ah ah, a minha chegava pra pendurar o toalhão do banho...ao comprido!” ,”a minha é para aí deste tamanho...em descanso!”, “a mim lá na rua tratam-me por bombeiro, eh eh, a minha mangueira tinha chegado para apagar os incêndios do ano passado, mas estava fora do país ”.
Cientificamente, em termos genéticos, só está provado que a população africana, realmente tem um tamanho acima dos parâmetros considerados normais.
Portanto a única conclusão que se pode tirar é que o problema dos homens é a comparação. O problemas deles é que não conseguem ter uma dimensão comparativa. Eles nunca, jamais, dão parte fraca ao lado uns dos outros. Como é que eles olham para as dos outros homens? Olham assim, discretamente, de esguelha, no balneário dos ginásios ou na casa-de-banho pública, pelo canto do olho, e só depois, provavelmente já em casa, quem sabe muitas horas depois, vão olhar para a deles e dizem “ Aaaah...é muito maior...não tem nada a ver”. Agora o confronto “lado a lado” não existe.

Segundo sei existem, pelo menos, 5 tamanhos: As pequenas, as médias, as grandes, as “oh meu deus!” e ainda as “não tem disto em branco­”. Portanto, a história de que o tamanho faz diferença, ou não, depende dos olhos que a medem. E claro, do sentimento com que se olha.
Existe aquele clássico da menina virgem, que se casa, daí ser já só mesmo em clássico, em moderno diz que já não fazem, nem por encomenda, e ao fim da primeira noite, toma o seu também primeiro banho com o seu já actual marido e comenta com as risadinhas, também elas clássicas das virgens, “ih ih ih ai amor, apontando para o Vitinho, “gastou-se tanto só de ontem à noite?” Oh meu Deus...depois a partir daí é que começam a reparar nos senhores dos filmes, dos anúncios, nas estátuas do renascimento, e depois eram os divórcios a eito.
Hoje em dia já não era preciso chegar à parte do banho, nem da noite, nem do casamento, nem do namoro, nem quase do carro, ai o carro já quase também ele um clássico, para mal da nossa nostalgia romântica, mas para bem das nossas colunas, aquilo dava cabo da coluna, muitas hérnias terá a nossa geração à conta de romances no automóvel! E os joelhos? Aquilo é que era de nódoas negras...Nos carros havia aquelas coisas todas, manípulos, travão de mão, só porcarias a atrapalhar, não era só nos joelhos, era um bocado por todo o lado, uma pessoa não podia ser criativa, que aquilo deixava marcas no corpinho todo.
Portanto, minhas amigas...e meus amigos, fica aqui claro, que isto do tamanho já era, não se deixem levar pelos comentários e pelo blá blá que eles gostam de pregar. Fala aqui a voz da experiência...eu farto-me de ouvir pregar. E daqui para a frente acreditem mais no género de comentários como: “Ah, se calhar não é das maiores, mas eu chego a todo lado”, ou , “talvez já tenhas visto alguma maior, mas prometo dar o meu melhor e fazer-te sentir bem”, ou ainda “parece assim pequenina mas vais ver que daqui nada já não notas...e depois às vezes...espera-se e...não se nota, mesmo, nem que existe quase...”

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

Serei profissional do Prefácio

Tive finalmente outra boa ideia para trabalhar! Vou começar a escrever (uma coisa que estranhamente ninguém se lembrou). Lembrei-me de um género literário pouco trabalhado, ou pelo menos, não tão explorado como poderia. O prefácio. Não há livro que não o tenha, pois com certeza. E agora como os escritores também são como os actores, brotam que nem cogumelos, acho que era uma boa. Um género de prestação de serviços. Até porque a maioria dos prefácios dizem sempre o mesmo. Basta que sejam assinados por uma pessoa mais ou menos reconhecida para que o autor da publicação ache que é o máximo e que a história é um sucesso.
Frases como : “fulano é uma pessoa que além de muito humana é um ser extraordinário” ou “Este livro vem revelar ao público o que fulano durante todo este tempo reservou só aos mais próximos, a sua generosidade como pessoa, o seu saber estar e , acima de tudo, saber ser” ou até “Nestas páginas encontramos o seu EU mais profundo, que quando cercado pelas agruras que o mundo lhe impôs, soube sempre dignamente desenvencilha-se dos grilhões a que o mundo o amarrou” caiem sempre bem e servem para quase todos os autores.
Assim podiam criar-se umas minutas de prefácios, a utilizar nas diversas situações. Biografias, romances, esotéricos comerciais (estes sim, os mais modernos), policiais, etc, etc. Até porque já todos estamos fartos dos prefácios escritos pelos próprios dos autores, que nos tratam por “você o leitor”, quase nunca dizem bem deles próprios, relevando sempre a “actualidade do tema (seja ele qual for), os efeitos socioculturais, psicológicos e psicossomáticos que podem ter, numa sociedade cada vez mais influenciada por reacções comportamentais invulgares”.
Bem-haja autores e escritores, prefácios e conclusões.

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

A teoria do fato de treino

Não há pernas como as do Figo. Não há tronco como o ainda imberbe dentes-encavalitados-Cristiano-Ronaldo. Acho que se não fosse pelas pernas do Figo, ou pelos abdominais do Ronaldo, os jogadores hoje em dia ,depois da fase do Pastilhas, teriam voltado ao fato de treino completo. Até daqueles que fazem tttsss tttsss (não confundir com o homem-aranha).
É um género que ainda hoje se encontra muito do hipermercado, em familias inteiras. Agora expliquem-me uma coisa, aquela peça de roupa chama-se fato de treino...o que é que estão a treinar no hipermercado ao Domingo?! A melhor maneira de enfiar 3 dúzias de Super-bock no carrinho sem a mulher dar por isso?! A velocidade até ao corredor dos cotonetes esquecidos quando já estão com a mercadoria toda na caixa registadora?
Por vezes ouço dizer "ah, é confortável". O meu pijama também e nunca me passou pela cabeça levá-lo ao Jumbo. E depois é confortável para quê?! Não me lembro de ver saltar barreiras na zona das frutas, esparregata também nunca apanhei ninguém a fazer, mesmo na zona onde o desporto reina, que é o mesmo de dizer, camisolas do Sporting e Benfica, cachecois do Sporting e Benfica, caneleiras, bicicletas das estáticas, máquinas da musculação com 432 posições para fazer exercícios diferentes, mas que não cabe nas divisões normais das casas, bolas de futebol Roteiro (as que sobraram do EURO e que tinham defeito para ser usadas na superliga). Assim sendo, o fato de treino é só uma espécie de identificação. "Vou comprar uns óculos para a natação do miudo", e lá vai o pai com o seu ttttsss ttttsss, passando pelo corredor dos acessórios de automóvel que cai sempre bem, não vá uma pessoa lembrar-se que não tem uma bússola magnética no tablier, que dá tanto jeito. Pelo caminho lá marcham também as escovas limpa-vidros, um desodorizante com aroma de petúnias-gregas-apanhadas-nas-madrugadas-de-Outono, e ainda um spray que em 15 segundos põe as jantes como novas, até parece o Vaporeto Titano.
De repente lá aparece o mai novo também com o seu ttss ttss ttss ttss ttss ttss (vinha a correr) a implorar a ventosa do Nemo, para ter sombra na janela do seu lado.
Tudo isto criaria um conflito, já que o pai, um senhor de palavra, tinha prometido ao mai velho, a ventosa do Marilyn Manson. Nada disto seria relevante se a colecção inteira dos pirilampos mágicos coloridos, não decorasse o tablier de um lado ao outro. Apenas um foi suspenso para colocar a imprescindível bússola. Este ano o pai já disse que não podiam ser mais solidários, até terem um carro novo, pois não havia mais espaço para pirilampos. Só por isso, aplicaram as suas pequenas poupanças naqueles certificados de desaforo que os Correios vendiam aos melhores clientes, os Tsun Ami, como o Miterrand, Soare Ami.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

E voltou...ai se voltou!

Pior que um atleta se magoar e encostar ao estaleiro, só mesmo magoar-se outra vez e encostar outra vez e ainda outra vez, sozinho desta vez. Já não há posição que se aguente no estaleiro. É só ao estalo mesmo.
Tal qual uma fénix, e de novo titular, Sá Pinto confirmou ontem que as chuteiras ainda estão longe da prateleira e de joelhos conversamos daqui a uns anos nas mudanças de tempo. Mostrou que além de joelhos, tem os pés, cabeça, a garra e a determinação de sempre. E mais...de 3 golos, assinou 2 que pareciam 4. Daqueles que não são para todos, daqueles que só a experiência consegue transformar uma bola dentro da baliza numa sequência de imagens enciclopédicas. Ainda esteve na origem do 3º golo que Liedson resolveu. Sá Pinto soube passar humildemente pela recuperação clínica das lesões, pelos treinos sem bola, pela não convocatória, pelo banco de suplentes e finalmente pela titularidade. Lugares marcados de eternos titulares?! Não, foi "apenas" fruto de um trabalho de recuperação exaustiva, certamente por vezes desmoralizante, angustiante muitas vezes, onde só voltar a jogar fazia sentido. E voltou...ai se voltou!Bem-haja ex-7.

Ó mãe...

Na próxima geração de crianças, antes de perguntarem de onde vieram, e porque é q não podem comer pastilhas elásticas, vão perguntar:

"ó mãe, qual é o rendimento líquido dos fundos de investimento que temos do BPI"?

E eu acho que vou saber responder a tudo.

"ó mãe, se o rendimento mensal bruto das obrigações do BPI baixou, não achas que devíamos pensar em amortizar o q gastámos na aquisição"?

E eu acho que vou saber responder a tudo.

Porque no BPI o dinheiro cresce e até parece.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

Pedro, já tinhamos saudades tuas

Alguém que tenha visto o jogo de ontem e ao mesmo tempo tenha coração, é incapaz de ficar indiferente ao assistir ao golo de Pedro Mantorras.
Se na semana passada foi com uma enorme emoção que o voltámos a ver pisar o relvado na superliga, esta jornada veio confirmar o que há uns anos ninguém tinha dúvidas. Mantorras é detentor de uma criatividade pouco vista na superliga portuguesa, e ligado a ela, um grande poder de eficácia.
Pedro Mantorras só estava na equipa errada, dirigida pelas pessoas erradas, quando há dois anos se lesionou. Se é possível estragar, ou pelo menos, protelar, uma grande carreira desportiva, esta foi a maneira mais eficaz. Provavelmente não lhe poderiam ter feito pior, e assim foi.
Foram dois anos de sofrimento, em que as idas à fisioterapia e ao ginásio, foram intercaladas com as tristes viagens a Espanha para mais uma operação.
Se há algum grande castigo para um jogador como Pedro Mantorras, não poder jogar é de certeza o mais doloroso.
Agora sim, está de volta, agora sim voltámos a ver o Mantorras a que um dia nos habituámos, rápido, oportuno, criativo, e acima de tudo, a marcar golos.
E porque o futebol é muito mais que corrupção desportiva e tráfico de influências, agora mais que nunca, deixem jogar o Mantorras!

2004 faleceu, paz à sua alma

JANEIRO

Começamos o ano com uma boa notícia, pelo menos imaginava-se que fosse. A liberalização do preço dos combustíveis supostamente iria provocar uma actividade na concorrência do mercado de combustíveis, logo os preços baixariam, assim ditam as leis de mercado quando a concorrência aumenta.
Mas assim não foi, antes pelo contrário, além de terem subido, foram tão instáveis quanto a defesas do Vítor Baía.

Depois de ultrapassada a ameaça de desaparecer, a RTP2 volta tal qual fénix renascida. Ainda mais forte, como se quer. Agora chama-se simplesmente a Dois e quer manter a qualidade quer de séries de ficção, como de programas de verdadeiro serviço público. Com uma equipa totalmente renovada, com alguma produção própria e com programação sem atrasos, vem colmatar algumas falhas dos canais generalistas.

Ainda 2004 tinha acabado de começar, já as galinhas do Sudoeste asiático andavam às voltas com a gripe. Foi proibida a importação na nossa UE (sempre a olhar por nós, é uma querida!) das aves da zona, o turismo diminuiu com o medo das contaminações dos humanos. Realmente 2004 já começava mal para aquelas bandas.

A sonda Opportunity aterrou em Marte. Diz que o Planeta vermelho, mesmo que os marcianos sejam verdes (deve parecer a bandeira portuguesa), tem mesmo água, e até mandou montes de fotos. As imagens parecem ser sempre as mesmas, mas prontos, diz que tem água e o mundo adorou a ideia. O Sr. Sousa Cintra também já está de olho.

Pois que não começou nada bem o ano para o desporto do nosso país. Miklos Fehér, jogador do Benfica, caiu inanimado no relvado do Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães. Em directo na televisão assistiu-se a uma cena dramática que terminou na morte do jogador. O país parou para ver e ouvir os comentários combalidos de jogadores, treinadores, dirigentes, e afins do futebol e do país em todas as suas áreas. Parou para rever inúmeras vezes as repetições das últimas cenas em vida de Féher. Ele sorriu antes de cair no relvado. Féher tinha 24 anos, era saudável, tinha uma carreira porreira, um bom salário, estava noivo, casaria-se na próxima Primavera. O país reconciliou-se com o futebol, e até Dias da Cunha e Luís Filipe Vieira protagonizaram o abraço mais famoso do mês, durante o velório do jogador.
Em poucos dias igualmente, no mesmo estádio onde a "tragédia" teve palco, os jogadores do Vitória de Guimarães e Boavista terminam o jogo em perfeita batalha campal, onde até as cadeiras do novo estádio já andavam pelo ar. Os árbitros foram agredidos e a PSP não teve mãos para aquilo.
Como vêm a reconciliação foi para o galheiro, o luto foi-se com os vários minutos de silêncio e ninguém já se lembrava de que o futebol é como a vida, um jogo, e nada mais que isso!
Utilizando uma frase famosa de Otto Lara Resende como imagem, "o mineiro só é solidário no câncer", e não é que é verdade mesmo?!

FEVEREIRO

O Parlamento francês aprova a legislação para proibir o uso dos véus e outros símbolos religiosos nas escolas, o que quer dizer que o Beckham, se lá vivesse não poderia ir à escola com os seus terços ao pescoço. Dizem eles que é para diminuir a descriminação nas escolas, com religiões como as islâmicas. As meninas que usavam o véu agora vão ter de lavar mais vezes o cabelucho, e problemas como a caspa e piolhos já não ficarão protegidos como dantes, por baixo do paninho. Será que também contempla as fitinhas do Senhor do Bonfim?!

As catástrofes naturais este ano começavam a dar que falar. Um terramoto em Marrocos mata 620 pessoas e deixa mais 15 mil desalojados. E isto era apenas um começo.

Os óscares de 2004 foram dominados pelos anéis do senhor, com duendes, cenários fantásticos e horas perdidas de filme, lá devoraram quase tudo o que havia para ganhar. A salientar também o Oscar de Melhor Argumento Original para a quase estreante Sofia Coppola, que como o próprio nome indica, filha de peixe acaba amanhada também. "Lost in Translation" com a brilhante tradução "O Amor é um lugar estranho", ganhou com a sua simplicidade e subtileza quer da história quer da realização. Parabéns Sofia, para que endereço te envio o meu CV??

MARÇO

Naíde Gomes sagra-se Campeã do Mundo de Pentatlo nos X Mundiais de Atletismo de pista coberta, realizados em Budapeste. Depois de ter sido vice-campeã da Europa em 2002, o crescendo é patente, alcançando um titulo tão honroso para o desporto nacional. Parabéns Ezenaíde, és a melhor do Mundo! O Atletismo em Portugal não tem as massas a apoiar, mas pelo menos tem os títulos...é a história da nossa vida.

Depois do 11 de Setembro, voltámos a ter no mundo um 11 trágico. Ainda por cima, pelas mesmas razões. Março ficou marcado pela morte de centenas de pessoas que só estavam num comboio, ou à espera dele. Madrid foi o alvo escolhido para mais um atentado terrorista. Pessoas que se deslocavam para os seus empregos, outras que o acaso fez com que ali estivessem, assistiram ao horror que se instalou numa das principais e mais movimentadas estações de comboios da capital espanhola.
Dos responsáveis não houve notícia que conseguisse não influenciar as eleições legislativas em Espanha, que estavam marcadas para 4 dias depois.
Durante vários dias se fizeram vigílias em nome da paz e em memória dos mortos, se apelou à paz em manifestações ininterruptas, em cerimónias religiosas, enfim, tudo o que confirma que ela não existe. Pois quando existe Paz, não é preciso falar dela.

Preso por ter cão e por não ter, Aznar sai derrotado das eleições com a opinião pública contra. Porque: - Se foi a ETA a autora do atentado, ele tem culpa porque durante o seu mandato não conseguiu controlar um dos maiores medos de Espanha; Se foi a Al-Quaeda ele é culpado porque foi aliado dos EUA na Guerra do Iraque. Zapatero sobe ao poder e nem tinha quase equipa que desse para aquilo tudo. Caiu-lhe do céu, neste caso do comboio.

A NATO cresceu, a partir de agora, a Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Letónia, Lituânia e a Roménia também farão parte da Organização. Agora sinto-me muito mais segura, quase todos eles já estão habituados a conflitos.

Depois de 25 anos no coração da cidade, no centro de tudo e à porta do metro, a RTP inaugurou a nova sede perto do Parque das Nações, num edifício que partilha com a RDP e que é considerado o maior e mais moderno centro de notícias de Portugal. Tem um estúdio novíssimo e moderníssimo, tem uma imagem nova e finalmente bem tratada, e conseguiram livrar-se de algum "lixo" que na 5 de Outubro insistiu em acumular-se durante anos e anos. Vida nova nesta instituição que vimos crescer e com quem crescemos. Uma boa parte de nós além de Mimosa, também é RTP.

ABRIL

Libertação de Jorge Ritto, passando a liberdade condicional até ao julgamento.

O Líder do Hamas, Abdel Aziz al-Rantissi é assassinado em Gaza. Coitadito do senhor, ali na sua cadeira de rodas, sem poder fugir decentemente, atiram-lhe uma bombita para cima. Acredita-se que com o seu líder morto, o Hamas venha a acalmar, mas destas coisas, uma pessoa nunca sabe quem vem a seguir.

Em quase vésperas do EURO 2004 é denunciado um dos casos mais escandalosos, e ao mesmo tempo já há algum tempo previsto, do futebol português. O caso do Apito Dourado faria correr tinta sem fim em todo o tipo de imprensa. O Major é detido para interrogatório do qual sai com actividades suspensas e outras pequenas medidas de coacção. Eles falam, falam, falam...e finalmente alguém faz alguma coisa. Este caso acabou por ser algo controlado, pois já tínhamos os olhos postos em nós e na organização do EURO 2004.

Sobre o 25 de Abril já há muito pouco para dizer. Em 2004 comemora 30 anos e o que me custa mais é que daqui a alguns dias também sou eu a comemorá-los.

Aos 97 aninhos, a Sra.D. Esteé Lauder morreu. Já lá está de certeza a vender uns cremesinhos à Sra.D.Amália e à D. Nina Simone. Também já não ia para nova.

Em Portugal assiste-se ao lançamento do livro mais vendido do ano. O Código da Vinci pode juntar-se assim ao Equador do nosso Miguel Sousa Tavares, e formar uma dupla de livros que caíram no goto. Se houve portugueses que leram algo mais que a bula dos remédios nos últimos 2 anos, a estes livros o devem. O Código da Vinci virou tão moda, que não havia toldo na praia que não o tivesse, mala de viagem que não o levasse. Um verdadeiro fenómeno, que já originou um livro de interpretação para o próprio, outro de iniciação à leitura do mesmo, outro de explicações pormenorizadas, etc, etc. Tudo em nome das vendas, ou será que há tanta gente a lê-lo e tão pouca a entendê-lo?!

MAIO

1ª (suposta) data para resultados de colocação de professores

A partir de agora vamos passar a ter mais estrelinhas na bandeira azul, que não a das praias. A nossa UE, ex-CEE, ex-CE, ex-Europa (quase) está maior e foi alargada a Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e Republica Checa. Como era de esperar nenhum deles fala algo parecido connosco, mas no entanto há muitos trabalhadores em Portugal que podem passar a não ser ilegais. No entanto, esta medida só daqui a uns tempinhos vai ser notada. Até lá, podemos ir tentando decorar o nome deles todos, já que destes todos, eram poucos os que existiam na altura do Festival da Eurovisão quando ainda era visto por cá. Cyprus.....10 points!

Libertação de Carlos Cruz após 15 meses de prisão preventiva. Até ao julgamento não pode sair do Concelho da residência, blá, blá, blá...

Fazia parte da lista dos mais ricos do Mundo, pela revista Forbes. Este ano ocupava o 153º lugar, o que já não vai para mau! Bil Gates tem a pole position, como era de esperar. Com a morte de António Champalimaud, de 86 anos, fica 1/3 da sua fortuna para uma fundação ligada ao desenvolvimento e investigação da ciência, dirigida por Leonor Beleza e o "resto" dividido pelos legítimos herdeiros, onde qualquer fatia chegava para cobrir a dívida externa de alguns países.

Durante anos foi o Ai Jesus da Europa monárquica, criando suspiros em todas aquelas que sonhavam com um príncipe a cavalo para as salvar da solteirice. É alto, muito bem parecido, desportista e, segundo se sabe, amigo do seu amigo e fiel à sua gaja. Pelos seus braços passaram manequins, loiras da Holla, tudo dentro do maior respeito. Agora foi de vez. Os olhos das desgostosas ainda choram o Casamento de Felipe e Letizia, a jornalista que virou princesa, em Madrid, debaixo de uma chuva horrorosa, (coitadinha, até tive pena, mas também eu a apanhei na véspera, no dia dos meus anitos!) com tudo o que é gente que importa desta Europa e arredores, a assistir. Diz-se que a festa da véspera foi bem mais gira, ou seja, no próprio dia já estava tudo de ressaca.
O que importa é que eles casaram. Snif, snif...

Se o desporto português já nos deu muitas alegrias, o FCP este ano é um perfeito exemplo. Tinham o treinador mais arrogante do mundo, menos modesto, mas o que é certo é que ganharam tudo. O FCPorto ganha a Liga dos Campeões em Gelsenkirchen (isto não foi fácil para decorar), na Alemanha, oferecendo 3 golos ao Mónaco que não teve resposta.

JUNHO

Morte de Ronald Reagan aos 93 anos. Nem ele já se lembrava que cá estava.

É um género de Franchising musical. É mais ou menos o mesmo de termos o "Caffé di Roma" em Lisboa. O "Rock in Rio" in Lisboa, traz a fórmula revista e testada na origem, já por várias vezes. Os artistas a actuar foram divididos por dias e géneros, por tamanho de palcos e popularidade.
Mariza esteve à pinha no palco mais pequeno, Britney Spears fez playback no palco principal, só para dar um exemplo. O último dia esteve intransitável e o público esperou (quase todo) até às 2 da manhã para ver Sting, que, ao contrário do anterior concerto por cá, não veio acrescentar grande coisa. Só por isso Pedro Abrunhosa, que fechava o evento, teve de encolher o espectáculo e ficar entalado em menos de 45 minutos. Vieram cotas cantar, vieram os modernos, vieram de todos os lados. O público, o que veio nos primeiros dias, andou a comer pó, num recinto, supostamente relvado. Os bilhetes não eram para todos, nem se previa que muitos viessem a mais que um dia. 55€ é muita fruta! Diz-se que o dia do rock pesado, ou metal, como quiserem, foi o mais bem conseguido. A organização foi razoável, mas isto de juntar brasileiros nas nossas coisinhas, já se sabe, dá sempre um bocadinho de novela.

Morte de Sousa Franco durante acto de campanha eleitoral no Norte do país.

Ficou sem resposta uma das maiores curiosidades da humanidade. O que aconteceria quando Steve Wonder visse pela primeira vez Ray Charles?
Aos 73 anos, Ray Charles junta-se assim a Frank Sinatra para os duetos celestiais. Ou até para também comprar um cremesinho à Sra.D.Esteé Lauder.

Eis que chegou o momento pelo qual ansiámos durante anos. O EURO 2004 foi a promessa que nos fizeram para resolver todos os problemas do país.
Ok, não foi bem o que aconteceu, mas foi tão bonita a festa, que durante essas semanas ninguém se lembrou dos problemas do país. A maioria dos portugueses passou a ter um Kit Tuga que inclui, uma bandeira maiorzinha para colocar na janela; uma bandeira mais pequena para colocar na viatura; um cachecol a dizer Portugal (de lã, claro, mesmo com os 40º que estavam na rua, mas também todos sabem que o cachecol é para os pulsos e não para o pescoço); uma camisola da selecção, ou outra qualquer com o escudo; várias peças de roupa em verde, encarnado e amarelo; o hino português em versão de bolso, tipo cábula; autocolantes, emblemas, t-shirts ou qualquer peça que diga Portugal. Durão Barroso sai do governo. E depois mais bandeiras, mais golos, mais festas, mais estrangeiros. Durão Barroso aceita o cargo em Bruxelas e entala Sampaio. E depois mais bandeiras e tudo atrás do autocarro até ao estádio, e o Marquês de Pombal em delírio, e o Cristiano Ronaldo em tronco nú e as pernas do Figo. Durão Barroso pede a Sampaio para não dissolver a assembleia. E as bandeiras?? Lindas, todas a voar nas janelas...E até o Rui Costa marca, o nosso Ricardo marca, defende, ele é o que quiserem. Sampaio fica lixado porque percebe que tem mesmo de manter o governo. Filipão toma conta do país e aqui vai disto até à final. O nosso irmão brasileiro tornou-se um herói porque cumpriu aquilo que disse...só por isso!
O terror, a desgraça, o horror, o infortúnio toma conta do nosso país que mergulha num profundo pesar ao perder com a Grécia na final...logo a Grécia que é quase tão pobre quanto nós! Mas valeu muito a pena, depois de ressacar da derrota percebemos que nunca tínhamos chegado tão longe, porém, não ganhámos. Só não ganhámos. Só não ficámos com o caneco!
Agora que já estávamos a melhorar desta dor, Sampaio convida Santana Lopes a formar governo.
...Acho que foi aqui, neste preciso momento. O país apercebeu-se de tudo. No meio das bandeiras tinha acontecido alguma coisa.

Pedro Santana Lopes começa a formar governo, o que significa, alterar os ministros todos, mudar os secretários todos e mais as secretárias todas, carros, chauffers, empregadas da limpeza, móveis, computadores, marca de papel das impressoras, tinteiros, marca das canetas, da água, do papel higiénico, toalhas, etc, etc, etc.

Os EUA transferem a soberania do Iraque para as autoridades iraquianas, o que teoricamente muda quase tudo, agora estaria nas mãos deles.
Na prática, não mudou quase nada, pois se antes estavam divididos entre os iraquianos e os outros, agora dividem-se também entre eles próprios. A coligação lá continua, e até a nossa Geninha ajuda. Pequenos bombardeamentos, ataques, retaliações, atentados, são palavras que continuam a fazer o pão nosso de cada dia do país...quer dizer, do que resta dele.

JULHO

Morte de Marlon Brando, 80 anos

O legado desta senhora já atravessou gerações e é transversal na sociedade. Sophia de Mello Breyner, morre aos 84 anos, deixando-nos um herança literária que não precisa de ter tempo nem data.

"Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão Porque os outros têm medo mas tu não..."Morte de Henrique Mendes, 72 anos.

Morte de Maria de Lurdes Pintasilgo, 74 anos. A única mulher até hoje a conduzir o governo em Portugal, desaparece depois de há vários anos ter saído da cena política.

Pedro Santana Lopes e seus muchachos tomam posse depois de, à última hora, algumas cadeiras terem mudado de condómino. A surpresa foi o lema da tomada de posse. Não tiveram férias em Agosto, como seria normal, para poderem arrumar as secretárias. Em Setembro, no início da época já não havia Euro 2004 que disfarçasse, já estava tudo de olhos postos em cada passo, em cada movimento...I'll be watching you...

Morte de Carlos Paredes, 79 anos. Embora estivesse internado há vários anos a esta parte e muitos já não o soubessem vivo, deixa um legado de guitarra portuguesa, da qual foi, é e será uma das maiores referências.

Já lá vão 6 Voltas a França para o curriculum. Depois de voltar à competição em 1998, devido a um cancro nos testículos, Lance Amstrong ainda não foi batido numa das mais importantes provas do ciclismo mundial. A Volta a França nunca teve um vencedor de tantas edições, muito menos todas consecutivas. Lance é um exemplo de perseverança, força de viver e também muita teimosia. Faz uso público do seu caso para mostrar a todos os que passam ou passaram pelo mesmo, a diferença entre desistir e vencer. Na vida como no desporto.

AGOSTO

Mais um ano Olímpico, em que milhares de desportistas se unem em nome da Paz, da igualdade, do fairplay e da união dos povos (o conceito é óptimo). Tudo isto na Grécia do nosso descontentamento. Enfim, eles no fundo são muito parecidos connosco, acabaram as obras na véspera, depois de terem feito inúmeras alterações aos projectos que já não tinha tempo de ser terminados nas datas previstas. A derrapagem nos orçamentos previstos dava quase para fazer tudo de novo e a tão badalada desorganização, contrastou com todos os aplausos que tivemos no nosso EURO 2004.
Diz quem lá esteve para assistir que não se notava tanto assim, mas as críticas de quem estava mesmo para trabalhar, não deixava dúvidas. Jornalistas, repórteres, atletas, treinadores, dirigentes, foram consensuais nas críticas ao evento.
Portugal levou 82 atletas, a maior comitiva de sempre, não fosse a Grécia já ali. Vários foram aqueles que competiram em Atenas com os olhos postos em Pequim 2008. Uma nova grande safra de atletas portugueses está a surgir, não fossem eles dos mais novos em provas onde alcançaram lugares entre os 10 primeiros. Caso de Vanessa Fernandes com, em 8º lugar no Triatlo, Emanuel Silva, 7º lugar nos 1000 mt em K1, na canoagem, Nuno Merino, tal como eu tinha vaticinado no ano passado, respondeu às espectativas com um excelente 6º lugar na final de Trampolim. Destaco ainda o 5ºlugar de Gustavo Lima em Vela, na classe Laser, o 7º lugar João Pina (-66 kg), o 7º João Neto (-73 kg), e ainda o 9º de Telma Monteiro, todos muito jovens a caminho de Pequim.
Melhor que em Sidney, esteve Gustavo Lima ( já Campeão Mundial da modalidade ) que obteve o 5º lugar em Laser.
A presença de um atleta nos JO é um orgulho para o próprio, uma experiência inesquecível e uma despesa grande para os Comités dos vários países. Quem ousa esquecer a importância de tudo isto e principalmente o âmbito desta competição, não merece referência. Não são as derrotas que nos ofendem, mas sim a falta de respeito pelos princípios que todos estamos à espera de encontrar em quem nos representa.
Para o fim deixei os campeões, aqueles para quem o seu trabalho, o seu esforço e dedicação, os seus tempos, naquele dia exacto representaram mais do que uma rodela de metal. Em cada um dos dias, cada um deles levou o nosso nome a um dos pontos mais altos do mundo, o da glória. Reflexo de muito trabalho, muitas horas esquecidas de treino, alegrias, tristezas, ânimos e desânimos. Tudo junto estava ali, nos sorrisos que no deram, nos arrepios que provocaram, no orgulho que nos fizeram sentir, é também por eles que Portugal é maior. Sérgio Paulinho, 24 anos, Medalha de Prata, Ciclismo, prova de estrada; Rui Silva, Medalha de Bronze, Atletismo, 1500 mts; Francis Obikwelu, Medalha de Prata, Atletismo, 100 mts planos com o tempo de 9,86 segundos.

E como não podia deixar de ser, logo de seguida vêm o Paralímpicos, o que quer dizer que os nossos campeões entram em acção. Há até quem vá participar pela 4ª vez consecutiva, o que equivale a 16 anos em acção. Com a maior participação de sempre, os Jogos Paralímpicos de Atenas, terminaram com a já habitual participação da delegação portuguesa que também mais uma vez nos encheu de orgulho. Os atletas nacionais ganharam 12 medalhas nos, colocando Portugal na 41ª posição. Natação, Boccia, Atletismo em 10000 mt, marcha e 5000 mt, pentatlo e maratona foram as modalidades que viram os nossos atletas subir ao pódio, conseguidas que foram duas medalhas de ouro, cinco de prata e cinco de bronze, e metade referem-se a competições de boccia. O trono do desporto paralímpico continua a brilhar com a presença assídua dos tugas. Um excelente resultado para modalidades e atletas que continuam a não ser levados muito a sério. No entanto há que salientar que este ano já tivemos transmissões em directo de Atenas de algumas das provas e resumos dos dias de competição. A SIC continua a ser a estação oficial, onde este ano foi dada uma relevância nunca vista. Muito bem!

Morte de José Carlos, estilista, 53 anos

A organização não governamental holandesa «Women on Waves» trouxe a Portugal o navio conhecido por "Barco do Aborto". Esta embarcação, que realiza viagens até países onde o aborto é prática ilegal, é uma autêntica clínica ginecológica. O navio foi impedido pelo Governo português de atracar nos portos nacionais, por motivos de respeito pelas leis nacionais e questões de saúde pública e foi bloqueado por navios de guerra. Apesar disso, a organização considerou o objectivo conseguido: a polémica e a cobertura mediática conseguiu relançar o debate sobre o aborto em Portugal.

SETEMBRO

Como se não estivesse já gasta a quota de terrorismo deste ano, um atentado organizado de 32 pessoas à escola de Beslan, na Rússia, durante uma festa de inicio de ano lectivo, onde pais, professores e alunos conviviam, provoca 365 mortos, 700 feridos e tantos traumatizados por terem sido mantidos dentro da escola durante dias inteiros, sujeitos à pressão das armas. A independência da Tchechénia continua em questão e as principais vítimas, para não variar, são os inocentes, cujo o único erro foi estar ali.

A nossa Sra. D. Agustina venceu o Prémio Camões por unanimidade. Este prémio distingue, anualmente, um escritor cuja obra tenha contribuído para o enriquecimento dos patrimónios cultural e literário em Português e foi entregue à escritora pelo ministro brasileiro da Cultura, Gilberto Gil, no Rio de Janeiro. Já não era sem tempo, está a senhora com os pezinhos inchados de estar à espera sentadita.

2ª (suposta) data de afixação da colocação de professores para ano lectivo 2004/2005

Foi à pastelaria fazer compras e de um dia para o outro torna-se uma das protagonistas dos telejornais do país. Não, não foi ao Big Brother nem a nenhum reality show do género. A Joana desapareceu. Portugal emocionou-se com a história de Joana Guerreiro, uma menina de oito anos de quem desde 12 de Setembro ninguém sabe...ou pelo menos diz não saber. Já se disse de quase tudo, que foi vendida, que foi cortada ao pedaços e estaria congelada na arca frigorifica de casa, que foi raptada e violada, etc, etc, etc. A grande curiosidade deste caso é a de que a principal suspeita é a própria mãe. Será que alguém ainda é totalmente contra a pena de morte?!

O Judo é já uma das modalidades que nos vai habituando a triunfos internacionais. Desta vez, a judoca Telma Monteiro é a nova campeã europeia de juniores na categoria de -52 quilos. Depois do 9º lugar no JO de Atenas, vem confirmar ser uma das grandes esperanças da modalidade. Tiago Lopes conseguiu a medalha de bronze na categoria de -66 quilos, e para variar quase ninguém soube. É a história da vida destas modalidades onde realmente temos títulos.

Para milhares de pessoas, Madonna deu o concerto do ano. Os dois concertos de Lisboa esgotaram poucas horas depois de os bilhetes terem sido colocados à venda. A Tourné Mundial Re-Invention, que começou em Los Angeles a 24 Maio, terminou no Pavilhão Atlântico, a 14 de Setembro, depois de ter sido adiada devido ao já reservado Pavilhão Atlântico pela Igreja do Reino de Deus, que passou 2 dias seguidos a conceder milagres às pessoas de bracinhos levantados na plateia. Será caro ter um milagre? Será que já existe uma Conta poupança milagre ou um Crédito Milagre?!

Colocação de alguns professores. Estavam alguns trocados, outros deslocados e muitos nem sequer colocados. O drama instalou-se, o software levou com as culpas, e as escolas começaram, praticamente todas, mais tarde.

Vanessa Fernandes revalidou o seu título na Taça do Mundo de Triatlo. A triatleta voltou a superiorizar-se à concorrência, passando para a frente quando se iniciaram os 10 quilómetros de corrida e deixando a sua mais directa adversária a 25 segundos. A mocinha tem 19 aninhos e já compete de igual para igual com as senhoras melhores do mundo, cheias de experiência e títulos. Depois do Jogos Olímpicos, esta é mais uma prova que a Vanessa veio para ficar...em grande!E para variar, poucos foram os que souberam.

A Mafalda fez 40 anos!!! Não seria uma grande notícia, não fosse ela uma das mais famosas heroínas do mundo aos quadradinhos, fazendo as delícias de miúdos e de graúdos. O autor argentino Quino, conquistou milhões de leitores com histórias divertidas que ao mesmo tempo reflectem sobre questões sociais e humanas sobre o seu país natal e a humanidade em geral. E ainda, sobre a eterna aversão das crianças à sopa...

OUTUBRO

Fialho Gouveia morreu aos 69 anos

Marcelo Rebelo de Sousa demite-se de comentador dominical da TVI. Debaixo de uma polémica nunca vista, o Professor lá pôs a viola no saco e foi à sua vida. O país susteve a respiração num aaaahhhh geral que despoltou para a cena nacional o tema Censura. O Presidente da Républica até mandou chamar o senhor para lhe dar uma palavrinha. Isto tomou tamanha dimensão que os intervenientes foram chamados à Assembleia. Até hoje não se sabe muito mais do assunto, o Professor pois que não fala, mas diz que volta. Entretanto teve tempo para ler mais 1583 livros que tinha em stand-by em casa e dar uma vista de olhos pela imprensa diária.

Christopher Reeve aos 52 anos foi vencido e desta feita não pela kriptonite. Ao fim de alguns anos agarrado a uma cadeira de rodas, a desmistificação do super-herói mais famoso do mundo chegou ao fim mais temido. Depois de, nos últimos anos, ter sido um verdadeiro ícone da luta para o desenvolvimento Científico na recuperação de problemas como o seu, não resistiu e viu-se obrigado a ceder às leis da Natureza.

NOVEMBRO

Logo no inicio do mês acordamos com a notícia da morte de Yasser Arafat, o futuro da paz pode com isto ver mais luz no fundo do túmulo.

Como uma desgraça nunca vem só, logo de seguida acordamos com a vitória de George Bush nas eleições americanas. Só os americanos com mais do que a 4ªclasse votaram nele, ou seja, os estados considerados mais desenvolvidos (muito poucos) ainda apostaram na diferença, mas a maioria venceu e o Sr.Bush voltou a tomar o seu lugar. Depois de terem passado os últimos 4 anos a dizer mal dele, num episódio inédito de algum americano desdenhar da sua própria terra, ainda têm mais 4 para o aturar. Eles e nós por tabela, como é óbvio.

Afinal Yasser Arafat não morreu, ou ressuscitou. Diz que lá está, agarradito à máquina, mas em vivo.

Colin Powel demite-se do cargo de secretário de Estado nos EUA. Zangam-se as comadres...

Parece que Yasser Arafat faleceu, a sua senhora que até já vivia em Paris, pois diz que Israel era péssimo para as compras, estava ao seu lado quando tudo chegou ao fim.

Começou como um blog, virou programa de televisão, espectáculo ao vivo e passa agora a DVD. O Gato Fedorento, acabadinho de ser lançado, é já líder de vendas e um autêntico fenómeno. Ricardo Araújo Pereira, José Diogo Quintela, Tiago Dores e Miguel Gois assinam os sketches que puseram o país todo a falar, a falar, a falar....

Pois parece que o senhor Yasser Arafat continua vivo. É um cruzamento de informações que já ninguém se entende. A sua senhora voltou às compras e diz que Paris está pela hora da morte, ai senhora, que pessimismo, essa história da morte...um dia destes ainda tem um desgosto.

Os MTV Europe Music Awards de 2004 tiveram um encanto especial para Portugal. Foi inserido um prémio com o nome Best Portuguese Music Award, que este ano indiscutivelmente os Da Weasel levaram para casa...Olá nina quero cuidar de ti... E ainda por terem sido os últimos antes da edição de Novembro de 2005, a realizar em Portugal. Mais um grande evento na área da música a ter lugar no nosso cantinho.

Morreu Yasser Arafat, em Paris. Será que foi desta???? Diz que estavam a tentar decidir onde iria ser sepultado e só depois desligaram a ficha da tomada. Agora foi mesmo.

Para aproveitar a época das compras e das festas, enquanto uma pessoa descansada já comia uma rabanada ou uma filhó, o Presidente da República Jorge Sampaio, assim na surra, vai e dissolve a Assembleia da República. O giro foi reunir o Conselho de Estado só depois de o fazer e comunicar tudo ao país uma semana depois. Mas como já andava tudo atarefado com as compras que acham obrigatórias no Natal, com o perú, bolo Rei, fatias douradas, bacalhau com todos e mais algum, cabrito ou borrego, arroz doce, sonhos de abóbora, azevias, broas castelares, presépios, pinheiros, bolas e luzes...já ninguém tomou a verdadeira consciência do facto.O que se vai tornando um hábito na política portuguesa. Sempre que querem tomar uma medida mais importante que nos afectará a todos de alguma forma, esperam que chegue uma altura em que ninguém está para aí virado. É assim tipo à traição, está tudo virado para o EURO 2004...e zzzááásss! Toma que ficam sem Primeiro-ministro. Agora com o Natal foi o mesmo...vai, vai lá comer a tua azevia...vai, vai que vais ver o que tens quando voltares! E zás, sacam-nos a Assembleia! Toma com eleições a 20 de Fevereiro e desmarca lá as férias na neve!

Pinto da Costa vai a interrogatório no âmbito do processo Apito Dourado, meses depois, agora que já passou o EURO, o rol de acusados aumenta para 22, entre dirigentes, empresários, árbitros, suspeitos da prática de corrupção desportiva e tráfico de influências. Pinto da Costa apenas é impedido de comunicar com os já implicados no processo. Mas ainda agora a procissão vai no adro...

DEZEMBRO

Mais FCPorto, mais título, mais taça! Victor Fernandez lidera a equipa portista e ganha por tabela de Mourinho a Taça intercontinental em Tóquio, contra a equipa colombiana do Once Caldas, que ninguém conhecia, mas que fez jus ao título que disputava. Depois de em 1987 Madjer nos ter deliciado com "aquele" golo de calcanhar debaixo de um manto branco de neve, este ano foi sofrer até ao fim, foi pénaltis, foi desmaio, foram montes de horas de avião, foi jet lag, foi tudo, quando se fala em 2003, vitória = FêQuêPê.

Inaugurada em França a ponte mais alta do mundo, Ponte de Millau.

Em 2004 não houve falta de sangue nos hospitais portugueses. Dando continuidade à tendência para o crescimento das dádivas de sangue registada nos últimos dez anos, em 2003 verificou-se um aumento de 20 mil unidades de sangue face ao ano anterior. Assim, em 2004 o Instituto Português do Sangue teve à sua disposição 330 mil unidades, um valor próximo das 350 mil que garantiram a auto-suficiência dos hospitais portugueses no decorrer do ano. Entretanto, a campanha de recolha do Instituto Português de Sangue (IPS) realizada em Julho de 2004 em centros comerciais obteve um número recorde de 1445 dadores.
Ainda a mesa de Natal estava posta quando acordamos para uma das maiores catástrofes naturais de que há relato na história da humanidades. Ao largo da baía de Sumatra, um terramoto dá lugar a um maremoto com consequências até ali inimagináveis. Directamente foram afectados 7 países, alguns dos quais com uma vertente turística fortíssima. O Sudoeste asiático termina 2004 mergulhado numa tragédia que afectou pelo menos 47 países, depois de identificados milhares de cadáveres. Os corpos amontoavam-se em cenas deprimentes, para as quais as palavras já não chegam. Mais de 150 mil vítimas foram encontradas, mas suspeita-se que muitos outros estejam desaparecidos. Os relatos da maioria dos sobreviventes são aterradores e as histórias, por vezes inacreditáveis. A zona costeira da maioria dos países foi totalmente alterada depois do mar ter abalroado quilómetros a fio, arrastando pessoas, carros, casas, árvores e tudo o mais que surgia no caminho. De todos os lados do mundo surgiram vídeos amadores, testemunhando o pânico vivido naqueles momentos. Foi também por eles que conseguimos ter a dimensão desta tragédia que uniu o mundo em acções diversas de solidariedade.
o Tsunami pôs o resto do mundo a reflectir sobre as precauções e sistemas de alarme para situações semelhantes, que na maioria dos países não existe.

Mesmo em noite de final do ano, chega também ao fim um dos marcos televisivos dos últimos 3 meses. Por umas razões ou por outras, a Quinta foi incontornável, nem que fosse pela diferença. O diário da vida rural, como lhe chamaram, conseguiu juntar pessoas de géneros bem diferentes, mesmo que à partida não parecesse. José Castelo Branco, o diferente, tornou-se um herói nacional. E esta é a parte assustadora. Aquilo a que se assiste é a um homem que se veste, trata, fala, mexe, reage, como uma mulher. É casado pela 2ª vez, tem um filho e diz-se Empresário de obras de arte. Tem o cabelo com madeixas, as sobrancelhas arranjadas e a face maquilhada. O português comum que via a Quinta ficou de olhos postos em tudo o que ele dizia e fazia. Repetem os gestos e as expressões e dizem que tudo isso os faz rir, e muito. Ele insiste que é mesmo assim, e o pior é que é mesmo.
De resto foram discussões, regras que não eram bem assim, expulsões duvidosas, manipulação de imagens, jogadores profissionais, amor de geração espontânea, etc, etc, etc...A diferença ganhou, a TVI também.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

Carta aberta a Vítor Baía - Parte VI

Caro Vítor, meu grande querido, tu não páras...estás sempre a surpreender-me. Sempre que eu acho que não podes jogar pior, lá vens tu, sorrateiro, discreto como só tu sabes ser, ali a largar as bolas da mão, a sair em falso da baliza, a tentar defrontar defesas, enfim...é um sem fim de manobras com que tu nos brindas.
Mas esta semana tu se explicou, afinal os teus problemas eram mesmo pessoais. Então separaste-te pá?! Toda a gente sabe que a estabilidade emocional é um dos pontos fundamentais do sucesso de um atleta...e tu não dizias nada?!
Estou aqui encolhidinha de tanta (quase) vergonha de te ter massacrado, mas no fundo eu até tinha razão. As respostas estavam todas em ti. Elas não te abandonam. A tua mulher pode fazê-lo, mas as respostas às tuas questões não o farão nunca. Vais ver que até podes ser seleccionado para o Mundial. Tudo pode mudar, vais ver que era isso...