domingo, 4 de dezembro de 2005

A saga do Pai Natal alpinista

Dezembro chegou e com ele a saga mais recente do Natal português, o Pai Natal alpinista. A cada cruzar de uma esquina, avista-se pelo menos um deles. Por avenidas, ruas, travessas e calçadas, por paredes de prédios de todos os géneros, o Pai Natal, de há alguns anos para cá, tornou-se uma constante na sua versão alpinista. No meu tempo, rezava a história que o Pai Natal entrava pela chaminé, saía pela lareira, sacudia o pó escuro e com o seu enorme saco de presentes na mão, dava inicio à distribuição da praxe. Hoje, já muito poucos são os que têm lareira e o Pai Natal já não sobe à chaminé. Hoje, o Pai Natal de certeza que entra pela janela, tendo em conta que passam todo o mês de Dezembro emaranhados à parede exterior, a escalar.
Já não aguento vê-los por todo o lado, já não aguento ver as versões de plástico ou tecido, com publicidade ou não, agarrados a uma corda. Como é que se explica a uma criança que o Pai Natal vem do Pólo Norte, chega na noite de Natal para a distribuição, e no entanto, durante o mês de Dezembro eles estão em todo o lado, prestes a chegar à janela da casa de cada um?! Isto é fazer das criancinhas idiotas ao acreditarem que além de ele querer entrar pela janela de casa, ainda vai tocar à campainha na noite de Natal, ou seja, depois de passar o mês de Dezembro todo a escalar para lhe entrar à socapa pela janela, na noite de Natal, desiste e vai à volta, pela própria da porta de casa e como se não bastasse, toca à campainha.
E depois não percebem porque é que as criancinhas fazem tantas perguntas. Com historinhas assim repletas de coerência não admira nada.