terça-feira, 29 de novembro de 2005

Almofada

Local onde repousam as minha ideias. Algumas nunca se chegam a levantar.

À procura da certeza

Gostava de saber definir aquilo que sinto. Gostava de perceber o caminho que leva o meu desejo e o meu coração. Não sei da minha vontade, não sei onde pára a minha cabeça. Encontro-a sem querer em ocasiões especiais em que o dever me obriga a isso e logo depois a perco, anda a vaguear entre pensamentos, emoções, palavras e recordações, em que relaciono os “quês” e os “porquês”, os sonhos e as razões que me deixam chegar a este ponto de onde não sei ainda encontrar a saída.
O que eu gostava, o resto do mundo procura incessantemente há Eras. Se percebêssemos sempre o que sentimos, acabariam a maioria das buscas espirituais, as depressões, os delírios eufóricos em que mergulhamos as nossas loucuras. Se tivéssemos certezas de onde elas não podem nascer, se elas por mero acaso existissem algures onde as pudéssemos encontrar, esse lugar estaria sob escuta, sob protecção policial, coberta por um vidro resistente, tal como estão as nossas angústias à espera de as alcançar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2005

Separar: acto de dividir duas partes

Não há meios caminhos nem atalhos para a separação, não há caminhos fáceis de encontrar nem truques para acelerar o processo. O único método saudável e menos penoso, é o natural. É natural que as pessoas não se possam ver durante algum tempo, é natural que o constrangimento seja mais que muito e que a perda de intimidade incomode, afinal sabiam tudo um do outro. Hoje não chegam sequer a saber se estiverem doentes, com febre ou uma unha encravada que seja. Dantes era tudo diferente e a separação, além da distância, trouxe uma defesa com que se habituaram a conviver.
Já não são as mesmas pessoas, já não são as mesmas com que se habituaram a trocar desejos, projectos e carinho. Uma crítica soa a insulto, uma demonstração de afecto, a pena. Já não se reage instintivamente a um sorriso, a um abraço ou a uma lágrima. Já não se é só por ser, é-se para se parecer.
Ninguém quer sair magoado de uma separação, mas é inevitável. Por deixar ou ser deixado, não importa o motivo. Um é a acção, o outro a reacção, e normalmente, como na vida, é mais fácil reagir, não que custe menos, mas porque não precisa de iniciativa, porque não precisa de tomada de posição, basta estar ali, ouvir, sofrer, chorar, questionar. Deixar alguém de quem se gosta muito, alguém que não se quer perder e deixar de fazer parte da sua vida, é por demais angustiante, doloroso, penoso até. Uma pessoa quer deixar a outra mas não quer deixar de a ter, não por egoísmo ou sentimento de posse exagerado, não por querer ser adorada e desejada para sempre, mas sim por continuar a ter ao seu lado uma pessoa com a qual tem ou criou, tantas afinidades e cumplicidades que não se imagina a desfazer-se delas, ou despedir-se delas como se de companheiros de viagem se tratassem, ou até, ter de encontrá-las de novo numa outra pessoa.
As pessoas hoje já são como são, já não têm dez anos para criarem juntas as suas manias, os seus interesses, as suas ambições a sua personalidade. A vida normalmente encarrega-se de separar naturalmente personalidades que crescem juntas, que se constróem juntas. Como também se encarrega e insiste em juntá-las mais tarde com outras já formadas, e é aqui que se reconhecem as afinidades, não são, nem existem só porque queremos, acontece, normalmente sem escolha ou procura, aparecem ao nosso lado, cruzam-se connosco como se tivessem feito ao nosso lado todo o caminho que já percorremos e nunca as tivéssemos visto.
Agora ficam longe, como se voltassem a não se ver, mesmo caminhando lado a lado e mesmo sabendo um do outro. Agora já não chega ouvir a outra voz para descansar, agora já não chegam palavras para apagar tudo o que foi dito, já não chega estarem juntos e conversarem sobre tudo e sobre nada. Já não chega, já não é, já não serve de nada tudo que aconteceu até aqui.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Não faz sentido nenhum

Caro Senhor Scolari:
Isto assim não é nada. Onde é que já se viu?!
Portugal foi apurado para o Mundial de 2006 na fase inicial de eliminatórias de grupos. Mas o que é isto? O que é feito do sofrimento que qualquer português tem de ter para dar valor às competições? Já com o EURO 2004 foi o que foi sem precisarmos de ser apurados, e agora isto! É que não nos faltava mais nada. Nem a um play-off nós tivemos a decência de ir. Esperar até ao último jogo para sermos apurados mesmo no prolongamento, ou até nos penaltys, isto sim é de uma equipa portuguesa que se preze, agora assim, desculpem lá, isto assim não é nada!!!

Carta aberta a Vítor Baía - Parte VII

Caro Vítor Baía,

folgo em sabê-lo detentor de uma auto biografia. Folgo ainda mais por saber que a editaram e o Sr. Miguel Sousa Tavares lhe proporcionou uma entrevista, que pelo que percebi também faz parte integrante do livro.
Continuo a ficar espantada pela sua contínua dúvida, mas penso que agora terá uma óptima resposta. Andou a gastar o seu tempo a escrever um livro, pois claro que não teve tempo para a selecção. Uma pessoa vai a ver e ainda é você que pede para não ir. "Ó Mister Scolari, esta semana não me dá jeito nenhum o estágio, tenho mais 20 páginas para escrever, a minha editora anda a pressionar-me com prazos de entrega dos originais do livro, não vai dar Mister"
E depois ainda se queixa...ainda faz perguntas...ainda vende mais que eu, claro!