terça-feira, 20 de setembro de 2011

loose ends

não somos nós que nos esquecemos com o tempo, é o tempo que nos vai esquecendo, é o tempo que deixa de nos perseguir com bocadinhos de memória que já queríamos ter deixado há muitas voltas dos ponteiros do relógio. por menos tempo que se tenha, sobra sempre tempo para lembrar o que se quer esquecer. a memória tem um bloco de notas onde há sempre espaço para mais um abraço que ficou por dar, um beijo que se perdeu porque já ia atrasada, uns dedos que deslizam pelo braço abaixo e se encaixam na mão que já os conhece de cor. ia-me despedir só por um tempo, mas o tempo não era o mesmo que o meu, aquele bloco tinha um esboço de um noite mal dormida e de um mimo enganador, ou não. perdemo-nos no tempo e em demasiadas palavras arriscadas, insinuantes e tantas vezes dúbias. histórias de que só os olhos sabem falar. a distância não corrige a pontuação, as palavras têm intenções que só um puxão delicado pela cintura sabe dar.                                    
não há vagas num coração coberto de pele ainda tatuada pela memória de um toque.
não há vagas num abraço ocupado com o sonho de um enredo diferente. o regresso à primeira página do bloco de notas, onde tudo parecia fazer sentido, onde as letras eram desenhadas e o papel era branco, e não amarelecido de memórias desfasadas.
resta-me o tempo sim, que me prende às folhas, às letras penduradas que esperam formar palavras feitas à medida do que nunca foi nosso.
estou suspensa pelas pontas soltas que seguram a distância e a conversa de um olhar.

sábado, 27 de agosto de 2011

game over. mesmo que não tenhas posto uma moeda, a bola continuava a subir e a descer, alimentavas, sei lá se à tua maneira, as tabelas que não deixavam a bola cair de vez. continuei a pôr moedas, continuei a acreditar que podia sorrir com cada uma das tuas palavras. sorria, foi tudo o que eu tive para manter viva a ideia de que existias, de que tinhas feito parte da minha vida a dada altura. ante...s da vida te ter atravessado no meu caminho eu já acreditava nisto de que o que a pele sente é, por vezes, mais importante que saber o número da porta de casa ou o nome do irmão mais novo. é a sensação de que nor tornamos numa ilha, de que podia tudo passar à volta sem darmos por isso, que não importa a bagagem que venha no porão do bilhete de identidade, para que só o teu olhar me convença a mudar os meus planos, mesmo os que não tinha feito. eu estava disposta, mas tu desapareceste por isso mesmo. é ingrato ser punido por dizer aquilo que sentimos, passamos que tempos à espera de ter o que dizer, e no momento em que isso acontece, devemos ficar calados que nem ratos para não assustar. acreditar assusta, arriscar assusta. ter a responsabilidade de cativar, já não faz crescer rosas no caminho.
fizeste-me acreditar depressa demais, mas deixaste-me cair antes que o meu sorriso encontrasse um cantinho confortável para se render. agora já não há palavras, já não há bonecos que as animem, já não há. já não tenho trocos, o meu jogo acabou.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011


"never say i like you

if you don't care.


never talk about feelings
if they are not there


never touch a life
if you mean to break a heart"

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Procuro o teu cheiro na camisa de noite,encontro-o.Procuro o teu olhar por trás do meu sorriso e estas por ali.Procuro as tuas mãos à volta da minha cintura e rodopio nelas.Procuro-te a ti e só te encontro na memória do meu corpo,do meu abraço e dos meus lábios.Ficaste por aqui algures de maneira a acomodares-te e não tenho força nem vontade de te pedir que vás andando. Não sei o que me deste nem que janela abriste,mas no meu peito está uma corrente de ar que me levanta os pés do caminho.E ando,parada à espera de nada e a sonhar com tudo.

Não me deixes,não te esqueças já de mim,que o tempo ainda não nos perdeu de vista.

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I search for your scent within my nightie, and I find it. I search your look behind my smile, and you're around. I search your hands around my waist and whirl on them. I search for you and can only find you in the memory of my body, of my embrace, of my kisses. You stayed here, somewhere, and somehow accommodated, and I don't have the strength or the will to ask you to leave. I don't know what you've given me nor which windows you've opened, but in my chest there's a wind gust that sweeps my feet off the way now. And so I walk, standing, waiting for nothing and dreaming about something. Don't leave me, don't forget me already, because time is still looking at us.