sexta-feira, 20 de abril de 2007

Há sempre vida a passar lá fora

A minha Lisboa amanhece ao som de autocarros que a cada minuto são mais frequentes. Aqui não consigo ter uma réstia de solidão. Quando rareiam à noite, passa sempre uma voz, uma conversa perdida entre duas portas ímpares.
Não me sinto sozinha, não me sinto abandonada, ainda não tive tempo em que me apeteceu fugir de casa para ver pessoas, só porque sim, porque estava cansada só de mim.
Aprendi a falar sozinha, com os móveis, com a televisão, ou com a roupa. Faço perguntas às quais respondo, num diálogo comigo que não me deixa amolecer por dentro.
Fico quieta, deitada no sofá, mas por dentro continuo a fervilhar de ideias, decisões, combinações e ausências.
Mas é o tempo que me deixa continuar a sonhar e a decidir chegar mais perto, e se não o fizer, nunca o saberei.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Dancing when the stars go blue

quero dançar contigo
quero virar a banda e a pista nos teus braços
quero encostar-me ao teu pescoço
e pensar que posso lá ficar

quero duas mãos para me agarrar
um sorriso para troçar
uma pisadela para me queixar
um beijo para evitar

quero virar a cara e cantar
quero olhar e ainda estares lá
para te poder fitar
para te poder largar

deixa-me chegar ao pé de ti
deixa-me olhar-te sem ter de fugir
ficar em ti, junto a ti
ficar nos teus braços sem tempo

fechar os olhos e sentir-me no teu peito
perder as forças e ficar no teu abraço
no teu beijo, no teu calor

no teu colo, na tua paz.