quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

Serei profissional do Prefácio

Tive finalmente outra boa ideia para trabalhar! Vou começar a escrever (uma coisa que estranhamente ninguém se lembrou). Lembrei-me de um género literário pouco trabalhado, ou pelo menos, não tão explorado como poderia. O prefácio. Não há livro que não o tenha, pois com certeza. E agora como os escritores também são como os actores, brotam que nem cogumelos, acho que era uma boa. Um género de prestação de serviços. Até porque a maioria dos prefácios dizem sempre o mesmo. Basta que sejam assinados por uma pessoa mais ou menos reconhecida para que o autor da publicação ache que é o máximo e que a história é um sucesso.
Frases como : “fulano é uma pessoa que além de muito humana é um ser extraordinário” ou “Este livro vem revelar ao público o que fulano durante todo este tempo reservou só aos mais próximos, a sua generosidade como pessoa, o seu saber estar e , acima de tudo, saber ser” ou até “Nestas páginas encontramos o seu EU mais profundo, que quando cercado pelas agruras que o mundo lhe impôs, soube sempre dignamente desenvencilha-se dos grilhões a que o mundo o amarrou” caiem sempre bem e servem para quase todos os autores.
Assim podiam criar-se umas minutas de prefácios, a utilizar nas diversas situações. Biografias, romances, esotéricos comerciais (estes sim, os mais modernos), policiais, etc, etc. Até porque já todos estamos fartos dos prefácios escritos pelos próprios dos autores, que nos tratam por “você o leitor”, quase nunca dizem bem deles próprios, relevando sempre a “actualidade do tema (seja ele qual for), os efeitos socioculturais, psicológicos e psicossomáticos que podem ter, numa sociedade cada vez mais influenciada por reacções comportamentais invulgares”.
Bem-haja autores e escritores, prefácios e conclusões.

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