terça-feira, 26 de setembro de 2006

A viagem como ela é

Quando uma pessoa viaja muda sempre um bocadinho. Quando uma mulher viaja além de mudar um bocadinho, é também como se tivesse a fazer uma mudança...de casa. Sendo assim, quando uma mulher viaja gosta, e normalmente faz questão, de levar algumas das coisas que fazem parte do seu dia-a-dia. Sem querer enumerar o extremo de levar uma ou duas molduras com fotografias da família mais chegada, ou do namorado recente, quando se viaja, seja para onde for, convém levar sempre alguns dos objectos que nos farão sentir em casa. Aquele top que adoramos e que todos dizem que nos fica lindamente, vai sempre, mesmo que o destino em causa implique temperaturas abaixo dos 10º, uma pessoa nunca sabe. Vai na volta há um jantar assim mais para o arranjadinho e ninguém quer perder os créditos da mulher portuguesa jeitosíssima, lá porque está fora. Irrita-me as mulheres, que lá porque estão fora do país e de sua casa, vestem roupinhas simples, práticas e confortáveis, não se produzem, e acham que ser turista implica sempre uma mochilinha e não uma mala como normalmente, e roupas desportivas, como se no estrangeiro se transformassem nas Rosas Mota da vida.
O biquini é outro, que, pelo sim, pelo não, vai sempre, mesmo no pico do Inverno, não vá o hotel, mesmo que de 2**, ter uma piscina interior aquecida ou um jacuzzi apetitoso.
Tudo isto para chegar a uma conclusão bem simples: não existem malas de viagem demasiado grandes. Posso até acrescentar esta premissa a uma frase célebre, “nunca se é magro demais, rico demais”...nem uma mala é grande demais. A mala de viagem tenha o tamanho que tiver, leva sempre tudo o que couber, havendo sempre um cantinho para um cinto ou para o carregador do telemóvel. Fechar uma mala tem por isso, um encanto e um receio, que me acompanha até ao momento em que no check-in fazem a sua pesagem.
Para fechar uma mala de viagem já tive de fazer pressão no tecto do quarto, equilibrando-me de pé em cima da mala por fechar na cama do quarto de hotel, para fechar uma mala já parti as dobradiças que unem as duas faces da mala rígida, valendo-me o facto de ter sido ainda em casa, antes da viagem de ida. A viagem começa no momento em que a mala é fechada, e durante o tempo todo até chegar ao destino há uma frase que me assombra de forma permanente: «Acho que me esqueci de alguma coisa!»

1 comentário:

Mariana disse...

simplesmente genial!
vai aos pormenores femininos mais cómicos. o top, o bikini, o cinto, o carregador do telemóvel, o não conseguir fechar a mala, o facto de a viagem começar no momento em que se fecha a mala, e o imortal 'acho que me esqueci de alguma coisa'!
ficam duas sugestões para futuros blogs sobre viagens ;) :
- a filosofia da arrumação da mala
- o tempo despendido: em cima da hora, ou por baixo desta? =D