domingo, 17 de janeiro de 2010

começar do 10

As frases de Ano Novo, os desejos de Ano Novo, as promessas de Ano Novo remetem-nos sempre para um novo começo, um reset, uma mudança, para que o ano seguinte, o que está a começar possa trazer um novo fôlego, novas ideias, novos projectos, novas conquistas, novas e mais e melhores concretizações.
Mas para tudo isto não preciso começar do 0 (zero), este ano quero começar do 10, quero começar exactamente do ponto onde deixei o antigo, o 9. E a partir daqui, sim, dar um novo impulso, recomeçar algumas coisas que deixei por acabar, começar novas e melhores, mais lúcidas e mais fortes.
Não quero começar de zero nenhum, não quero voltar atrás em nada e fazer qualquer coisa outra vez, não quero reviver, mesmo que de outra maneira, o que já passou. Quero começar daqui, com tudo o que já vi, já ouvi, já senti, já li e já escrevi. Pego na bagagem toda e ponho-a ao dispor do presente e do futuro, pego na minha história e desenvolvo-a sem os soluços de voltar a zeros que nunca chegam a sê-lo, porque fica sempre alguma coisa por limpar, por engavetar. Se eu levar tudo comigo já não tenho desculpa para não saber, posso apenas nem querer saber disso e ignorar os restos que já não me servem, o restos do que ainda me faz baixar a cabeça. Escolho carregar tudo, mesmo que para isso tenha excesso de bagagem, excesso de palavras, e com o passar dos dias ir arrumando tudo nas devidas gavetas. Quando não se arrumam as sobras do que vamos deixando de viver e sentir, nunca sabemos se estamos livres de voltar a tropeçar nelas.

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