Onde ficam os meus sonhos quando acordo de manhã? Quem os guarda até eu voltar a deitar-me, até voltar a chamar por eles? Os sonhos devem ser uma espécie de filhos independentes que durante o dia vão à vida deles e voltam já à noitinha, naquela última hora em que estamos sentados no sofá a olhar para ontem. Aí chegam eles, fresquinhos, como se não tivessem andado a palmilhar o dia inteiro, como se não ficassem hora a fio a olhar um computador e a desejar a hora de chegar a casa. Chegam para se deitarem connosco, para ocuparem algum lugar vazio, o lugar da companhia que não está, não chega, não o é.
Aninham-se em nós como se nunca tivessem saído dali, como se fosse um episódio com continuação, numa história que não acaba nunca, só mudam as personagens e os cenários.
Onde vão dormir os meus sonhos quando se levantam? Os sonhos esperam sempre que eu me deite, nunca lá estão quando eu chego, nunca adormecem à minha espera. Os sonhos chegam sempre a tempo, mesmo que não tenham relógio. Os sonhos não me deixam antes de acordar, e por vezes até são interrompidos abruptamente sem querer. Eles fazem-me rir, chorar, fazem-me estar onde nunca fui, fazem-me ser o que nunca pensei ser, ter o que nunca tive, ou tive mas não dei atenção, e principalmente, sentir o que não sinto quando estou acordada. Os sonhos mimam-me de tal maneira que chego a pensar que têm braços, que têm coração, que têm cinco sentidos como eu. Mas se têm tudo isto, onde se escondem durante todo o tempo que não estão comigo a fazer-me…sonhar?
terça-feira, 26 de maio de 2009
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