quinta-feira, 17 de julho de 2008

erro de calendário

Ao longo da nossa vida cruzamo-nos mais do que uma vez com pessoas que poderiam ficar na nossa vida para sempre, ou pelo menos até ao mês que vem. No entanto, pelas mais diversas razões, ou até sem razão nenhuma, desvanece-se o que parecia alinhado. Por falar muitas vezes, por falar poucas vezes, por não falar, por não ter tempo para encontros, por não ter cabeça para ir ao cinema, por não ter dinheiro para ir jantar fora, por não ter carro, e por ai adiante, o interesse vai-se diluindo e acabam por ficar apenas algumas recordações. Hoje, as relações precisam de toda uma conjuntura para que funcionem, ou pelo menos para que comecem. Se a vida não nos fizer cruzar por obrigação, por trabalho ou por acaso, e não nos fizer tropeçar constantemente na mesma pessoa, é muito provável que não seja oportuno, não haja tempo nem disposição, para mudar os nossos trajectos e encontrar algo que nem sabemos o que é, ou seja, mudar de rumo sem ter um objectivo. Os encontros parecem fazer mais vezes sentido se forem apenas por acaso, muito mais nos deixam a pensar, muito mais nos questionam, principalmente se se repetirem.
Numa outra altura, num outro lugar, uma outra pessoa, e tudo faria sentido, tudo parecia encaixar como desenhado de propósito. Há vezes em que tinha tudo para dar certo, mas não deu, nem certo nem errado, não deu nada. Porque não era agora, porque não era ali, porque não se estava disponível, porque ainda há alguém a povoar as ideias, porque daqui a nada se vai de férias, porque, porque, porque. Quinze dias depois liga-se e já tudo se apagou. Já não apetece. Mas agora é que era.

5 comentários:

Texto-Al disse...

que se pode dizer?

é a vida:)

Tiago

Anónimo disse...

Muito verdadeiro!!! Tens que escrever mais.

Unknown disse...

Provavelmente, isto acontece porque os relógios biológicos são Suiços... Teimam em ser imparciais, em não se comprometer com as questões. O segredo será ousar improvisar em matérias que vemos logo serem sérias, sem lhes dar logo toda a importância que justificam. Às vezes, é preciso ser inconsciente, porque a consciência tem a mania de ser ditadora. Digo eu...

Anónimo disse...

Parece-me que racionalizamos demasiado, como reza a Mafalda Veiga (e aqui perdoem-me a "citação" transmudada) - falta-nos a ousadia para chegar ao tal lugar onde só chega quem não tem medo de naufragar...

O confronto com o outro "desnudado" na alma, no corpo, implica o despojamento, o cair das máscaras que, por tanto as vestirmos parece se tornaram nossa segunda pele...

Luciana Cruz

Anónimo disse...

Todo esta feito de momentos, conseguir captar-lhes depende da manaira como estamos neles e sempre pensando de que no nos podemos arrepentir de coisas que não fizemos so de nada ter feito.

divagações do raio d'um espanhol