segunda-feira, 7 de julho de 2008

A responsabilidade do Tempo

Deixamos que o tempo resolva tudo, que o tempo nos dê respostas, nos faça ver as coisas de outra maneira, às vezes como elas são, às vezes como elas nos passaram ao lado, enquanto deixamos o tempo passar.
Deixamos que o tempo faça tirar as nódoas da roupa, as nódoas negras, o amachucado que não levou ferro. Damos ao tempo o poder de nos fazer esquecer um amor, de nos tirar as dores, as mazelas, as feridas. Tudo acaba por passar, com o tempo.
Será que há tempo para tudo isto? Será que temos tempo para deixar que seja o tempo a fazer tudo isto por nós?
Nós que vivemos a urgência do fazer, do ter, do querer, deixamos tudo isto longe das nossas mãos e tantas vezes longe da nossa vista, entregue assim, de mão beijada ao tempo?

1 comentário:

PRD disse...

O que eu gosto mesmo naquilo que escreve é esse despojamento, essa sinceridade, que ainda assim não dispensam a riqueza da construção e a estética das palavras (Uau, saiu-me bem a frase...). Por isso: escreva mais, escreva, escreva... (um dia destes até pensei num projecto que talvez fosse a sua cara... quem sabe...)
Bom, não sou admirador do homem, mas Saramago tinha alguma razão quando escreveu: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”. Às vezes, tantas vezes, à espera que o tempo “resolva” sentimos apenas que o perdemos. Ao tempo e ao que ele resolveria. Estou consigo. O tempo: conquistá-lo, perdê-lo, dá-lo por perdido. Ou fazer dele “o rio onde pescamos”...
Pedro