quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Uma questão de nome

No meu tempo, vá lá, no tempo em que as crianças ainda tinham dois nomes próprios, o nome Rita era muito vulgar. Tal como Ana, Inês, Sandra, Susana, Pedro, João, Miguel e por aí adiante. Maria era um nome feio e nenhuma rapariga o queria para segundo nome, quanto mais para primeiro. Todas as crianças tinha um segundo nome que normalmente ficava mal com o primeiro, com Pedro Alexandre, João Carlos, ou Miguel Ângelo, para não falar da Carla Alexandra, Sandra Cristina ou Luísa Margarida. Mas era considerado normal e no colégio as crianças eram conhecidas por esses dois nomes.
Hoje, mesmo que a criança ainda tenha três ou quatro anos, já é a Maria Gonçalves Pereira ou o Afonso Oliveira e Sá. Claro que facilita a distinção, já que uma boa percentagem das meninas se chama simplesmente Maria.
Maria passou também a ser um nome vulgar nos rapazes, embora sempre como segundo nome, pelo menos até aos dezoito anos!!
Até aqui tudo bem, são modas, são gerações diferentes, antes do meu tempo também todas as meninas tinham Maria como (quase) prefixo do nome. Ninguém as tratava sequer por Maria-qualquer-coisa, o Maria era totalmente simbólico e quase obrigatório, mas sempre em primeiro. O meu avô quis ser um erudito e tentou pôr Maria como segundo nome à minha mãe, mas o registo não autorizou e, como todas as outras, levou com o prefixo feminino Maria.
Tudo isto são nomes, têm fases, vão e voltam aos registos mais, ou menos, frequentemente.
Onde eu queria chegar era à publicidade, e questionar o facto de em qualquer spot que seja, tenha o target que tiver, há sempre uma Rita algures.
Eu tenho para mim que tudo começou quando a outra criancinha resolveu subir para cima da Marguerita, e a mãe mandava-a descer dali, que ainda arranjava um 31.
Hoje em dia, na rádio, televisão ou imprensa escrita leva com uma Rita escarrapachada. Seja a criancinha suja a quem a mãe "já explicou a importância de lavar as mãos", as chatas amigas do trrimm trrimm da tv cabo ou até, a Rita que já teve 240 de colestrol e, imaginem, a Rita e o Tiago em que um deles é incontinente e usa Lindor...mas ninguém percebe qual deles é!
Não acho isto normal!!! Vamos a uma qualquer lista de nomes portugueses, tipo lista telefónica, por exemplo, e há tantos nomes, tantos nomes, porquê senhores publicitários, andarem sempre com a Rita...na ponta da língua?!
Se ainda fosse ao contrário...as Ritas de certeza que agradeciam!!Bem-haja

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