segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Devolução

Haverá alguma maneira de fazer uma devolução de emoções?
Queria devolver várias. Devolver mesmo, para que voltem às prateleiras e alguém as possa levar para casa de novo.
Estão em bom estado, impecáveis, quase como novas, algumas delas acabadas de estrear. Não têm fotografias rasgadas nem discos partidos. Têm algumas músicas mais gastas de tanto ouvir, mas ainda tocam com a letra completa e intacta.Têm alguns filmes que não foram vistos, outros tirados do plástico da loja.
Estas emoções só tiveram um dono, mas não têm origem controlada nem garantia de durabilidade.
Têm colos quentinhos, chocolates e gomas, com prazo de validade acabado de ultrapassar. Não se aconselha, por isso, o seu consumo.
Devolvem-se intactas e embaladas em vácuo. Levam sorrisos, muitos sorrisos, e lágrimas, demasiadas, mas que podem ser usadas para outros fins.
Levam palavras bonitas e outras sem sentido, que ao misturar podem causar alguns efeitos secundários.
Estas emoções contêm ainda alguns presentes, algumas surpresas, mas tudo sem instruções de utilização.
Aguardo pretendentes à aquisição, que não carece de fiador. Garanto portes de envio.

sábado, 25 de agosto de 2007

Com um brilhozinho (turvo) nos olhos

"...corremos estores
pusemos a rádio no On
acendemos a já costumeira velinha de igreja
pusemos no Off o telefone

e olha, não dá pra contar
pois sei que tu sabes aquilo que sabes que eu sei"

é que hoje 'desfiz' um amigo
e coisa mais desgostosa no mundo não há.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Uma questão de nome

No meu tempo, vá lá, no tempo em que as crianças ainda tinham dois nomes próprios, o nome Rita era muito vulgar. Tal como Ana, Inês, Sandra, Susana, Pedro, João, Miguel e por aí adiante. Maria era um nome feio e nenhuma rapariga o queria para segundo nome, quanto mais para primeiro. Todas as crianças tinha um segundo nome que normalmente ficava mal com o primeiro, com Pedro Alexandre, João Carlos, ou Miguel Ângelo, para não falar da Carla Alexandra, Sandra Cristina ou Luísa Margarida. Mas era considerado normal e no colégio as crianças eram conhecidas por esses dois nomes.
Hoje, mesmo que a criança ainda tenha três ou quatro anos, já é a Maria Gonçalves Pereira ou o Afonso Oliveira e Sá. Claro que facilita a distinção, já que uma boa percentagem das meninas se chama simplesmente Maria.
Maria passou também a ser um nome vulgar nos rapazes, embora sempre como segundo nome, pelo menos até aos dezoito anos!!
Até aqui tudo bem, são modas, são gerações diferentes, antes do meu tempo também todas as meninas tinham Maria como (quase) prefixo do nome. Ninguém as tratava sequer por Maria-qualquer-coisa, o Maria era totalmente simbólico e quase obrigatório, mas sempre em primeiro. O meu avô quis ser um erudito e tentou pôr Maria como segundo nome à minha mãe, mas o registo não autorizou e, como todas as outras, levou com o prefixo feminino Maria.
Tudo isto são nomes, têm fases, vão e voltam aos registos mais, ou menos, frequentemente.
Onde eu queria chegar era à publicidade, e questionar o facto de em qualquer spot que seja, tenha o target que tiver, há sempre uma Rita algures.
Eu tenho para mim que tudo começou quando a outra criancinha resolveu subir para cima da Marguerita, e a mãe mandava-a descer dali, que ainda arranjava um 31.
Hoje em dia, na rádio, televisão ou imprensa escrita leva com uma Rita escarrapachada. Seja a criancinha suja a quem a mãe "já explicou a importância de lavar as mãos", as chatas amigas do trrimm trrimm da tv cabo ou até, a Rita que já teve 240 de colestrol e, imaginem, a Rita e o Tiago em que um deles é incontinente e usa Lindor...mas ninguém percebe qual deles é!
Não acho isto normal!!! Vamos a uma qualquer lista de nomes portugueses, tipo lista telefónica, por exemplo, e há tantos nomes, tantos nomes, porquê senhores publicitários, andarem sempre com a Rita...na ponta da língua?!
Se ainda fosse ao contrário...as Ritas de certeza que agradeciam!!Bem-haja

domingo, 12 de agosto de 2007

Um golo do Caneco!

Uma final, uma taça!
Ao fim de 24 jogos consecutivos sem perder, Paulo Bento faz levantar o caneco, o segundo do seu reinado do outro lado do banco, o lado que veste fato e gravata.
Ismailov, acabadinho de chegar de Marco de Canavezes, como o próprio nome indica, começou a sua carreira de leão ao peito, literalmente com o pé direito, num golaço daqueles que chegam aos clubes nos vídeos de promoção dos jogadores. Um golo literalmente do caneco!
É claro que não foi só uma Taça, foi um carago de uma Taça contra o Puorto, onde as vitórias são como "escovar os dentes"!
Dentistas nortenhos, abram alas, não para o Noddy, mas para as 63 cáries que vêm aí dos lados do Olival, que isto até até à próxima vitória ainda vai doer!!! Bem-haja e nada de chicletes!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Amiga é um termo dúbio

O envolvimento, a paixão, o amor, dê-se o nome que se quiser, nunca chega adiantado, nunca chega antes do tempo. E que tempo é esse?
É o tempo que precisamos para racional ou conscientemente chegar à conclusão que há uma pessoa (ou passou a haver) na nossa vida, que é diferente das outras aos nossos olhos, pelo menos num qualquer momento.
Para entrar nas coronárias de alguém é preciso muito, como mais ou menos tempo, mas muito. Muito que pode começar por tão pouco, por um aperto de mão mais demorado, com uma palavra dita na altura certa, um olhar cúmplice, ou um conjunto de abraços, discussões e colos que garantem o carinho, os olhos fechados num beijo, um cantinho reservado numa cama já quente.
Não há receitas, não há caminhos mais curtos ou soluções definitivas, não há ponteiros a atropelarem-se em relógios que nos dão sempre o mesmo tempo, embora por vezes pareça parado ou demasiado apressado. O tempo é o mesmo, hoje é hoje e amanhã logo se vê. É tão ténue a linha que nos liga ao fim.
Porque é que nem sempre aproveitamos ou contamos a história, mesmo que comece a meio do livro?