Quando aprendi a escrever tinhamos classificações da perfeição, ou não, da nossa letrinha. Se as desenhavamos bem ou não, se as juntavamos no lugar certo, se as localizavamos bem em relação às linhas do papel, preciosismos de quem ainda nem imaginava as teclas de um computador.
Nessa altura já se via que não iríamos ter todos a mesma letra, mas sempre houve uma tentativa de uniformizar a técnica.
Hoje em dia, é claro que ainda se aprende a escrever, a desenhar as letras, e tudo como dantes, mas cedo se chega às teclas do PC lá de casa para começar os primeiros trabalhos. É o príncipio da descaracterização do tipo de letra. Qualquer pessoa começa a querer copiar, à mão que seja, aquela letra que viu no computador. "No trabalho de geografia vou escrever em Arial bold italic, porque acho que fica mais legível".
Mais cedo ou mais tarde, nas escolas, cada vez mais cedo deixarão de escrever à mão, de ter gatafunhos nas bordas das páginas, com desenhos indecifráveis.Será que ainda saberão ler e escrever nessa altura?! Escrever penso que não, pelo menos da forma que João de Deus nos trouxe na cartilha, não terão provas de caligrafia, pois será só acrescentar fontes no PC, não terão erros porque o programa automaticamente corrigirá. Não vai haver canhotos a escrever!! Os médicos já não vão ter uma letra ilegível, ninguém tem desculpa para não perceber a letra de alguém, já não haverá gatafunhos, palavras riscadas ou apagadas e escritas por cima, letras disfarçadas, acentos na vertical para esconder a dúvida do grave ou agudo, bolinhas ou corações por cima dos i's, não vai haver nada disto. Ai que medo! Vou dar um beijinho à minha caneta.
Bem-haja.