A Vera já chegou. Com ela chegaram também os dias de praia, subiram o volume dos passarinhos e as flores estão mais receptivas.
É claro que a eterna estação do amor tinha de ter nome de mulher. Só uma fêmea para ter intenções tão românticas.
Mudam-se os roupeiros para o guarda-roupa mais fresquinho, as botas já só saem à rua depois do Sol posto, isto na versão optimista que já não acredita no "Abril, águas mil".
As praias já têm gente, embora a maioria continue vestida dos pés à cabeça. pois afinal "ainda" é Março e não interessa nada que estejam 26º. Ainda agora vão começar a dieta para chegar a Agosto com menos 3 kg, recuperados em quinze dias de férias repletos de bjecas, gelados e as inesgotáveis sandes de presunto na praia, que a coitada da senhora preparou em duas longas horas que roubou ao sono da mesma manhã. E já que o rapaz vai a passar...venha de lá essa boooolinha de Berlim com creme de ovo que ainda só está há 4 horas a passear ao Sol. Como não tenho troco, dê-me lá aí mais dois pasteis de feijão para o caminho.
Lisboa fica mais bonita na Primavera. Apesar de ser já uma cidade com muita luz, nesta altura parece mais brilhante, mais florida, mais colorida. As pessoas já andam menos de cabisbaixo, falam mais umas com as outras, sorriem mais, colaboram mais.
As esplanadas estão cheias de pessoas que preferem derreter de calor a mostrar a pele do corpo ainda muito branca. A relação dos portugueses com o Sol é muito semelhante à dos casais. No início é muito tímida e cuidadosa, mas logo que ganha confiança, é vê-los de papo para o ar, horas a fio, sem protector, sem chapéus e sem qualquer movimento mais dinâmico que o dos frangos no espeto. Nos casais também se passa o mesmo, em altura de caça, os predadores são cuidadosos, atenciosos e receosos, quando a presa já se encontra entredentes é vê-los a repousar, a relaxar as atenções, e nem vou falar da protecção.
Os homens ficam mais chatos na Primavera, deve ser das flores, do calor, do ar romântico das mulheres, do Euro2004, da crise económica, ou da nossa mania de arranjar razões para tudo.
A Primavera é a minha estação, deve ser por isso que gosto tanto dela.
Bem-haja.
domingo, 21 de março de 2004
domingo, 7 de março de 2004
Numa próxima já não haverá canhotos!
Quando aprendi a escrever tinhamos classificações da perfeição, ou não, da nossa letrinha. Se as desenhavamos bem ou não, se as juntavamos no lugar certo, se as localizavamos bem em relação às linhas do papel, preciosismos de quem ainda nem imaginava as teclas de um computador.
Nessa altura já se via que não iríamos ter todos a mesma letra, mas sempre houve uma tentativa de uniformizar a técnica.
Hoje em dia, é claro que ainda se aprende a escrever, a desenhar as letras, e tudo como dantes, mas cedo se chega às teclas do PC lá de casa para começar os primeiros trabalhos. É o príncipio da descaracterização do tipo de letra. Qualquer pessoa começa a querer copiar, à mão que seja, aquela letra que viu no computador. "No trabalho de geografia vou escrever em Arial bold italic, porque acho que fica mais legível".
Mais cedo ou mais tarde, nas escolas, cada vez mais cedo deixarão de escrever à mão, de ter gatafunhos nas bordas das páginas, com desenhos indecifráveis.Será que ainda saberão ler e escrever nessa altura?! Escrever penso que não, pelo menos da forma que João de Deus nos trouxe na cartilha, não terão provas de caligrafia, pois será só acrescentar fontes no PC, não terão erros porque o programa automaticamente corrigirá. Não vai haver canhotos a escrever!! Os médicos já não vão ter uma letra ilegível, ninguém tem desculpa para não perceber a letra de alguém, já não haverá gatafunhos, palavras riscadas ou apagadas e escritas por cima, letras disfarçadas, acentos na vertical para esconder a dúvida do grave ou agudo, bolinhas ou corações por cima dos i's, não vai haver nada disto. Ai que medo! Vou dar um beijinho à minha caneta.
Bem-haja.
Nessa altura já se via que não iríamos ter todos a mesma letra, mas sempre houve uma tentativa de uniformizar a técnica.
Hoje em dia, é claro que ainda se aprende a escrever, a desenhar as letras, e tudo como dantes, mas cedo se chega às teclas do PC lá de casa para começar os primeiros trabalhos. É o príncipio da descaracterização do tipo de letra. Qualquer pessoa começa a querer copiar, à mão que seja, aquela letra que viu no computador. "No trabalho de geografia vou escrever em Arial bold italic, porque acho que fica mais legível".
Mais cedo ou mais tarde, nas escolas, cada vez mais cedo deixarão de escrever à mão, de ter gatafunhos nas bordas das páginas, com desenhos indecifráveis.Será que ainda saberão ler e escrever nessa altura?! Escrever penso que não, pelo menos da forma que João de Deus nos trouxe na cartilha, não terão provas de caligrafia, pois será só acrescentar fontes no PC, não terão erros porque o programa automaticamente corrigirá. Não vai haver canhotos a escrever!! Os médicos já não vão ter uma letra ilegível, ninguém tem desculpa para não perceber a letra de alguém, já não haverá gatafunhos, palavras riscadas ou apagadas e escritas por cima, letras disfarçadas, acentos na vertical para esconder a dúvida do grave ou agudo, bolinhas ou corações por cima dos i's, não vai haver nada disto. Ai que medo! Vou dar um beijinho à minha caneta.
Bem-haja.
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