quarta-feira, 6 de agosto de 2003

Alvalade XXI inaugurou.

Alvalade XXI inaugurou.
Torna-se complicado explicar tudo isto a alguém que nunca viveu este tipo de alegrias, tristezas e todo um rol de emoções que se chegam a confundir. Desde que me lembro de existir que o Sporting faz parte da minha vida. Cresci a praticar desporto e aquele não foi o meu clube de praticante única e exclusivamente por razões geográficas ou logísticas. Há 25 anos atrás o Lumiar não tinha tantos acessos e eu do alto dos meus 4 anos ainda não tinha grande independência para me deslocar sozinha dentro da cidade. Desporto, exceptuando ginástica, sempre teve o mesmo nome para mim: SPORTING.
Desde cedo aprendi o significado de vestir a camisola e lutar, sofrer, sorrir e gritar pelas minhas cores. Desde cedo frequentei o estádio em alegres peregrinações com o meu pai, para sentir in loco o calor, o animo e adrenalina de um jogo ao vivo. Nessa altura, para mim, o estádio José de Alvalade era gigantesco e a ideia que tenho era de estar sempre cheio. A pista de atletismo era verde e não havia cadeiras de plástico, mas sim as bancadas em cimento, onde até há pouco tempo assentavam as cadeiras verdes. Para os 90 minutos serem mais confortáveis, usavam-se pequenas almofadas que se dobravam e tinham uma mola a fechar.
Recordo como uma das maiores alegrias desportivas que vivi até hoje, não contando com as pessoais, o dia em que o Sporting decidiu o Campeonato Nacional de 81/82. Mezaros era o nosso guarda-redes e saiu já em cuecas de campo, depois de uma pequena invasão de adeptos. Sporting 7 - Rio Ave 1. Jordão fazia as delícias dos adeptos nessa época com
os seus frequentes golos. Ainda bem que lá estive nessa altura, depois desse título foram 18 anos de jejum, com os quais ainda hoje não me conformo.
Formamos parte da equipa campeã mundial de juniores, formamos alguns dos, ainda hoje, melhores jogadores portugueses e do mundo. Por Alvalade passaram alguns dos maiores valores do desporto nacional que vai do Atletismo, ao Hóquei em patins, ao Andebol, passando pelo hipismo, ginástica e tantas outras que elevaram o nome do clube e do país aos patamares mais altos das classificações, aos pódiuns mais importantes deste mundo desportivo.
Por todos eles também a nossa bandeira cresceu, também o verde ficou mais vivo e tornou o Sporting um dos maiores clubes. Ontem, ao entrar no estádio ALVALADE XXI pela primeira vez, tudo isto me passou pela cabeça. As bancadas estavam vazias, o campo estava vazio. Não havia ainda artistas para o espectáculo que naquele palco só começaria dali
a 24h. A configuração nova do estádio dá a sensação de estarmos na bancada a abraçar o relvado, é tudo muito envolvente. Em alguns dos momentos iniciais não foi possível dizer quase nada. Fiquei só a sentir, só a assistir.
A energia que têm estes locais onde o mais importante são as emoções é inexplicável, mesmo que ainda não tenha sido estreado. Tenho pena de não assistir ao vivo à festa de inauguração, mas aqueles curtos momentos na véspera ajudaram a tornar menos penoso assistir pela televisão. Mas foi muito bonito na mesma. Arrepiei-me toda, os meus olhos quase transbordaram. Já são muitos anos a viver tudo isto. Muitas emoções.
Dulce Pontes cantou e encantou a abertura oficial, todos nós também temos um pouco dela na voz. Pelo menos daquelas palavras.
Não resta muito mais para dizer a quem não está no calor destes 52 mil lugares. O jogo com o Manchester United continua, mas este resultado pouco importa. Os jogos, as competições, os atletas, os dirigentes e empregados que realmente importaram têm muitos nomes, as mais diversas modalidades, secções e funções, os mais diferentes credos e cores, mas tiveram um só resultado: ALVALADE XXI, nasceu hoje para gáudio de todos aqueles que o sonharam.



P.S - É impossível explicar tudo isto a alguém que nunca esteve envolvido em algo do género. Peço desculpa.
E já agora...o SPORTING venceu o Manchester United por 3-1. PARABÉNS, começaram bem!