não somos nós que nos esquecemos com o tempo, é o tempo que nos vai esquecendo, é o tempo que deixa de nos perseguir com bocadinhos de memória que já queríamos ter deixado há muitas voltas dos ponteiros do relógio. por menos tempo que se tenha, sobra sempre tempo para lembrar o que se quer esquecer. a memória tem um bloco de notas onde há sempre espaço para mais um abraço que ficou por dar, um beijo que se perdeu porque já ia atrasada, uns dedos que deslizam pelo braço abaixo e se encaixam na mão que já os conhece de cor. ia-me despedir só por um tempo, mas o tempo não era o mesmo que o meu, aquele bloco tinha um esboço de um noite mal dormida e de um mimo enganador, ou não. perdemo-nos no tempo e em demasiadas palavras arriscadas, insinuantes e tantas vezes dúbias. histórias de que só os olhos sabem falar. a distância não corrige a pontuação, as palavras têm intenções que só um puxão delicado pela cintura sabe dar.
não há vagas num coração coberto de pele ainda tatuada pela memória de um toque.
não há vagas num abraço ocupado com o sonho de um enredo diferente. o regresso à primeira página do bloco de notas, onde tudo parecia fazer sentido, onde as letras eram desenhadas e o papel era branco, e não amarelecido de memórias desfasadas.
resta-me o tempo sim, que me prende às folhas, às letras penduradas que esperam formar palavras feitas à medida do que nunca foi nosso.
estou suspensa pelas pontas soltas que seguram a distância e a conversa de um olhar.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
sábado, 27 de agosto de 2011
game over. mesmo que não tenhas posto uma moeda, a bola continuava a subir e a descer, alimentavas, sei lá se à tua maneira, as tabelas que não deixavam a bola cair de vez. continuei a pôr moedas, continuei a acreditar que podia sorrir com cada uma das tuas palavras. sorria, foi tudo o que eu tive para manter viva a ideia de que existias, de que tinhas feito parte da minha vida a dada altura. ante...s da vida te ter atravessado no meu caminho eu já acreditava nisto de que o que a pele sente é, por vezes, mais importante que saber o número da porta de casa ou o nome do irmão mais novo. é a sensação de que nor tornamos numa ilha, de que podia tudo passar à volta sem darmos por isso, que não importa a bagagem que venha no porão do bilhete de identidade, para que só o teu olhar me convença a mudar os meus planos, mesmo os que não tinha feito. eu estava disposta, mas tu desapareceste por isso mesmo. é ingrato ser punido por dizer aquilo que sentimos, passamos que tempos à espera de ter o que dizer, e no momento em que isso acontece, devemos ficar calados que nem ratos para não assustar. acreditar assusta, arriscar assusta. ter a responsabilidade de cativar, já não faz crescer rosas no caminho.
fizeste-me acreditar depressa demais, mas deixaste-me cair antes que o meu sorriso encontrasse um cantinho confortável para se render. agora já não há palavras, já não há bonecos que as animem, já não há. já não tenho trocos, o meu jogo acabou.
fizeste-me acreditar depressa demais, mas deixaste-me cair antes que o meu sorriso encontrasse um cantinho confortável para se render. agora já não há palavras, já não há bonecos que as animem, já não há. já não tenho trocos, o meu jogo acabou.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Procuro o teu cheiro na camisa de noite,encontro-o.Procuro o teu olhar por trás do meu sorriso e estas por ali.Procuro as tuas mãos à volta da minha cintura e rodopio nelas.Procuro-te a ti e só te encontro na memória do meu corpo,do meu abraço e dos meus lábios.Ficaste por aqui algures de maneira a acomodares-te e não tenho força nem vontade de te pedir que vás andando. Não sei o que me deste nem que janela abriste,mas no meu peito está uma corrente de ar que me levanta os pés do caminho.E ando,parada à espera de nada e a sonhar com tudo.
Não me deixes,não te esqueças já de mim,que o tempo ainda não nos perdeu de vista.
_________
I search for your scent within my nightie, and I find it. I search your look behind my smile, and you're around. I search your hands around my waist and whirl on them. I search for you and can only find you in the memory of my body, of my embrace, of my kisses. You stayed here, somewhere, and somehow accommodated, and I don't have the strength or the will to ask you to leave. I don't know what you've given me nor which windows you've opened, but in my chest there's a wind gust that sweeps my feet off the way now. And so I walk, standing, waiting for nothing and dreaming about something. Don't leave me, don't forget me already, because time is still looking at us.
Não me deixes,não te esqueças já de mim,que o tempo ainda não nos perdeu de vista.
_________
I search for your scent within my nightie, and I find it. I search your look behind my smile, and you're around. I search your hands around my waist and whirl on them. I search for you and can only find you in the memory of my body, of my embrace, of my kisses. You stayed here, somewhere, and somehow accommodated, and I don't have the strength or the will to ask you to leave. I don't know what you've given me nor which windows you've opened, but in my chest there's a wind gust that sweeps my feet off the way now. And so I walk, standing, waiting for nothing and dreaming about something. Don't leave me, don't forget me already, because time is still looking at us.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
amor descontinuado
Um amor que é descontinuado não é um amor que acaba, é um amor que passou de moda, que se deixou de usar, que não foi renovado. Tal qual os modelos dos automóveis que descontinuam para aparecer no mercado uma versão nova, ou uma que a vem substituir. Com linhas mais modernas, funções que o anterior não tinha ou nem existiam na altura em que foi lançado. Assim é o amor descontinuado. Precisava de funções novas, de uns estofos mais confortáveis, de um motor mais forte. Alturas haverá em que nos lembramos dele, porque nunca nos deixou ficar mal, porque nunca foi preciso chamar o reboque, porque não tinha um risco, tinha idade é certo, mas estava tão bem conservado. Nessas alturas já não o temos, já foi vendido, já está a fazer as curvas de outras mãos, também elas sedentas de emoção, e afinal ele estava óptimo e o preço convencia qualquer um.
O amor descontinuado pode voltar a ser amor, pode voltar numa ou duas versões mais recentes, depois de ter estado nas mãos atentas de profissionais que sabem muito bem o que fazer para melhorar um modelo. Dão-lhe peças para fazer novas manobras, dão-lhe ideias para que todos os dias pareça diferente conduzi-lo. E conduzir um amor tem tanto que se lhe diga. Para conduzir um amor é preciso dois condutores que alternam na posição de co-piloto. Nenhum automóvel consegue ser conduzido por dois ao mesmo tempo, tal como também não sai do sítio se ambos forem a consultar o mapa. Nenhum amor continua se a ideia for ficar parado, assim como está, ainda que seja bom agora, daqui a um tempo já não vai ser, e é preciso manter o nível do óleo, conferir as pastilhas, regular as rotações.
Quando um amor descontinuado volta já nunca é o mesmo, há sempre alguém que aprendeu mais, viveu mais, aproveitou mais e principalmente, cresceu mais. O amor que é descontinuado pode voltar a ser bom, ou muito melhor, mas tem de haver um acerto de velocidades que é instantâneo ou morre ali. Normalmente só um dos condutores é que precisa de uma nova versão.
Um amor descontinuado, tal como um automóvel, precisa de revisão. Se for bem feita pode ficar aí para as curvas, senão, ficará sempre a ser em segunda mão, usado e gasto.
O amor descontinuado pode voltar a ser amor, pode voltar numa ou duas versões mais recentes, depois de ter estado nas mãos atentas de profissionais que sabem muito bem o que fazer para melhorar um modelo. Dão-lhe peças para fazer novas manobras, dão-lhe ideias para que todos os dias pareça diferente conduzi-lo. E conduzir um amor tem tanto que se lhe diga. Para conduzir um amor é preciso dois condutores que alternam na posição de co-piloto. Nenhum automóvel consegue ser conduzido por dois ao mesmo tempo, tal como também não sai do sítio se ambos forem a consultar o mapa. Nenhum amor continua se a ideia for ficar parado, assim como está, ainda que seja bom agora, daqui a um tempo já não vai ser, e é preciso manter o nível do óleo, conferir as pastilhas, regular as rotações.
Quando um amor descontinuado volta já nunca é o mesmo, há sempre alguém que aprendeu mais, viveu mais, aproveitou mais e principalmente, cresceu mais. O amor que é descontinuado pode voltar a ser bom, ou muito melhor, mas tem de haver um acerto de velocidades que é instantâneo ou morre ali. Normalmente só um dos condutores é que precisa de uma nova versão.
Um amor descontinuado, tal como um automóvel, precisa de revisão. Se for bem feita pode ficar aí para as curvas, senão, ficará sempre a ser em segunda mão, usado e gasto.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
ser a 2ª escolha
Não acredito no desprestígio de ser uma segunda escolha, de não ter sido o primeiro nome a sair da cartola, da tola, ou até da lista de contactos. O primeiro nome nem sempre é o mais acertado. Que atire a primeira pedra ou o que tiver à mão, quem acertou sempre nas primeiras escolhas que fez na vida. As primeiras calças de ganga nunca foram as preferidas, as namoradas ou namorados que estão no topo cronológico, desceram certamente ao fundo da tabela da qualidade. Para quê então esta sede de conseguir ter a primeira escolha? De nada servirá que tenha estado no cimo da lista no dia em que as derrotas chegarem, que chegam, chegam sempre, e nesse dia será o pior do mundo, como todos os outros que ficaram fora do pódio mais alto. De nada serve ter sido o primeiro quando se ganha, quando tudo corre bem vamos sempre ser os maiores e os mais competentes. O estatuto de primeiro acaba no dia que assina o contrato, a partir daí passa a ser o único e indiscutível...até ao dia.
No futebol como na vida, as teorias são as mesmas, o título de primeiro só fica na ficha, no coração, só fica quem lá está!
No futebol como na vida, as teorias são as mesmas, o título de primeiro só fica na ficha, no coração, só fica quem lá está!
terça-feira, 14 de setembro de 2010
e tu Luís Figo, quanto é que ganhas??
Porque é que já não fico surpreendida com as declarações de Luís Figo?!
Em Portugal ultimamente perdeu-se o pudor para se dizer o que se quer e se entende, possa isso ser mais ou menos ofensivo seja para quem for, ou até para o país em geral. Já se fala de toda a gente, já se dizem nomes displicentemente, como se uma frase fora do contexto ou até sem ele, não pudesse arruinar uma carreira, uma família ou pelo menos uma cabeça.
O futebol é apenas um espelho do que à nossa volta se repete todos os dias. Já se fazem renuncias à Selecção Nacional, e perguntamos nós, onde é que isto já se viu? Onde é que um jogador ainda em plena forma, titular do seu clube, se dá ao luxo, ou deverei dizer desplante, de renunciar envergar o emblema do seu país? Onde é que chegámos? Perdeu-se o respeito e a moral, o valor de uma bandeira, que dizem (e parece que sim), muito custou a conquistar. Perdeu-se o respeito pelo próximo, seja ele culpado, suspeito ou apenas mais um nome para baralhar e tirar algum peso dos ombros de quem o faz.
Em Portugal hoje confunde-se liberdade de expressão com liberdade de cabrão - desculpem o meu léxico vulgar - para fazerem valer as ideias, fracas e sem defesa. Não sendo defensora da exaltação do Passado para justificar a falta de Presente, sou absolutamente fundamentalista no que toca à Gratidão. Eles esquecem-se tantas vezes disso que chega a doer, mas isto sou eu a dizer...
Em Portugal ultimamente perdeu-se o pudor para se dizer o que se quer e se entende, possa isso ser mais ou menos ofensivo seja para quem for, ou até para o país em geral. Já se fala de toda a gente, já se dizem nomes displicentemente, como se uma frase fora do contexto ou até sem ele, não pudesse arruinar uma carreira, uma família ou pelo menos uma cabeça.
O futebol é apenas um espelho do que à nossa volta se repete todos os dias. Já se fazem renuncias à Selecção Nacional, e perguntamos nós, onde é que isto já se viu? Onde é que um jogador ainda em plena forma, titular do seu clube, se dá ao luxo, ou deverei dizer desplante, de renunciar envergar o emblema do seu país? Onde é que chegámos? Perdeu-se o respeito e a moral, o valor de uma bandeira, que dizem (e parece que sim), muito custou a conquistar. Perdeu-se o respeito pelo próximo, seja ele culpado, suspeito ou apenas mais um nome para baralhar e tirar algum peso dos ombros de quem o faz.
Em Portugal hoje confunde-se liberdade de expressão com liberdade de cabrão - desculpem o meu léxico vulgar - para fazerem valer as ideias, fracas e sem defesa. Não sendo defensora da exaltação do Passado para justificar a falta de Presente, sou absolutamente fundamentalista no que toca à Gratidão. Eles esquecem-se tantas vezes disso que chega a doer, mas isto sou eu a dizer...
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
5 dólares, a propósito da imagem de Danny Lyon.
photo: Danny Lyon
Chegavas sempre atrasado, mas eu esperava-te à hora marcada como se acreditasse que um dia o destino te empurrasse mais depressa. Nunca empurrou. Dias houve que nem chegaste e eu ali. Ficava até a noite cair, até que alguém me perguntasse se precisava de ajuda, até decorar a silhueta dos prédios à volta. Nunca te esqueci. Os caminhos continuam a ser os mesmos, a dor continua a ser a mesma, o sonho de te ver a descer a rua na tua carrinha castanha já desbotada permanece como se fosse um filme visto e revisto.
Sempre me arranjei melhor para ir ter contigo, fazia questão que me olhasses como olhavas as mulheres que saem nas revistas, belas e com um ar feliz, como se nada na vida delas merecesse um esmorecer de um sorriso. Quando ia ter contigo todos os problemas desapareciam, gostava que visses em mim uma maneira de esquecer o teu dia, sujo e cheio de pessoas que não vão deixar história. Tu eras diferente, tu tinhas-me a mim, tu não precisavas do bar para chegar ao final de cada dia, não precisavas de desabafar com estranhos, tu tinhas-me a mim, e ainda assim quase não falavas. Conheci-te melhor pelo teu silêncio que por qualquer palavra que tenhas dito.
Quando fazíamos amor no banco da tua carrinha nunca tinhas pressa, rias-te, era a única altura em que te via sorrir de uma maneira que parecia verdadeira. Acho que eras tímido, quando ficávamos em minha casa, quase nem falavas depois de fumares, vestias-te e deixavas-me 5 dólares em cima da mesa para ir de táxi para o trabalho nesse dia.
Tenho medo de te esquecer, medo que se apague o que senti por ti, o que ainda sinto. Medo que outro homem me roube a alma e o corpo, e limpe os vestígios de ti para sempre. Tenho medo de poder ser feliz. Tenho medo porque nunca o fui.
Eu era tua, tu nunca foste meu.
Chegavas sempre atrasado, mas eu esperava-te à hora marcada como se acreditasse que um dia o destino te empurrasse mais depressa. Nunca empurrou. Dias houve que nem chegaste e eu ali. Ficava até a noite cair, até que alguém me perguntasse se precisava de ajuda, até decorar a silhueta dos prédios à volta. Nunca te esqueci. Os caminhos continuam a ser os mesmos, a dor continua a ser a mesma, o sonho de te ver a descer a rua na tua carrinha castanha já desbotada permanece como se fosse um filme visto e revisto.
Sempre me arranjei melhor para ir ter contigo, fazia questão que me olhasses como olhavas as mulheres que saem nas revistas, belas e com um ar feliz, como se nada na vida delas merecesse um esmorecer de um sorriso. Quando ia ter contigo todos os problemas desapareciam, gostava que visses em mim uma maneira de esquecer o teu dia, sujo e cheio de pessoas que não vão deixar história. Tu eras diferente, tu tinhas-me a mim, tu não precisavas do bar para chegar ao final de cada dia, não precisavas de desabafar com estranhos, tu tinhas-me a mim, e ainda assim quase não falavas. Conheci-te melhor pelo teu silêncio que por qualquer palavra que tenhas dito.
Quando fazíamos amor no banco da tua carrinha nunca tinhas pressa, rias-te, era a única altura em que te via sorrir de uma maneira que parecia verdadeira. Acho que eras tímido, quando ficávamos em minha casa, quase nem falavas depois de fumares, vestias-te e deixavas-me 5 dólares em cima da mesa para ir de táxi para o trabalho nesse dia.
Tenho medo de te esquecer, medo que se apague o que senti por ti, o que ainda sinto. Medo que outro homem me roube a alma e o corpo, e limpe os vestígios de ti para sempre. Tenho medo de poder ser feliz. Tenho medo porque nunca o fui.
Eu era tua, tu nunca foste meu.
sábado, 28 de agosto de 2010
o fim ou então não
Há vezes em que não se dá pelo fim. Há vezes que rezamos todos os dias e todos os minutos por ele, que é precisamente quando ele mais tarda. Há outras ainda em que demora tanto que , quando chega, já varremos o terreiro e o que restou não chega para acender o Inverno que entretanto se impôs antecipado. Mas há vezes em que o fim não acaba, é um fim com avesso, avesso esse sem ponto final, sem exclamação, e se conseguirmos, sem interrogação. Há fins que só têm reticências, há fins que são curvas e alguns têm dois sentidos. O fim com avesso tem cheiro, tem cores, tem sorrisos encolhidos e palavras atiradas ao Deus dará. O fim com avesso tem esperança, mas vive em contramão. Conheci fins que tiveram chamadas desligadas na cara, portas a bater e cd’s e livros por devolver. Conheci outros que não tiveram palavras, porque nem delas precisavam. Conheci fins que levaram lágrimas, gritos de incompreensão, pedidos de socorro aos mais próximos e passeios à beira-rio com óculos escuros. Conheci fins que não deixaram cheiro algum na almofada, ou já não apeteceu ir confirmar se deixaram ou não, e este é um tipo de fim em descanso, sem raiva, sem medo, é o fim que vem do coração, que vem do sítio (seja ele qual for) onde se guarda a mágoa, a dor, e tudo o mais que nos consome. É também o fim que não deixa grande coisa, tal como grande coisa não terá levado.
O fim, por si só, não nos consome, o que nos gasta é o que ele não leva, o que fica atravessado por fazer, por dizer, por sentir. Gásta-nos a ausência de amanhã, o mês que vem que já estará fresco e já não apetece tanto dormir destapado. Gasta-nos o sonho que ficou, o cheiro que persiste depois das lavagens a quente. E isto não deixa de ser um fim, mas dos que ainda não acabaram.
Gosto dos fins que acabam, das pontas que se uniram e foram à vida delas, de deixar de construir frases começadas por Se, de ver a Terra a girar sob outro propósito, de gavetas despejadas ou muito bem arrumadas que não se abrirão antes da próxima mudança de casa.
Gosto de fins com um carinho que não vai ter ao mesmo sítio onde um dia morreu a dor, ou onde chegou a viver a esperança. Gosto dos fins quando já têm sorrisos e abraços, mas não passam a ser cegos e não deixam de ter História, e ainda assim convivem todos.
Os outros fins não fazem fila, não entram nas agendas nem em listas de convidados. Não importam, e não importar é muito pior que doer.
Gosto de fins, mas só dos que acabam. Mesmo.
O fim, por si só, não nos consome, o que nos gasta é o que ele não leva, o que fica atravessado por fazer, por dizer, por sentir. Gásta-nos a ausência de amanhã, o mês que vem que já estará fresco e já não apetece tanto dormir destapado. Gasta-nos o sonho que ficou, o cheiro que persiste depois das lavagens a quente. E isto não deixa de ser um fim, mas dos que ainda não acabaram.
Gosto dos fins que acabam, das pontas que se uniram e foram à vida delas, de deixar de construir frases começadas por Se, de ver a Terra a girar sob outro propósito, de gavetas despejadas ou muito bem arrumadas que não se abrirão antes da próxima mudança de casa.
Gosto de fins com um carinho que não vai ter ao mesmo sítio onde um dia morreu a dor, ou onde chegou a viver a esperança. Gosto dos fins quando já têm sorrisos e abraços, mas não passam a ser cegos e não deixam de ter História, e ainda assim convivem todos.
Os outros fins não fazem fila, não entram nas agendas nem em listas de convidados. Não importam, e não importar é muito pior que doer.
Gosto de fins, mas só dos que acabam. Mesmo.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
desilusão
Há muitas maneiras e razões para nos deixarmos de dar com alguém, há muitas desculpas até, mas nenhuma tão triste como a desilusão. Ser desiludido por alguém é perder o interesse, perder o brilho, deixar de ter alguma coisa contra e muito menos a favor. A desilusão é deixar de ter alguma coisa, é ter nada, quando ainda há pouco podíamos ter tudo. Ser desiludido é pior que ser traído, pior que ser enganado, pior que ser maltratado. Desilusão é perder o respeito, a admiração, o carinho, a atenção. É a pior das tristezas, a pior das dores que já nem dói, a pior das sensações.
Só se desilude quem se ilude, sim, mas que melhor forma há para sonhar, que melhor forma há de pensar o que sentimos por alguém?!
Desilusão é já não querer saber, não me importar, não ligar nem me lembrar. É triste, mas é verdade, desilusão é a pior agressão que já nem marca deixa. Já não mexe com nenhuma emoção, já não faz pensar onde estará ou com quem estará, se volta ou fica por lá, se liga ou responde, se faz, diz ou aparece. Desilusão não é não querer, é não me importar de saber, é afastar-me o suficiente para ver, para avaliar, para perceber, para escolher.
A desilusão não tem raiva, não tem orgulho, não volta as costas. A desilusão desgasta, gasta, consome. A desilusão mata, faz vítimas e sobreviventes, mas o que fica torna-nos sempre mais fortes.
Só se desilude quem se ilude, sim, mas que melhor forma há para sonhar, que melhor forma há de pensar o que sentimos por alguém?!
Desilusão é já não querer saber, não me importar, não ligar nem me lembrar. É triste, mas é verdade, desilusão é a pior agressão que já nem marca deixa. Já não mexe com nenhuma emoção, já não faz pensar onde estará ou com quem estará, se volta ou fica por lá, se liga ou responde, se faz, diz ou aparece. Desilusão não é não querer, é não me importar de saber, é afastar-me o suficiente para ver, para avaliar, para perceber, para escolher.
A desilusão não tem raiva, não tem orgulho, não volta as costas. A desilusão desgasta, gasta, consome. A desilusão mata, faz vítimas e sobreviventes, mas o que fica torna-nos sempre mais fortes.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
someone's watching
Tive um arrepio, tive a sensação que alguém me andou a espiar há alguns meses. É assustador ter a sensação que alguém pode estar a assistir a tudo, tirando Deus e todas as Divindades, que já se sabe "Andam por aí", só me lembro de Santana Lopes dizer o mesmo...humm, mas não acredito que seja ele!! Mas a sensação é esquisita, e embora saiba que claro não precisam de assistir, no mínimo é curioso tirarem-nos palavras da boca ou das teclas.
Resta-me a ideia de que é uma situação vulgar, já há filmes, livros, músicas, citações, séries, documentários, and so on...sobre o assunto.
É vulgar sim, corriqueiro até, mas não deixa de doer, não deixa de arranhar a estima, a nossa e a dos outros, não deixa de ensopar as mangas com sal, e para consolo apenas a esperança de que tudo passa...e passa, passa de validade.
As lágrimas quando passam do prazo também ficam verdes e secas, mas ficam agarradas ao coração para que aprendamos com elas.
Resta-me a ideia de que é uma situação vulgar, já há filmes, livros, músicas, citações, séries, documentários, and so on...sobre o assunto.
É vulgar sim, corriqueiro até, mas não deixa de doer, não deixa de arranhar a estima, a nossa e a dos outros, não deixa de ensopar as mangas com sal, e para consolo apenas a esperança de que tudo passa...e passa, passa de validade.
As lágrimas quando passam do prazo também ficam verdes e secas, mas ficam agarradas ao coração para que aprendamos com elas.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
utopia
A maior mágoa é sermos esquecidos, é pensar que não deixámos nada, nenhuma marca, nem uma palavra. Pensar que tudo o que fizemos só valeu enquanto durou, que cada surpresa se ficou pelo próprio instante. Gostava que me lembrassem na medida do que vou deixando, porque todos deixamos algo, todos levamos algo, mas nem sempre (ou quase nunca) na mesma proporção. É uma questão de medida, uma questão de vez, como nos cruzamentos, quando um carro avança, um outro pára, e no próximo será ao contrário, as probabilidades de chegarmos a um cruzamento vindos da esquerda ou da direita, são praticamente as mesmas, e assim é uma questão de vez. Para dar a uns tem de tirar a outros, como em tudo na vida.
Gostava de desenhar um sorriso em cada pessoa que cruzou a minha vida, e fazê-las sorrir sempre que me lembrassem. É utópico sim, mas é uma utopia fofinha.
Gostava de desenhar um sorriso em cada pessoa que cruzou a minha vida, e fazê-las sorrir sempre que me lembrassem. É utópico sim, mas é uma utopia fofinha.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
afinal
- não tens nada para me contar?
- não, porque perguntas isso?
- só perguntei, se não tens deixa...
- quem é que te contou?
- não, porque perguntas isso?
- só perguntei, se não tens deixa...
- quem é que te contou?
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
domingo, 31 de janeiro de 2010
desfocado
Estou farta de sorrisos desfocados, daqueles que não enchem um rosto e muito menos a alma. Quero ter um sorriso de orelha a orelha e que dê pelo menos mais uma volta, daqueles que não desmancham, daqueles que nem damos por eles. Quero um sorriso novo, daqueles sem horas, dos que tiram o sono, dos que limpam a alma e tiram o pó do coração. Quero um sorriso daqueles que se vêem bem mesmo que de longe, dos que não precisam de perguntas e muito menos de respostas, dos que não fogem, dos que não tropeçam. Quero um sorriso que não precise de legendas, que não precise de mostrar os dentes, que dure mais que dois segundos, que não faça género, que não seja um reflexo. Quero um sorriso que esteja ali sem que eu faça nada, sem avisos, sem lembretes, sem agenda. Quero um sorriso que vá para fora de pé, que atenda o telefone, que saiba voar. Quero um sorriso sem neblina, sem vento, com autofocus.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
detergente
Tenho o quarto desarrumado há mais de 6 dias, tenho a cabeça desarrumada há mais de 6 meses. Em 10 minutos o quarto ficará arrumado (quando um destes dias realmente o fizer), já na cabeça, sei que 10 dias, e se calhar 10 meses, não serão suficientes para arrumar e fechar todas as gavetas. É tudo mais ou menos proporcional, uma questão de peças que ponho para lavar e arrumar, outras que se estragaram e se deitam fora, outras ainda que nunca me serviram. As questões são as mesmas, só muda o detergente.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
domingo, 17 de janeiro de 2010
começar do 10
As frases de Ano Novo, os desejos de Ano Novo, as promessas de Ano Novo remetem-nos sempre para um novo começo, um reset, uma mudança, para que o ano seguinte, o que está a começar possa trazer um novo fôlego, novas ideias, novos projectos, novas conquistas, novas e mais e melhores concretizações.
Mas para tudo isto não preciso começar do 0 (zero), este ano quero começar do 10, quero começar exactamente do ponto onde deixei o antigo, o 9. E a partir daqui, sim, dar um novo impulso, recomeçar algumas coisas que deixei por acabar, começar novas e melhores, mais lúcidas e mais fortes.
Não quero começar de zero nenhum, não quero voltar atrás em nada e fazer qualquer coisa outra vez, não quero reviver, mesmo que de outra maneira, o que já passou. Quero começar daqui, com tudo o que já vi, já ouvi, já senti, já li e já escrevi. Pego na bagagem toda e ponho-a ao dispor do presente e do futuro, pego na minha história e desenvolvo-a sem os soluços de voltar a zeros que nunca chegam a sê-lo, porque fica sempre alguma coisa por limpar, por engavetar. Se eu levar tudo comigo já não tenho desculpa para não saber, posso apenas nem querer saber disso e ignorar os restos que já não me servem, o restos do que ainda me faz baixar a cabeça. Escolho carregar tudo, mesmo que para isso tenha excesso de bagagem, excesso de palavras, e com o passar dos dias ir arrumando tudo nas devidas gavetas. Quando não se arrumam as sobras do que vamos deixando de viver e sentir, nunca sabemos se estamos livres de voltar a tropeçar nelas.
Mas para tudo isto não preciso começar do 0 (zero), este ano quero começar do 10, quero começar exactamente do ponto onde deixei o antigo, o 9. E a partir daqui, sim, dar um novo impulso, recomeçar algumas coisas que deixei por acabar, começar novas e melhores, mais lúcidas e mais fortes.
Não quero começar de zero nenhum, não quero voltar atrás em nada e fazer qualquer coisa outra vez, não quero reviver, mesmo que de outra maneira, o que já passou. Quero começar daqui, com tudo o que já vi, já ouvi, já senti, já li e já escrevi. Pego na bagagem toda e ponho-a ao dispor do presente e do futuro, pego na minha história e desenvolvo-a sem os soluços de voltar a zeros que nunca chegam a sê-lo, porque fica sempre alguma coisa por limpar, por engavetar. Se eu levar tudo comigo já não tenho desculpa para não saber, posso apenas nem querer saber disso e ignorar os restos que já não me servem, o restos do que ainda me faz baixar a cabeça. Escolho carregar tudo, mesmo que para isso tenha excesso de bagagem, excesso de palavras, e com o passar dos dias ir arrumando tudo nas devidas gavetas. Quando não se arrumam as sobras do que vamos deixando de viver e sentir, nunca sabemos se estamos livres de voltar a tropeçar nelas.
sábado, 16 de janeiro de 2010
on my mind #7
O não existir em português uma tradução como deve ser para careless, não é sinónimo que não exista em Portugal, antes pelo contrário.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
nada chega
Há noites em que não chegam todos os chocolates do mundo para afastar o frio que por dentro gela. Queima as ideias, como se de colheitas se tratasse, faz encolher os ombros e a vontade, faz enrijecer as articulações e perder o equilíbrio. O frio deste género não mata, mas mói que se farta. Porque já choveu, porque já arrefeceu, porque já se gastaram os agasalhos e os aquecedores vão perdendo o gás.
Apetece desatar a correr para aquecer, fugir daqui para fora e só parar num abraço, ainda que morno.
Já não chega o calor que a memória guardou, já não chega a temperatura que os sonhos escondem em embalagens herméticas a utilizar em casos de emergência. Já não chega.
Não há gomas, alperces secos, pipocas ou batatas fritas que arrastem este inverno daqui.
Apetece desatar a correr para aquecer, fugir daqui para fora e só parar num abraço, ainda que morno.
Já não chega o calor que a memória guardou, já não chega a temperatura que os sonhos escondem em embalagens herméticas a utilizar em casos de emergência. Já não chega.
Não há gomas, alperces secos, pipocas ou batatas fritas que arrastem este inverno daqui.
losing skills
"And I'm shaking then I'm still
When your eyes meet mine
I lose simple skills
Like to tell you all I want is now"
Snow Patrol, 2008
When your eyes meet mine
I lose simple skills
Like to tell you all I want is now"
Snow Patrol, 2008
domingo, 13 de dezembro de 2009
ai fado, ai fado
"People tell me it's a sin
To know and feel too much within.
I still believe she was my twin, but I lost the ring.
She was born in spring, but I was born too late
Blame it on a simple twist of fate."
Bob Dylan, 1974
To know and feel too much within.
I still believe she was my twin, but I lost the ring.
She was born in spring, but I was born too late
Blame it on a simple twist of fate."
Bob Dylan, 1974
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
onde?
para onde se vai quando de cai de um sonho abaixo? Quem apanha os restos? Quem os vai entregar ao familiar mais próximo?
Quando os sonhos acabam e vão lá para onde os sonhos moram, fica sempre alguma coisa esquecida, tal como num quarto de hotel, onde sobra sempre uma meia, uma escova ou uma camisa de dormir, perdidos em locais que a mala de viagem não arrecadou e deixa como rasto do que se viveu ali.
Também nos sonhos é assim, o que resta é o que guardamos, o que recordamos. Por vezes as partes boas, outras vezes as más, depende da maneira como terminam os sonhos e chegam as realidades cruas. Depende da velocidade com que caímos dali abaixo. A voar ou aos trambolhões, cair implica quase sempre descer, mesmo que se volte a subir de seguida, para não ganhar medo. O medo que nos afasta de tentar, tentar de novo ou tentar outra vez, mesmo que magoados, mesmo que doridos ou muito sofridos. O medo que nos impede de arriscar, de poder cair outra vez, mas de outra maneira. O medo que não nos deixa aprender e voltar subir, voltar a sonhar.
Quando os sonhos acabam e vão lá para onde os sonhos moram, fica sempre alguma coisa esquecida, tal como num quarto de hotel, onde sobra sempre uma meia, uma escova ou uma camisa de dormir, perdidos em locais que a mala de viagem não arrecadou e deixa como rasto do que se viveu ali.
Também nos sonhos é assim, o que resta é o que guardamos, o que recordamos. Por vezes as partes boas, outras vezes as más, depende da maneira como terminam os sonhos e chegam as realidades cruas. Depende da velocidade com que caímos dali abaixo. A voar ou aos trambolhões, cair implica quase sempre descer, mesmo que se volte a subir de seguida, para não ganhar medo. O medo que nos afasta de tentar, tentar de novo ou tentar outra vez, mesmo que magoados, mesmo que doridos ou muito sofridos. O medo que nos impede de arriscar, de poder cair outra vez, mas de outra maneira. O medo que não nos deixa aprender e voltar subir, voltar a sonhar.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
regatear
Encontrei algo que me pertencia, algo que já senti, algo que já foi meu. Como posso eu pedi-lo de volta, como posso eu provar que já foi meu, que já senti, que o perdi nem sei bem porquê?! Como posso apresentar provas de que há coisas que me saíram bem do fundo, do mais longe que conheço de mim?!
Não posso, posso apenas implorar, dizer que conheço alguns sinais e marcas de vacinas, ou até cicatrizes que deixaram marcas onde o tempo não passou. Posso dizer que te sinto, que os meus braços e o meu coração anunciam a tua chegada, mesmo antes de apareceres, que se fosse um cão, abanava a cauda, que a minha pele se arrepia com a lembrança do teu nome.
Quero voltar à casa partida, e mesmo sem ganhar dois contos, ir directa para a prisão onde te encontrarei e de onde não vou desejar sair até que respires o mesmo ar do que eu. Tenho ar a mais à minha volta, tanto ar que me sinto sufocada.
Não posso, posso apenas implorar, dizer que conheço alguns sinais e marcas de vacinas, ou até cicatrizes que deixaram marcas onde o tempo não passou. Posso dizer que te sinto, que os meus braços e o meu coração anunciam a tua chegada, mesmo antes de apareceres, que se fosse um cão, abanava a cauda, que a minha pele se arrepia com a lembrança do teu nome.
Quero voltar à casa partida, e mesmo sem ganhar dois contos, ir directa para a prisão onde te encontrarei e de onde não vou desejar sair até que respires o mesmo ar do que eu. Tenho ar a mais à minha volta, tanto ar que me sinto sufocada.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
dão-se alvíssaras
Não sei que fazer com o que sobra das emoções que tive de ir deixando pelo caminho ao longo dos tempos. Sobraram-me alguns bocadinhos de sorrisos atrevidos, sorrisos espontâneos e tantas vezes inconscientes, daqueles que se pregam à cara sem darmos por isso e só nos largam ao cair da primeira lágrima, que leva no caminho descendente até ao queixo, o sorriso que nos lábios morava.
Guardei os restos de abraços que ficaram por dar, ou de alguns apertados a correr, como se o tempo não chegasse para mais ou houvesse alguém entre nós . Tenho uma embalagem de carinhos que não cheguei a dar, mãos que não cheguei a apertar, orelhas em que não mexi e até lábios que não beijei o suficiente, ou tanto quanto queria. Também tenho beijos que dei, mas que queria devolver, que não me faziam falta, que dei por dar, porque estava ali, tal como quando compramos uns sapatos e sabemos à partida que dificilmente vamos voltar a usar e que, mais dificilmente ainda, nos iriam fazer felizes.
Restam-me ainda alguns olhares comprometedores, desviados um segundo antes de serem flagrados, mais uns quantos, gastos de tanto serem usados, de tanto permanecerem em cena.
No entanto há muitas outras coisas que gostava de recuperar, coisas que fui deixando por aí e não consegui guardar nem os restos. Às vezes por querer fugir, outras por ficar tempo demais e perder o rasto ao que, depressa demais, ia passando à minha volta.
Gostava de ser racional com as emoções, como sou com o economato, e ter tudo guardado e organizado, mas há restos que foram ficando sempre em gavetas erradas, há coisas que tive de deixar a meio, no inicio ou até antes mesmo de começarem, e nessas alturas não há disposição para catalogar, para arquivar como deve ser o que sobra. E agora reconheço que algumas delas me faziam falta, e queria encontrá-las algures no mercado negro, em segunda mão, que seja.
Alguns cheiros que me remetem para longe, que me fazem fechar os olhos de prazer e lembrança, numa tentativa de os trazer para perto de mim outra vez, um ou outro par de pés quentes, que me fazem lembrar que o Inverno está mesmo a chegar e que isto de dormir destapada a noite inteira, ainda assim, chegou a meados de Outubro.
Era bom que alguém me encontrasse tudo isto, que estará algures entre Portugal e o resto do mundo, algures entre o chão e a nuvem mais próxima. Alguém que me fizesse lembrar o que as palavras nunca dizem, o que os braços não agarram, mas que o coração dificilmente esquece. Porque quando alguém tem de sair mais cedo, normalmente não assiste ao melhor da festa.
Guardei os restos de abraços que ficaram por dar, ou de alguns apertados a correr, como se o tempo não chegasse para mais ou houvesse alguém entre nós . Tenho uma embalagem de carinhos que não cheguei a dar, mãos que não cheguei a apertar, orelhas em que não mexi e até lábios que não beijei o suficiente, ou tanto quanto queria. Também tenho beijos que dei, mas que queria devolver, que não me faziam falta, que dei por dar, porque estava ali, tal como quando compramos uns sapatos e sabemos à partida que dificilmente vamos voltar a usar e que, mais dificilmente ainda, nos iriam fazer felizes.
Restam-me ainda alguns olhares comprometedores, desviados um segundo antes de serem flagrados, mais uns quantos, gastos de tanto serem usados, de tanto permanecerem em cena.
No entanto há muitas outras coisas que gostava de recuperar, coisas que fui deixando por aí e não consegui guardar nem os restos. Às vezes por querer fugir, outras por ficar tempo demais e perder o rasto ao que, depressa demais, ia passando à minha volta.
Gostava de ser racional com as emoções, como sou com o economato, e ter tudo guardado e organizado, mas há restos que foram ficando sempre em gavetas erradas, há coisas que tive de deixar a meio, no inicio ou até antes mesmo de começarem, e nessas alturas não há disposição para catalogar, para arquivar como deve ser o que sobra. E agora reconheço que algumas delas me faziam falta, e queria encontrá-las algures no mercado negro, em segunda mão, que seja.
Alguns cheiros que me remetem para longe, que me fazem fechar os olhos de prazer e lembrança, numa tentativa de os trazer para perto de mim outra vez, um ou outro par de pés quentes, que me fazem lembrar que o Inverno está mesmo a chegar e que isto de dormir destapada a noite inteira, ainda assim, chegou a meados de Outubro.
Era bom que alguém me encontrasse tudo isto, que estará algures entre Portugal e o resto do mundo, algures entre o chão e a nuvem mais próxima. Alguém que me fizesse lembrar o que as palavras nunca dizem, o que os braços não agarram, mas que o coração dificilmente esquece. Porque quando alguém tem de sair mais cedo, normalmente não assiste ao melhor da festa.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
a diferença
A arte é alimentada de criatividade, imaginação e inspiração, que por sua vez são alimentadas de emoção e uma pequena parte de razão. Se assim não for, não é arte, é artesanato. É o que distingue um quadro de Paula Rêgo e uma cadeira de verga, e no entanto, ambas são peças únicas e igualmente feitas à mão.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
a arte
Há quem diga que não está disponível para amar, para gostar, para se entregar. Há quem diga que não consegue fazê-lo, que não encontra ninguém que lhe faça perder as noites e a razão. Há quem pense que já não é possível que o amor ou a paixão lhe surjam na vida porque já viram tudo e já sentiram o que tinham a sentir. Há quem diga que já não precisa de sentir mais nada e que já gastou o que tinha dentro de si. Há quem diga que as emoções são fáceis de controlar, são fáceis de dirigir, de conduzir, de parar, acelerar ou mantê-las em suspenso até que seja mais oportuno. Há quem diga que não precisa de ninguém para que as emoções façam sentido. Há quem diga que entregar-se é gastar demasiado tempo e energia que pode canalizar para coisas mais importantes. Há quem diga simplesmente que não, sem pensar porquê, sem pensar que tudo o que recebe de volta quando deixa, quando se entrega, quando arrisca, é muito mais compensador do que toda a energia que poupa em não o fazer. A energia anímica, o bem-estar, a alegria e principalmente o sorriso, não gastam o tempo de um cigarro e não provocam doenças.
E depois há quem diga que tudo isto é uma arte, a de fugir.
Fugir de si, fugir do que sente e do que pode ter, ser, sentir e sorrir. Fugir de ser muito mais, de estar muito mais, de querer muito mais. Sem perder o que quer que seja. Ao contrário da carteira, nas emoções, é no gastar que está o ganho.
E depois há quem diga que tudo isto é uma arte, a de fugir.
Fugir de si, fugir do que sente e do que pode ter, ser, sentir e sorrir. Fugir de ser muito mais, de estar muito mais, de querer muito mais. Sem perder o que quer que seja. Ao contrário da carteira, nas emoções, é no gastar que está o ganho.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
aprendi aos bocadinhos
Aprendi que a dor à noite dói mais. Aprendi que os namorados das minhas amigas são muitas vezes para elas o melhor, mas nem sempre o melhor para elas; aprendi a gastar menos tempo em discussões que não levam a lado nenhum; aprendi a fazer hoje o que me apetece fazer hoje e não esperar por um outro dia que seja mais oportuno; aprendi a relativizar a importância dos problemas; aprendi que para conseguir uma carreira é quase sempre preciso uma paragem; aprendi que só o que provoca emoções vale realmente a pena; aprendi que as paixões não se adiam; aprendi que por vezes uma palavra basta para fazer sorrir alguém, e não custa nada; aprendi que o meu telemóvel devia bloquear ao quarto copo de vinho, ou ao terceiro de vodka; aprendi que os animais me ensinam mais sobre o amor que muitas palavras; aprendi que nada é garantido na vida; aprendi que sentada, a vida não vem ter comigo, mas que preciso de me sentar aos poucos para a continuar a viver.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
aqui.
(photos:miss green)
Já aqui estive no dia 2/02/02, lembro-me que estava triste e desmoralizada como não tinha memória de estar. Tinha acabado de perder um trabalho que algumas horas antes me tinham dito que era meu. Enfim, mais tarde revelou-se ter sido uma bênção essa perda, revelou-se uma sorte não ter ganho o lugar.
Hoje, mais de sete anos depois, e embora a minha vida não tenha mudado substancialmente, estive aqui, neste mesmo sítio a 9/09/09.
Pelo meio foram muitas as vezes que aqui estive, ora á procura de respostas, ora á procura de um local onde, com a calma que me transmite, me deixasse questionar. Já aqui vim á procura de nada, apenas de estar comigo. Já aqui vim para chorar. Já aqui trouxe algumas das pessoas mais importantes da minha vida. Já aqui respirei o amor, já aqui beijei a paixão, já aqui abracei a saudade.
E não me cansa, o sítio, a vista incomparável sobre a cidade que de facto amo, a energia, a calma...e por vezes o vento. Descansa-me como se entrasse num mundo paralelo onde não me conseguissem tocar e nada me conseguisse fazer doer. Marca-me sempre vir aqui, marca-me sempre este cheiro, estas cores de Lisboa, este ar. De dia ou de noite, feliz, triste, de sorriso em riste ou no fundo do poço, muitas foram as palavras que levei deste silêncio, desta Paz. A Senhora (do Monte) já fez muito mais por mim do que alguma vez Imaginará. Já me Ouviu, já me Olhou, já me Questionou, já me Respondeu e já me Limpou lágrimas que por vezes pareciam não ter fim. No entanto, sempre o têm, há sempre um fim, que também é um início ou reinício. Um ponto final parágrafo e vira a página, ou apenas uma vírgula.
Tudo aqui, algumas vezes em breves momentos, algumas outras em horas não contadas, mas marcadas pelos sinos das igrejas que não sei distinguir. Só eles dizem que o tempo aqui também passa, porque comigo ele pára e afasta-se da realidade, que recomeça no momento em que a chave do carro roda na ignição e tudo volta ao seu ritmo, ao seu jeito de ser, real e finito como todos os outros tempos, como todas as outras realidades. Aqui.
sou mascarada
Máscaras (ou caraças como hoje me disseram) são na maioria das vezes representativas do Teatro, mas não só. São a representação da nossa própria vida, ora infeliz ou feliz, ora certo ou errado, quente ou frio, bom ou mau...opostos, os pontos de referência que temos de ter para conseguirmos dar valor e aproveitarmos o que temos e o que somos. Por vezes é nas grandes diferenças que reside a proximidade. As máscaras defendem-nos, protegem-nos, tanto quanto nos escondem, mas não apagam o que está por trás delas próprias:a nossa essência, o nosso Ser, neste palco q é a VIDA!
(photos:miss green)
domingo, 23 de agosto de 2009
de certeza que há
Há palavras que descrevem muito melhor aquilo que eu sinto, há poemas em que tudo seria dito em quatro meias linhas, há livros em que bastaria o título da capa, o sub-título, até a lombada seria mais que suficiente, mas aqui, por mais espaço que tenha, por mais palavras de que disponha, não tenho palavras, não tenho jeito ou não sei dizer, escrever, aquilo que me passa pelas veias, ou lá por onde passam as coisas que se sentem e que chegam ao resto do corpo. Não tenho, não sei dizer, não passa pela transcrição para o papel ou para onde quer que o virtual o leve, o que sinto, o que me estão a fazer sentir ou a pensar , ou sequer a sonhar. Se alguém as tiver que me as faça chegar se fizer esse pequeno favor. Bem-haja
terça-feira, 18 de agosto de 2009
sexta-feira, 31 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
quarta-feira, 22 de julho de 2009
espera
Não é à tua espera que eu estou. Já me perdi na horas e nos dias em esperas quase sempre inúteis. Já esperei palavras e pessoas que nunca chegaram ou chegaram tarde, nunca apareceram, alguns nem existiram.
Hoje já não espero apenas palavras, espero acções, já não espero pessoas, espero emoções, sentimentos.
Aflige-me ser demasiado fiel ao que sinto e não me disponibilizar para receber mais. Fico à espera de repetições, de continuações, como se de um guião se tratasse. Mas não dás as deixas, nesta história que podia ser um filme alternativo que ainda não estreou.
Não é à tua espera que eu estou, mas és tu que me fazes sentir aquilo que eu espero.
Hoje já não espero apenas palavras, espero acções, já não espero pessoas, espero emoções, sentimentos.
Aflige-me ser demasiado fiel ao que sinto e não me disponibilizar para receber mais. Fico à espera de repetições, de continuações, como se de um guião se tratasse. Mas não dás as deixas, nesta história que podia ser um filme alternativo que ainda não estreou.
Não é à tua espera que eu estou, mas és tu que me fazes sentir aquilo que eu espero.
domingo, 12 de julho de 2009
segunda-feira, 6 de julho de 2009
nos dias em que não existes
Como é que se consegue ser tão intensamente presente e tão "distantemente" ausente?
Quase tenho medo de saber e conhecer mais para não descobrir que és feito do mesmo material que os sonhos, que só existem quando estão connosco, na nossa almofada.
O tempo passa, mas a almofada, a mesma dos sonhos, parece querer recordar-te, e à noite atira-me à cara o cheiro, nem bom nem mau, mas que é o teu. Atira-me à cara o que me fazes pensar e sentir, e por fim, atira-me à cara que ainda assim eu tenho de dormir, que não estás aqui. Depois chega a realidade e eu entrego-me contrariada.
Quando não estás ao alcance de um olhar, pareces viver num mundo paralelo, onde não há rede nem televisão por cabo, de onde só se sai com aviso de despejo e prescrição médica. Esfumam-se as ideias, tal como o calor que por aqui ficou e, embora não me canse de olhar em volta, tu não estás lá, nunca chegas, nunca dizes. Chegam os dias de frio e tu não respondes, não aqueces, não existes.
Os sonhos ultimamente têm cheiro, têm cor, têm forma, têm o calor de dois corpos que não precisam de descolar para adormecer. É tudo o que sobra para os dias em que não estás, os dias em que insistes em não existir.
Quase tenho medo de saber e conhecer mais para não descobrir que és feito do mesmo material que os sonhos, que só existem quando estão connosco, na nossa almofada.
O tempo passa, mas a almofada, a mesma dos sonhos, parece querer recordar-te, e à noite atira-me à cara o cheiro, nem bom nem mau, mas que é o teu. Atira-me à cara o que me fazes pensar e sentir, e por fim, atira-me à cara que ainda assim eu tenho de dormir, que não estás aqui. Depois chega a realidade e eu entrego-me contrariada.
Quando não estás ao alcance de um olhar, pareces viver num mundo paralelo, onde não há rede nem televisão por cabo, de onde só se sai com aviso de despejo e prescrição médica. Esfumam-se as ideias, tal como o calor que por aqui ficou e, embora não me canse de olhar em volta, tu não estás lá, nunca chegas, nunca dizes. Chegam os dias de frio e tu não respondes, não aqueces, não existes.
Os sonhos ultimamente têm cheiro, têm cor, têm forma, têm o calor de dois corpos que não precisam de descolar para adormecer. É tudo o que sobra para os dias em que não estás, os dias em que insistes em não existir.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
quando não há palavras
Quando não há palavras há um lugar vazio que a distância não ocupa. Há uma dor que se vai amolgando com o tempo, que se desvanece, mas que marca, que turva olhar e não deixa ver mais além. Quando não há palavras o tempo parece mais longo, tem paragens, teima em arrastar-se ao longo do caminho.
O espaço que deixámos vazio para as palavras se cruzarem vai criando raízes, ervas daninhas que não se deixam arrancar. E é assim, devagar, como crescem as ervas que não são regadas, que se vai preenchendo até deixar de ser um lugar vazio, sem vida. Passará a ser terra cultivada à força, só para não cairmos ao tentar saltar, altura em que voar resolveria quase tudo. No ar não existem “pedras no caminho”, rasteiras ou degraus mais disfarçados. Não há trânsito nem insultos descabidos, não há falta de estacionamento e podemos encostar em qualquer lugar.
A terra parece, por vezes, ocupada demais, viva demais, congestionada demais, movimentada demais. O ar tem mais espaço e é por ele que tantas vezes voam as palavras que não são ditas, que não são escritas.
As palavras voam, e algumas vezes não chegam a descer, é vulgar por isso, apanharmos ideias assim, no ar. E quando andamos com a “cabeça no ar” estaremos provavelmente a tentar vermo-nos livre delas...ou à procura delas.
O espaço que deixámos vazio para as palavras se cruzarem vai criando raízes, ervas daninhas que não se deixam arrancar. E é assim, devagar, como crescem as ervas que não são regadas, que se vai preenchendo até deixar de ser um lugar vazio, sem vida. Passará a ser terra cultivada à força, só para não cairmos ao tentar saltar, altura em que voar resolveria quase tudo. No ar não existem “pedras no caminho”, rasteiras ou degraus mais disfarçados. Não há trânsito nem insultos descabidos, não há falta de estacionamento e podemos encostar em qualquer lugar.
A terra parece, por vezes, ocupada demais, viva demais, congestionada demais, movimentada demais. O ar tem mais espaço e é por ele que tantas vezes voam as palavras que não são ditas, que não são escritas.
As palavras voam, e algumas vezes não chegam a descer, é vulgar por isso, apanharmos ideias assim, no ar. E quando andamos com a “cabeça no ar” estaremos provavelmente a tentar vermo-nos livre delas...ou à procura delas.
terça-feira, 26 de maio de 2009
onde dormem os sonhos?
Onde ficam os meus sonhos quando acordo de manhã? Quem os guarda até eu voltar a deitar-me, até voltar a chamar por eles? Os sonhos devem ser uma espécie de filhos independentes que durante o dia vão à vida deles e voltam já à noitinha, naquela última hora em que estamos sentados no sofá a olhar para ontem. Aí chegam eles, fresquinhos, como se não tivessem andado a palmilhar o dia inteiro, como se não ficassem hora a fio a olhar um computador e a desejar a hora de chegar a casa. Chegam para se deitarem connosco, para ocuparem algum lugar vazio, o lugar da companhia que não está, não chega, não o é.
Aninham-se em nós como se nunca tivessem saído dali, como se fosse um episódio com continuação, numa história que não acaba nunca, só mudam as personagens e os cenários.
Onde vão dormir os meus sonhos quando se levantam? Os sonhos esperam sempre que eu me deite, nunca lá estão quando eu chego, nunca adormecem à minha espera. Os sonhos chegam sempre a tempo, mesmo que não tenham relógio. Os sonhos não me deixam antes de acordar, e por vezes até são interrompidos abruptamente sem querer. Eles fazem-me rir, chorar, fazem-me estar onde nunca fui, fazem-me ser o que nunca pensei ser, ter o que nunca tive, ou tive mas não dei atenção, e principalmente, sentir o que não sinto quando estou acordada. Os sonhos mimam-me de tal maneira que chego a pensar que têm braços, que têm coração, que têm cinco sentidos como eu. Mas se têm tudo isto, onde se escondem durante todo o tempo que não estão comigo a fazer-me…sonhar?
Aninham-se em nós como se nunca tivessem saído dali, como se fosse um episódio com continuação, numa história que não acaba nunca, só mudam as personagens e os cenários.
Onde vão dormir os meus sonhos quando se levantam? Os sonhos esperam sempre que eu me deite, nunca lá estão quando eu chego, nunca adormecem à minha espera. Os sonhos chegam sempre a tempo, mesmo que não tenham relógio. Os sonhos não me deixam antes de acordar, e por vezes até são interrompidos abruptamente sem querer. Eles fazem-me rir, chorar, fazem-me estar onde nunca fui, fazem-me ser o que nunca pensei ser, ter o que nunca tive, ou tive mas não dei atenção, e principalmente, sentir o que não sinto quando estou acordada. Os sonhos mimam-me de tal maneira que chego a pensar que têm braços, que têm coração, que têm cinco sentidos como eu. Mas se têm tudo isto, onde se escondem durante todo o tempo que não estão comigo a fazer-me…sonhar?
quinta-feira, 17 de julho de 2008
erro de calendário
Ao longo da nossa vida cruzamo-nos mais do que uma vez com pessoas que poderiam ficar na nossa vida para sempre, ou pelo menos até ao mês que vem. No entanto, pelas mais diversas razões, ou até sem razão nenhuma, desvanece-se o que parecia alinhado. Por falar muitas vezes, por falar poucas vezes, por não falar, por não ter tempo para encontros, por não ter cabeça para ir ao cinema, por não ter dinheiro para ir jantar fora, por não ter carro, e por ai adiante, o interesse vai-se diluindo e acabam por ficar apenas algumas recordações. Hoje, as relações precisam de toda uma conjuntura para que funcionem, ou pelo menos para que comecem. Se a vida não nos fizer cruzar por obrigação, por trabalho ou por acaso, e não nos fizer tropeçar constantemente na mesma pessoa, é muito provável que não seja oportuno, não haja tempo nem disposição, para mudar os nossos trajectos e encontrar algo que nem sabemos o que é, ou seja, mudar de rumo sem ter um objectivo. Os encontros parecem fazer mais vezes sentido se forem apenas por acaso, muito mais nos deixam a pensar, muito mais nos questionam, principalmente se se repetirem.
Numa outra altura, num outro lugar, uma outra pessoa, e tudo faria sentido, tudo parecia encaixar como desenhado de propósito. Há vezes em que tinha tudo para dar certo, mas não deu, nem certo nem errado, não deu nada. Porque não era agora, porque não era ali, porque não se estava disponível, porque ainda há alguém a povoar as ideias, porque daqui a nada se vai de férias, porque, porque, porque. Quinze dias depois liga-se e já tudo se apagou. Já não apetece. Mas agora é que era.
Numa outra altura, num outro lugar, uma outra pessoa, e tudo faria sentido, tudo parecia encaixar como desenhado de propósito. Há vezes em que tinha tudo para dar certo, mas não deu, nem certo nem errado, não deu nada. Porque não era agora, porque não era ali, porque não se estava disponível, porque ainda há alguém a povoar as ideias, porque daqui a nada se vai de férias, porque, porque, porque. Quinze dias depois liga-se e já tudo se apagou. Já não apetece. Mas agora é que era.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
terça-feira, 15 de julho de 2008
almofadas de sorrisos menos felizes
À minha Kitty de estimação:
Há coisas que nos custam a aceitar, um acidente, uma falha, um acaso, outras há que além de custarem a aceitar, deixam marcas para sempre. Algumas mais profundas outras mais visíveis, umas felizes outras nem tanto. Importa reter o que aprendemos, o que vivemos, o que sentimos. Importa principalmente arrumar os restos e as ideias para não correr o risco de tropeçar algures no tempo, numa memória desarrumada que se atravessou à nossa frente.
Quanto mais tempo passa, mais gavetas precisamos e mais arrumadinhas têm de estar. Um dia vamos naturalmente poder mudar o guarda-roupa para sempre, porque o Inverno já não volta.
Não há atalhos para esquecer, na realidade nem interessa esquecer, interessa sim arrumar o que passou para, mais tarde ou mais cedo, poder guardar e usar outro presente, outras alegrias, outras chatices (inevitavelmente), outras ideias, que seja. No futuro, que é a partir de ontem, há outros locais para ir, mais longe, mais bonitos, mais felizes. Hoje nem tudo faz sentido, é natural, mas dia a dia, a estrada vai parecer mais longa e bem melhor alcatroada. Amanhã ainda é cedo, mas é já tempo de saberes que o teu caminho ainda agora começou, mas que dele sempre farão parte algumas pessoas que acolheste no teu coração, nas tuas nuvens saltitantes, nas tuas almofadas de sorrisos, nos teus sonhos de algodão, ou nos teus beijos doces com elefante saltitantes. Serão elas que te farão sombra, quando no teu caminho, a estrada tiver demasiado Sol, serão elas que trarão a ovelha e a lã para o teu casaco de Inverno, serão elas que se transformarão em esponja, quando as lágrimas parecerem inundar o mundo. Eu sou uma Ela, e sei que assino por mais umas quantas, porque não estás sozinha e estamos sempre a começar algo. E é isso que nos indica qualquer fim, um novo início…dos bons, sempre melhor…e sem ser preciso passares na Casa Partida e ganhar 2 contos.
Há coisas que nos custam a aceitar, um acidente, uma falha, um acaso, outras há que além de custarem a aceitar, deixam marcas para sempre. Algumas mais profundas outras mais visíveis, umas felizes outras nem tanto. Importa reter o que aprendemos, o que vivemos, o que sentimos. Importa principalmente arrumar os restos e as ideias para não correr o risco de tropeçar algures no tempo, numa memória desarrumada que se atravessou à nossa frente.
Quanto mais tempo passa, mais gavetas precisamos e mais arrumadinhas têm de estar. Um dia vamos naturalmente poder mudar o guarda-roupa para sempre, porque o Inverno já não volta.
Não há atalhos para esquecer, na realidade nem interessa esquecer, interessa sim arrumar o que passou para, mais tarde ou mais cedo, poder guardar e usar outro presente, outras alegrias, outras chatices (inevitavelmente), outras ideias, que seja. No futuro, que é a partir de ontem, há outros locais para ir, mais longe, mais bonitos, mais felizes. Hoje nem tudo faz sentido, é natural, mas dia a dia, a estrada vai parecer mais longa e bem melhor alcatroada. Amanhã ainda é cedo, mas é já tempo de saberes que o teu caminho ainda agora começou, mas que dele sempre farão parte algumas pessoas que acolheste no teu coração, nas tuas nuvens saltitantes, nas tuas almofadas de sorrisos, nos teus sonhos de algodão, ou nos teus beijos doces com elefante saltitantes. Serão elas que te farão sombra, quando no teu caminho, a estrada tiver demasiado Sol, serão elas que trarão a ovelha e a lã para o teu casaco de Inverno, serão elas que se transformarão em esponja, quando as lágrimas parecerem inundar o mundo. Eu sou uma Ela, e sei que assino por mais umas quantas, porque não estás sozinha e estamos sempre a começar algo. E é isso que nos indica qualquer fim, um novo início…dos bons, sempre melhor…e sem ser preciso passares na Casa Partida e ganhar 2 contos.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
A responsabilidade do Tempo
Deixamos que o tempo resolva tudo, que o tempo nos dê respostas, nos faça ver as coisas de outra maneira, às vezes como elas são, às vezes como elas nos passaram ao lado, enquanto deixamos o tempo passar.
Deixamos que o tempo faça tirar as nódoas da roupa, as nódoas negras, o amachucado que não levou ferro. Damos ao tempo o poder de nos fazer esquecer um amor, de nos tirar as dores, as mazelas, as feridas. Tudo acaba por passar, com o tempo.
Será que há tempo para tudo isto? Será que temos tempo para deixar que seja o tempo a fazer tudo isto por nós?
Nós que vivemos a urgência do fazer, do ter, do querer, deixamos tudo isto longe das nossas mãos e tantas vezes longe da nossa vista, entregue assim, de mão beijada ao tempo?
Deixamos que o tempo faça tirar as nódoas da roupa, as nódoas negras, o amachucado que não levou ferro. Damos ao tempo o poder de nos fazer esquecer um amor, de nos tirar as dores, as mazelas, as feridas. Tudo acaba por passar, com o tempo.
Será que há tempo para tudo isto? Será que temos tempo para deixar que seja o tempo a fazer tudo isto por nós?
Nós que vivemos a urgência do fazer, do ter, do querer, deixamos tudo isto longe das nossas mãos e tantas vezes longe da nossa vista, entregue assim, de mão beijada ao tempo?
sábado, 5 de julho de 2008
Como se...#3
Toquei-te, como se fosse a primeira vez
e era
Abracei-te, como se não conhecesse o teu corpo
e não conhecia
Beijei-te, como se te contasse alguns segredos
e contei
Despedi-me, como se daqui a nada te voltasse a ver
mas não vi
e era
Abracei-te, como se não conhecesse o teu corpo
e não conhecia
Beijei-te, como se te contasse alguns segredos
e contei
Despedi-me, como se daqui a nada te voltasse a ver
mas não vi
quarta-feira, 4 de junho de 2008
A memória da Saudade
Ainda bem que estou em Portugal, que sou portuguesa, que me sinto portuguesa. Só assim poderia sentir saudade, valha-nos uma das coisas que só nós é que temos. Além do bacalhau seco, regado com azeite, a saudade é nosso melhor ingrediente. Há muita gente que sente falta, mas só nós temos Saudade. De quê? De praticamente tudo, da maneira que isto está, só mesmo o passado nos traz algum alento.
Nas pessoas, também é no passado, por mais recente que seja, que se encontra a saudade, o que fizeram, o que falaram e o que sentiram, principalmente. Mas a partir de quando é legítimo sentir saudade?! Pode alguém sentir saudade do que só sentiu, do que partilhou, por exemplo, uma única vez?! É possível sentir saudade de um momento e não de uma “pseudo-repetição” deles? É possível isolar esse único momento? Cabe na cabeça de alguém o discernimento para identificar um momento preciso para de lá trazer a saudade?
A saudade não tem momentos únicos, não tem sensações específicas, tem uma espécie de apanhado de tudo, uma globalização pequenina de sentimento, emoção e até tacto. A saudade lembra tudo isso praticamente ao mesmo tempo, é ridícula e ingrata por vezes, é estranha e fugidia, mas nunca completamente falsa.
Pode-se ter saudade do que nunca se viveu, do que nunca se teve, mas que pela repetição do desejo, do sonho, já se sentiu, já se sofreu mais profundamente do que em alguns passados.
Tenho saudades do pequeno tempo dos momentos, únicos como todos, mas dos quais a saudade tem feito questão de me lembrar. A saudade tem muito boa memória.
Nas pessoas, também é no passado, por mais recente que seja, que se encontra a saudade, o que fizeram, o que falaram e o que sentiram, principalmente. Mas a partir de quando é legítimo sentir saudade?! Pode alguém sentir saudade do que só sentiu, do que partilhou, por exemplo, uma única vez?! É possível sentir saudade de um momento e não de uma “pseudo-repetição” deles? É possível isolar esse único momento? Cabe na cabeça de alguém o discernimento para identificar um momento preciso para de lá trazer a saudade?
A saudade não tem momentos únicos, não tem sensações específicas, tem uma espécie de apanhado de tudo, uma globalização pequenina de sentimento, emoção e até tacto. A saudade lembra tudo isso praticamente ao mesmo tempo, é ridícula e ingrata por vezes, é estranha e fugidia, mas nunca completamente falsa.
Pode-se ter saudade do que nunca se viveu, do que nunca se teve, mas que pela repetição do desejo, do sonho, já se sentiu, já se sofreu mais profundamente do que em alguns passados.
Tenho saudades do pequeno tempo dos momentos, únicos como todos, mas dos quais a saudade tem feito questão de me lembrar. A saudade tem muito boa memória.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
No país dos rótulos
Em Portugal para se existir tem de se ter um rótulo, por mais humilde que seja. Não é à toa que existe um provérbio “chamar os bois pelos nomes”, porque tudo tem de ter um nome. Num país onde ninguém lê os livros de instruções, é natural que se preocupem mais com o nome do que com a forma de usar.
A relação entre duas pessoas, principalmente, tem de ser uma coisa bem definida.
Entre duas pessoas, sejam elas de que géneros forem, há sempre um rótulo, que eventualmente pode ir mudando. É-se Conhecido, depois passa-se a Amigo, depois grande Amigo, depois dos melhores Amigos, se for o caso, Namorado, Noivo, Marido, Ex-marido, Defunto. Para que não haja dúvida alguma, todos estes estágios têm de ser declarados publicamente e em alguns casos registados oficialmente, caso contrário, é como se não existissem.
Será que não se pode Só estar porque se está bem, e não ter de tomar decisões quanto ao nome que ”vamos chamar a isto”? Será que só porque não tem nome, a relação não pode ser séria e intensa? Só porque não “assumimos isto”, as pessoas não vão acreditar, não nos vamos envolver da mesma maneira? Não vamos sentir o que tivermos de sentir?
Ou por outro lado, vamos ficar mais responsabilizados, vamos ser mais respeitados, ou até mais amados, só porque isto tem um nome e se chama namoro, noivado (aqui a diferença está no anel), ou casamento?
Nos tempos que correm, um rótulo ainda pesa assim tanto?
Não se precisa de um rótulo para ser feliz, precisa-se de pessoas, de sentimentos, de emoções e de tudo o que dai advém. Não é preciso um rótulo para as pessoas se darem, dão-se porque sentem, seja dar uma flor, o coração ou o corpo.
Não é o rótulo que faz suspirar incessantemente ou atravessar a cidade para enxugar umas lágrimas. É o que está por dentro que nos move.
Bom mesmo é sentir, que se lixe o nome que se dá à coisa!
A relação entre duas pessoas, principalmente, tem de ser uma coisa bem definida.
Entre duas pessoas, sejam elas de que géneros forem, há sempre um rótulo, que eventualmente pode ir mudando. É-se Conhecido, depois passa-se a Amigo, depois grande Amigo, depois dos melhores Amigos, se for o caso, Namorado, Noivo, Marido, Ex-marido, Defunto. Para que não haja dúvida alguma, todos estes estágios têm de ser declarados publicamente e em alguns casos registados oficialmente, caso contrário, é como se não existissem.
Será que não se pode Só estar porque se está bem, e não ter de tomar decisões quanto ao nome que ”vamos chamar a isto”? Será que só porque não tem nome, a relação não pode ser séria e intensa? Só porque não “assumimos isto”, as pessoas não vão acreditar, não nos vamos envolver da mesma maneira? Não vamos sentir o que tivermos de sentir?
Ou por outro lado, vamos ficar mais responsabilizados, vamos ser mais respeitados, ou até mais amados, só porque isto tem um nome e se chama namoro, noivado (aqui a diferença está no anel), ou casamento?
Nos tempos que correm, um rótulo ainda pesa assim tanto?
Não se precisa de um rótulo para ser feliz, precisa-se de pessoas, de sentimentos, de emoções e de tudo o que dai advém. Não é preciso um rótulo para as pessoas se darem, dão-se porque sentem, seja dar uma flor, o coração ou o corpo.
Não é o rótulo que faz suspirar incessantemente ou atravessar a cidade para enxugar umas lágrimas. É o que está por dentro que nos move.
Bom mesmo é sentir, que se lixe o nome que se dá à coisa!
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Visto de longe
Velo-te em cada noite, acredito-te em cada sonho
Sinto-te em cada olhar que nem sequer é para mim
Sento-me no colo que só a minha ingenuidade conhece
e só a minha imaginação acredita.
Aconchego-me para não cair do meu sonho abaixo
Estás tão longe
e mesmo assim encosto a minha cara no teu peito e aguardo o bater mais forte do teu coração
Enrolo-me no teu pescoço à procura do beijo quente entalado no meu abraço
Estás tão longe, tão frio
devia puxar-te o lençol para cima
talvez acordes mais perto.
Sinto-te em cada olhar que nem sequer é para mim
Sento-me no colo que só a minha ingenuidade conhece
e só a minha imaginação acredita.
Aconchego-me para não cair do meu sonho abaixo
Estás tão longe
e mesmo assim encosto a minha cara no teu peito e aguardo o bater mais forte do teu coração
Enrolo-me no teu pescoço à procura do beijo quente entalado no meu abraço
Estás tão longe, tão frio
devia puxar-te o lençol para cima
talvez acordes mais perto.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
S.Valentim não celebra o Amor!
Mais gente se lembraria do amor, se o tal de S.Valentim o celebrasse. Não há o dia do Amor, para que nos lembremos dele, para que o comemoremos em condições, para que realmente fizesse diferença tê-lo ou não. Até a Árvore tem um dia, o Amor não.
Sim, o Amor devia ser celebrado todos os dias, como a Mulher, o Pai, a Mãe, a Criança, mas esses têm todos um dia específico, o Amor, coitadinho, não. Ninguém vai jantar fora de propósito por causa do amor, mesmo que seja uma Segunda e esteja a chover carrinhos de mão, mas tanta gente que vai só para mostrar o namorado. Namorado ou namorada, qualquer um ou uma tem, é fácil, é só querer, ou deixar, depende do caso. Amor não, amor dói, amor cansa, mas também descansa, também aquece, por dentro e por fora, mesmo nas noites geladas de Inverno, que por acaso este ano não houve, talvez tenha havido menos amor também.
Podem dizer também que o dia do amor é quando o Homem quiser, tal como o Natal, mas também não vejo ninguém a enfeitar pinheiros em Maio.
O S.Valentim celebra ou protege, ou lá o que faz, os Namorados, não quer dizer necessariamente, e tantas vez, que exista o Amor, porque não basta fingi-lo, é bom que se sinta, e para isso não se precisa também necessariamente de namorado, ou de qualquer rótulo. Namorado é um rótulo que se tem ou se põe, para que os demais não nos pensem perdidos ou desamparados, mas tantas vezes também nos perdemos em namoros, ou coisa que o valha, inúteis, pessoas com quem preferíamos não nos ter cruzado. Mas aprendemos, aprendemos que é mais importante amar que andar de mão dada em locais públicos. É mais importante o amor que temos por nós mesmos que qualquer outro, por mais que nos possa arrebatar, pois sem o primeiro nunca conseguiremos desfrutar completamente do segundo. Este é o segredo, por isso conta-se baixinho…enquanto o Amor não tem o seu dia inteiro. Vinte e quatro horas de holofotes neste palco, nesta vida. "Bem o haja"
Sim, o Amor devia ser celebrado todos os dias, como a Mulher, o Pai, a Mãe, a Criança, mas esses têm todos um dia específico, o Amor, coitadinho, não. Ninguém vai jantar fora de propósito por causa do amor, mesmo que seja uma Segunda e esteja a chover carrinhos de mão, mas tanta gente que vai só para mostrar o namorado. Namorado ou namorada, qualquer um ou uma tem, é fácil, é só querer, ou deixar, depende do caso. Amor não, amor dói, amor cansa, mas também descansa, também aquece, por dentro e por fora, mesmo nas noites geladas de Inverno, que por acaso este ano não houve, talvez tenha havido menos amor também.
Podem dizer também que o dia do amor é quando o Homem quiser, tal como o Natal, mas também não vejo ninguém a enfeitar pinheiros em Maio.
O S.Valentim celebra ou protege, ou lá o que faz, os Namorados, não quer dizer necessariamente, e tantas vez, que exista o Amor, porque não basta fingi-lo, é bom que se sinta, e para isso não se precisa também necessariamente de namorado, ou de qualquer rótulo. Namorado é um rótulo que se tem ou se põe, para que os demais não nos pensem perdidos ou desamparados, mas tantas vezes também nos perdemos em namoros, ou coisa que o valha, inúteis, pessoas com quem preferíamos não nos ter cruzado. Mas aprendemos, aprendemos que é mais importante amar que andar de mão dada em locais públicos. É mais importante o amor que temos por nós mesmos que qualquer outro, por mais que nos possa arrebatar, pois sem o primeiro nunca conseguiremos desfrutar completamente do segundo. Este é o segredo, por isso conta-se baixinho…enquanto o Amor não tem o seu dia inteiro. Vinte e quatro horas de holofotes neste palco, nesta vida. "Bem o haja"
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Há tempo demais
Percebi que há demasiado tempo não publicava nenhum post quando cheguei ao blogger e não me lembrava do username!
Prometo aqui por escrito que não o vou abandonar por tanto tempo outra vez, prometo que vou fazer um grande esforço para manter uma disciplina de escrita verdadeiramente frequente. Está prometido, está prometido! Bem-haja
Prometo aqui por escrito que não o vou abandonar por tanto tempo outra vez, prometo que vou fazer um grande esforço para manter uma disciplina de escrita verdadeiramente frequente. Está prometido, está prometido! Bem-haja
sábado, 24 de novembro de 2007
Carta aberta a Vítor Baía - Parte X
Ninguém me tira da ideia que o grande querido fez o contrário dos amigos Luís Figo e Rui Costa, que se retiraram da selecção para se dedicarem a 100% aos seus respectivos clubes. Ninguém me tira da ideia que você se retirou do seu clube para se dedicar a 100% à selecção!!! E agora? Está à espera de ser convocado, certo?!
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
Devolução
Haverá alguma maneira de fazer uma devolução de emoções?
Queria devolver várias. Devolver mesmo, para que voltem às prateleiras e alguém as possa levar para casa de novo.
Estão em bom estado, impecáveis, quase como novas, algumas delas acabadas de estrear. Não têm fotografias rasgadas nem discos partidos. Têm algumas músicas mais gastas de tanto ouvir, mas ainda tocam com a letra completa e intacta.Têm alguns filmes que não foram vistos, outros tirados do plástico da loja.
Estas emoções só tiveram um dono, mas não têm origem controlada nem garantia de durabilidade.
Têm colos quentinhos, chocolates e gomas, com prazo de validade acabado de ultrapassar. Não se aconselha, por isso, o seu consumo.
Devolvem-se intactas e embaladas em vácuo. Levam sorrisos, muitos sorrisos, e lágrimas, demasiadas, mas que podem ser usadas para outros fins.
Levam palavras bonitas e outras sem sentido, que ao misturar podem causar alguns efeitos secundários.
Estas emoções contêm ainda alguns presentes, algumas surpresas, mas tudo sem instruções de utilização.
Aguardo pretendentes à aquisição, que não carece de fiador. Garanto portes de envio.
Queria devolver várias. Devolver mesmo, para que voltem às prateleiras e alguém as possa levar para casa de novo.
Estão em bom estado, impecáveis, quase como novas, algumas delas acabadas de estrear. Não têm fotografias rasgadas nem discos partidos. Têm algumas músicas mais gastas de tanto ouvir, mas ainda tocam com a letra completa e intacta.Têm alguns filmes que não foram vistos, outros tirados do plástico da loja.
Estas emoções só tiveram um dono, mas não têm origem controlada nem garantia de durabilidade.
Têm colos quentinhos, chocolates e gomas, com prazo de validade acabado de ultrapassar. Não se aconselha, por isso, o seu consumo.
Devolvem-se intactas e embaladas em vácuo. Levam sorrisos, muitos sorrisos, e lágrimas, demasiadas, mas que podem ser usadas para outros fins.
Levam palavras bonitas e outras sem sentido, que ao misturar podem causar alguns efeitos secundários.
Estas emoções contêm ainda alguns presentes, algumas surpresas, mas tudo sem instruções de utilização.
Aguardo pretendentes à aquisição, que não carece de fiador. Garanto portes de envio.
sábado, 25 de agosto de 2007
Com um brilhozinho (turvo) nos olhos
"...corremos estores
pusemos a rádio no On
acendemos a já costumeira velinha de igreja
pusemos no Off o telefone
e olha, não dá pra contar
pois sei que tu sabes aquilo que sabes que eu sei"
é que hoje 'desfiz' um amigo
e coisa mais desgostosa no mundo não há.
pusemos a rádio no On
acendemos a já costumeira velinha de igreja
pusemos no Off o telefone
e olha, não dá pra contar
pois sei que tu sabes aquilo que sabes que eu sei"
é que hoje 'desfiz' um amigo
e coisa mais desgostosa no mundo não há.
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Uma questão de nome
No meu tempo, vá lá, no tempo em que as crianças ainda tinham dois nomes próprios, o nome Rita era muito vulgar. Tal como Ana, Inês, Sandra, Susana, Pedro, João, Miguel e por aí adiante. Maria era um nome feio e nenhuma rapariga o queria para segundo nome, quanto mais para primeiro. Todas as crianças tinha um segundo nome que normalmente ficava mal com o primeiro, com Pedro Alexandre, João Carlos, ou Miguel Ângelo, para não falar da Carla Alexandra, Sandra Cristina ou Luísa Margarida. Mas era considerado normal e no colégio as crianças eram conhecidas por esses dois nomes.
Hoje, mesmo que a criança ainda tenha três ou quatro anos, já é a Maria Gonçalves Pereira ou o Afonso Oliveira e Sá. Claro que facilita a distinção, já que uma boa percentagem das meninas se chama simplesmente Maria.
Maria passou também a ser um nome vulgar nos rapazes, embora sempre como segundo nome, pelo menos até aos dezoito anos!!
Até aqui tudo bem, são modas, são gerações diferentes, antes do meu tempo também todas as meninas tinham Maria como (quase) prefixo do nome. Ninguém as tratava sequer por Maria-qualquer-coisa, o Maria era totalmente simbólico e quase obrigatório, mas sempre em primeiro. O meu avô quis ser um erudito e tentou pôr Maria como segundo nome à minha mãe, mas o registo não autorizou e, como todas as outras, levou com o prefixo feminino Maria.
Tudo isto são nomes, têm fases, vão e voltam aos registos mais, ou menos, frequentemente.
Onde eu queria chegar era à publicidade, e questionar o facto de em qualquer spot que seja, tenha o target que tiver, há sempre uma Rita algures.
Eu tenho para mim que tudo começou quando a outra criancinha resolveu subir para cima da Marguerita, e a mãe mandava-a descer dali, que ainda arranjava um 31.
Hoje em dia, na rádio, televisão ou imprensa escrita leva com uma Rita escarrapachada. Seja a criancinha suja a quem a mãe "já explicou a importância de lavar as mãos", as chatas amigas do trrimm trrimm da tv cabo ou até, a Rita que já teve 240 de colestrol e, imaginem, a Rita e o Tiago em que um deles é incontinente e usa Lindor...mas ninguém percebe qual deles é!
Não acho isto normal!!! Vamos a uma qualquer lista de nomes portugueses, tipo lista telefónica, por exemplo, e há tantos nomes, tantos nomes, porquê senhores publicitários, andarem sempre com a Rita...na ponta da língua?!
Se ainda fosse ao contrário...as Ritas de certeza que agradeciam!!Bem-haja
Hoje, mesmo que a criança ainda tenha três ou quatro anos, já é a Maria Gonçalves Pereira ou o Afonso Oliveira e Sá. Claro que facilita a distinção, já que uma boa percentagem das meninas se chama simplesmente Maria.
Maria passou também a ser um nome vulgar nos rapazes, embora sempre como segundo nome, pelo menos até aos dezoito anos!!
Até aqui tudo bem, são modas, são gerações diferentes, antes do meu tempo também todas as meninas tinham Maria como (quase) prefixo do nome. Ninguém as tratava sequer por Maria-qualquer-coisa, o Maria era totalmente simbólico e quase obrigatório, mas sempre em primeiro. O meu avô quis ser um erudito e tentou pôr Maria como segundo nome à minha mãe, mas o registo não autorizou e, como todas as outras, levou com o prefixo feminino Maria.
Tudo isto são nomes, têm fases, vão e voltam aos registos mais, ou menos, frequentemente.
Onde eu queria chegar era à publicidade, e questionar o facto de em qualquer spot que seja, tenha o target que tiver, há sempre uma Rita algures.
Eu tenho para mim que tudo começou quando a outra criancinha resolveu subir para cima da Marguerita, e a mãe mandava-a descer dali, que ainda arranjava um 31.
Hoje em dia, na rádio, televisão ou imprensa escrita leva com uma Rita escarrapachada. Seja a criancinha suja a quem a mãe "já explicou a importância de lavar as mãos", as chatas amigas do trrimm trrimm da tv cabo ou até, a Rita que já teve 240 de colestrol e, imaginem, a Rita e o Tiago em que um deles é incontinente e usa Lindor...mas ninguém percebe qual deles é!
Não acho isto normal!!! Vamos a uma qualquer lista de nomes portugueses, tipo lista telefónica, por exemplo, e há tantos nomes, tantos nomes, porquê senhores publicitários, andarem sempre com a Rita...na ponta da língua?!
Se ainda fosse ao contrário...as Ritas de certeza que agradeciam!!Bem-haja
domingo, 12 de agosto de 2007
Um golo do Caneco!
Uma final, uma taça!
Ao fim de 24 jogos consecutivos sem perder, Paulo Bento faz levantar o caneco, o segundo do seu reinado do outro lado do banco, o lado que veste fato e gravata.
Ismailov, acabadinho de chegar de Marco de Canavezes, como o próprio nome indica, começou a sua carreira de leão ao peito, literalmente com o pé direito, num golaço daqueles que chegam aos clubes nos vídeos de promoção dos jogadores. Um golo literalmente do caneco!
É claro que não foi só uma Taça, foi um carago de uma Taça contra o Puorto, onde as vitórias são como "escovar os dentes"!
Dentistas nortenhos, abram alas, não para o Noddy, mas para as 63 cáries que vêm aí dos lados do Olival, que isto até até à próxima vitória ainda vai doer!!! Bem-haja e nada de chicletes!
Ao fim de 24 jogos consecutivos sem perder, Paulo Bento faz levantar o caneco, o segundo do seu reinado do outro lado do banco, o lado que veste fato e gravata.
Ismailov, acabadinho de chegar de Marco de Canavezes, como o próprio nome indica, começou a sua carreira de leão ao peito, literalmente com o pé direito, num golaço daqueles que chegam aos clubes nos vídeos de promoção dos jogadores. Um golo literalmente do caneco!
É claro que não foi só uma Taça, foi um carago de uma Taça contra o Puorto, onde as vitórias são como "escovar os dentes"!
Dentistas nortenhos, abram alas, não para o Noddy, mas para as 63 cáries que vêm aí dos lados do Olival, que isto até até à próxima vitória ainda vai doer!!! Bem-haja e nada de chicletes!
terça-feira, 7 de agosto de 2007
Amiga é um termo dúbio
O envolvimento, a paixão, o amor, dê-se o nome que se quiser, nunca chega adiantado, nunca chega antes do tempo. E que tempo é esse?
É o tempo que precisamos para racional ou conscientemente chegar à conclusão que há uma pessoa (ou passou a haver) na nossa vida, que é diferente das outras aos nossos olhos, pelo menos num qualquer momento.
Para entrar nas coronárias de alguém é preciso muito, como mais ou menos tempo, mas muito. Muito que pode começar por tão pouco, por um aperto de mão mais demorado, com uma palavra dita na altura certa, um olhar cúmplice, ou um conjunto de abraços, discussões e colos que garantem o carinho, os olhos fechados num beijo, um cantinho reservado numa cama já quente.
Não há receitas, não há caminhos mais curtos ou soluções definitivas, não há ponteiros a atropelarem-se em relógios que nos dão sempre o mesmo tempo, embora por vezes pareça parado ou demasiado apressado. O tempo é o mesmo, hoje é hoje e amanhã logo se vê. É tão ténue a linha que nos liga ao fim.
Porque é que nem sempre aproveitamos ou contamos a história, mesmo que comece a meio do livro?
É o tempo que precisamos para racional ou conscientemente chegar à conclusão que há uma pessoa (ou passou a haver) na nossa vida, que é diferente das outras aos nossos olhos, pelo menos num qualquer momento.
Para entrar nas coronárias de alguém é preciso muito, como mais ou menos tempo, mas muito. Muito que pode começar por tão pouco, por um aperto de mão mais demorado, com uma palavra dita na altura certa, um olhar cúmplice, ou um conjunto de abraços, discussões e colos que garantem o carinho, os olhos fechados num beijo, um cantinho reservado numa cama já quente.
Não há receitas, não há caminhos mais curtos ou soluções definitivas, não há ponteiros a atropelarem-se em relógios que nos dão sempre o mesmo tempo, embora por vezes pareça parado ou demasiado apressado. O tempo é o mesmo, hoje é hoje e amanhã logo se vê. É tão ténue a linha que nos liga ao fim.
Porque é que nem sempre aproveitamos ou contamos a história, mesmo que comece a meio do livro?
quarta-feira, 25 de julho de 2007
sky shouldn't be the limit
ao J:
Mas o céu foi mesmo o limite. Para lá do que se esperava, para lá do que era suposto, para lá das desculpas.
Já não há nada que o faça voltar, já não há explicações que atenuem a dor de perder alguém que foi antes do tempo.
A tua cabeça baixa, as tuas lágrimas, o teu inconformismo espelhava-se no olhar de todos os que ali estavam. Não há nada que o traga de volta e nos faça voltar para casa como se nada tivesse acontecido há sete dias.
As pessoas que se amam não se deixam, não partem, apenas nos deixam de visitar e ficam à nossa espera até ao dia em que o céu ou a terra, seja também o nosso limite. Quem nos ama não nos perde de vista, o amor não se esconde, pode apenas ficar mais longe.
Não há palavras, não há abraços, não há afectos que diminuam o sofrimento de uma família que perdeu um dos seus ramos mais altos e mais fortes. Não há nada neste mundo que possa garantir que daqui a uma semana, daqui a um mês ou dois, tudo vai ser diferente, porque simplesmente não vai. A árvore fica mais fraca, perde os frutos da próxima estação, mas tem de continuar de pé. Porque os que ficam, os que agora choram sem consolo que chegue, têm de ir buscar forças às raízes, ao tronco em que cresceram, e a tudo o que ficou para trás. Houve tanta coisa boa, tantas alegrias, tantas emoções, que sem ele, até aqui, também teriam sido diferentes. Ele estava cá, fez parte de toda a construção e fez com que todos à sua volta ficassem também com um bocadinho dele.
Não há regras para a vida e a morte aproveita-se disso.
Não há regras para viver e nós desperdiçamos demais.
Nestas alturas em que nos sentimos pequenos e inúteis para confrontar o destino, percebemos que a maior parte do tempo gastamos emoções à toa, perdemos tempo demais com problemas inúteis, que nos gastam energia e palavras desmedidas.
Não tenho palavras que te ajudem, porque tudo o que ouves ainda hoje, é o teu coração apertado demais para sentir seja o que for.
Não tenho talento nem capacidade para inventar o que quer que seja que te ajude a superar, o que só o tempo ajudará a atenuar.
Não quero ser o ombro chato a pedir que te encostes, porque tu tens o teu tempo, tens o teu espaço, o teu silêncio, a dor que só tu saberás gerir.
No dia em quiseres voltar cá estarei, no dia em quiseres falar ou responder, serei ouvidos ou teclado.
E porque não há nada que apresse uma dor, o compasso será sempre certo, porque só assim voltarás a ser e a estar outra vez, como dantes.
Aqui, agora e sempre,
Érre
Mas o céu foi mesmo o limite. Para lá do que se esperava, para lá do que era suposto, para lá das desculpas.
Já não há nada que o faça voltar, já não há explicações que atenuem a dor de perder alguém que foi antes do tempo.
A tua cabeça baixa, as tuas lágrimas, o teu inconformismo espelhava-se no olhar de todos os que ali estavam. Não há nada que o traga de volta e nos faça voltar para casa como se nada tivesse acontecido há sete dias.
As pessoas que se amam não se deixam, não partem, apenas nos deixam de visitar e ficam à nossa espera até ao dia em que o céu ou a terra, seja também o nosso limite. Quem nos ama não nos perde de vista, o amor não se esconde, pode apenas ficar mais longe.
Não há palavras, não há abraços, não há afectos que diminuam o sofrimento de uma família que perdeu um dos seus ramos mais altos e mais fortes. Não há nada neste mundo que possa garantir que daqui a uma semana, daqui a um mês ou dois, tudo vai ser diferente, porque simplesmente não vai. A árvore fica mais fraca, perde os frutos da próxima estação, mas tem de continuar de pé. Porque os que ficam, os que agora choram sem consolo que chegue, têm de ir buscar forças às raízes, ao tronco em que cresceram, e a tudo o que ficou para trás. Houve tanta coisa boa, tantas alegrias, tantas emoções, que sem ele, até aqui, também teriam sido diferentes. Ele estava cá, fez parte de toda a construção e fez com que todos à sua volta ficassem também com um bocadinho dele.
Não há regras para a vida e a morte aproveita-se disso.
Não há regras para viver e nós desperdiçamos demais.
Nestas alturas em que nos sentimos pequenos e inúteis para confrontar o destino, percebemos que a maior parte do tempo gastamos emoções à toa, perdemos tempo demais com problemas inúteis, que nos gastam energia e palavras desmedidas.
Não tenho palavras que te ajudem, porque tudo o que ouves ainda hoje, é o teu coração apertado demais para sentir seja o que for.
Não tenho talento nem capacidade para inventar o que quer que seja que te ajude a superar, o que só o tempo ajudará a atenuar.
Não quero ser o ombro chato a pedir que te encostes, porque tu tens o teu tempo, tens o teu espaço, o teu silêncio, a dor que só tu saberás gerir.
No dia em quiseres voltar cá estarei, no dia em quiseres falar ou responder, serei ouvidos ou teclado.
E porque não há nada que apresse uma dor, o compasso será sempre certo, porque só assim voltarás a ser e a estar outra vez, como dantes.
Aqui, agora e sempre,
Érre
quarta-feira, 18 de julho de 2007
Fim da espera!
ao Carlos e à Ritinha:
Esta espera chegava para duas ou três novas vidas, e nem para a tua ainda chegou, nem para uma dúvida que podia já existir. A incerteza, a angústia e a tristeza que me consomem, afogo-as num casamento feliz, onde só tu fazes ainda tanta falta.Encontro um pouco de ti em todas as crianças...
in Amar Demais, 2005
_________________________________________
Eles chegaram, vinham os dois de mão dada e a sorrir, como se tivessem acabado de encontrar todo o passado que não tiveram.
Têm a vida toda pela frente para compensar os primeiros anos em que ainda não vos conheciam. Não me canso de dizer o quanto feliz fiquei com a notícia. Não me canso de sublinhar a sorte que tiveram em encontrar dois colos como os vossos.
Tenho a certeza que ao fim de alguns dias já pareciam que tinham estado ali a vida toda, porque é tão fácil uma pessoa sentir-se bem ao vosso lado, quanto mais ao vosso colo.
As crianças são genuínas e estavam mais que prontas para vos receberem. Uma criança não recusa o amor, e se houvesse medida para o vosso, era de certeza numa escala gigante.
Um amor como o vosso que não precisa de cordão umbilical.
Numa semana de extremos emocionais, esta foi das melhores notícias que podia ter tido.
PARABÉNS!
Esta espera chegava para duas ou três novas vidas, e nem para a tua ainda chegou, nem para uma dúvida que podia já existir. A incerteza, a angústia e a tristeza que me consomem, afogo-as num casamento feliz, onde só tu fazes ainda tanta falta.Encontro um pouco de ti em todas as crianças...
in Amar Demais, 2005
_________________________________________
Eles chegaram, vinham os dois de mão dada e a sorrir, como se tivessem acabado de encontrar todo o passado que não tiveram.
Têm a vida toda pela frente para compensar os primeiros anos em que ainda não vos conheciam. Não me canso de dizer o quanto feliz fiquei com a notícia. Não me canso de sublinhar a sorte que tiveram em encontrar dois colos como os vossos.
Tenho a certeza que ao fim de alguns dias já pareciam que tinham estado ali a vida toda, porque é tão fácil uma pessoa sentir-se bem ao vosso lado, quanto mais ao vosso colo.
As crianças são genuínas e estavam mais que prontas para vos receberem. Uma criança não recusa o amor, e se houvesse medida para o vosso, era de certeza numa escala gigante.
Um amor como o vosso que não precisa de cordão umbilical.
Numa semana de extremos emocionais, esta foi das melhores notícias que podia ter tido.
PARABÉNS!
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Às vezes (não ) o amor
Às vezes apetece-me desistir. Desistir de algumas pessoas que já não encaixam no meu caminho, desistir de alguns objectivos que teimo alcançar, desistir de ser eu por uns tempos, pôr o meu lugar à disposição e ficar só do outro lado a ver. Ser mais severa, menos próxima das pessoas, mais fria, não correr atrás das emoções, como quase sempre faço.
Apetece-me ver as coisas do outro lado, assistir de camarote ao que faço para poder melhorar, afastar-me do que tenho, do que sou, para me encontrar de novo.
Às vezes sinto-me longe. Perdida mas no meio de todo o meu mundo, das "minhas" pessoas, das minhas coisas.
Reconheço-me apenas pelo que me rodeia e me faz acreditar que sou mesmo eu.
Preciso de um pouco de espaço, desmarcar tudo e desligar os telefones.
De não ter de avisar que não janto ou onde vou jantar, de não ter de dizer nada sobre nada.
Desaparecer e voltar, só para saber que sou e estou mesmo aqui.
Apetece-me ver as coisas do outro lado, assistir de camarote ao que faço para poder melhorar, afastar-me do que tenho, do que sou, para me encontrar de novo.
Às vezes sinto-me longe. Perdida mas no meio de todo o meu mundo, das "minhas" pessoas, das minhas coisas.
Reconheço-me apenas pelo que me rodeia e me faz acreditar que sou mesmo eu.
Preciso de um pouco de espaço, desmarcar tudo e desligar os telefones.
De não ter de avisar que não janto ou onde vou jantar, de não ter de dizer nada sobre nada.
Desaparecer e voltar, só para saber que sou e estou mesmo aqui.
Subscrever:
Mensagens (Atom)