segunda-feira, 7 de março de 2005

Uma questão de Tamanho

Resolvi trazer à baila um tema que só arruina qualquer relacionamento que eu tenha, ou qualquer um que eu não tenha e pensasse ter, ou qualquer um que eu venha a ter no futuro. Não vou falar das performances sexuais dos homens, ou melhor, da diferença entre a realidade do que acontece, e do que eles depois vão contar, porque uma mulher acaba sempre por saber o que eles comentam, caso não soubessem...Eu vou falar de tamanho. O tamanho. E eu aqui me confesso, sim confesso, já fui das poucas que desisti, sim eu desisti completamente, não, calma, não virei lésbica, nem vou para freira, também não desisti assim tanto, só desisti de acreditar na história de que o tamanho faz a diferença. Digam o que disserem, não me venham mais com essa, pois se assim fosse, diferença era entre o quê e o quê?! Em Portugal nenhum homem diz que a tem pequena. Em Espanha também não tenho ideia de ter ouvido, em espanhol já ouvi muita coisa, mas eram tudo dobragens e foi na televisão, e pela reacção delas não me parecia que fossem pequenas, ou então elas disfarçavam lindamente. Em Itália muito menos, já que o orgulho é muito maior, mas também verdade seja dita, que por muito pequena que fosse, depois de se começar a ouvir assim ao ouvidinho...aaahh piacere, dové stai amore mio?!...fetuccini, Lamborguini, anque io, baci, baci...Ferrero Rocher...Ai Ambrósio nem que fosse um Kit Kat, apetecia na mesma!
Isto deve ser então uma coisa assim mais para o mediterrânico, mais para o latino. Porque realmente a única diferença de que há memória de ser ouvida é só entre a grande e a muito grande! Sim, e isto é diferença, tudo bem, da grande para a muito grande, faz diferença, mas para variar, sobra mais para nós mulheres...e para o nosso novo andar do dia seguinte, gemido atrás de gemido, a rezar para que não tenha de subir um degrau para lado nenhum. E sentar, credo, parece que a bicicleta fugiu e o selim ficou!
Mas fora essa diferença, os homens nunca reconhecem que a têm pequena, nunca. Nunca ouvi nenhum dizer, “ah, a minha é a dar para o pequeno, mas eu sou esforçado, canso-me mais, mas vou a todo o lado” – não, não dizem. Todos dizem “ah ah, a minha chegava pra pendurar o toalhão do banho...ao comprido!” ,”a minha é para aí deste tamanho...em descanso!”, “a mim lá na rua tratam-me por bombeiro, eh eh, a minha mangueira tinha chegado para apagar os incêndios do ano passado, mas estava fora do país ”.
Cientificamente, em termos genéticos, só está provado que a população africana, realmente tem um tamanho acima dos parâmetros considerados normais.
Portanto a única conclusão que se pode tirar é que o problema dos homens é a comparação. O problemas deles é que não conseguem ter uma dimensão comparativa. Eles nunca, jamais, dão parte fraca ao lado uns dos outros. Como é que eles olham para as dos outros homens? Olham assim, discretamente, de esguelha, no balneário dos ginásios ou na casa-de-banho pública, pelo canto do olho, e só depois, provavelmente já em casa, quem sabe muitas horas depois, vão olhar para a deles e dizem “ Aaaah...é muito maior...não tem nada a ver”. Agora o confronto “lado a lado” não existe.

Segundo sei existem, pelo menos, 5 tamanhos: As pequenas, as médias, as grandes, as “oh meu deus!” e ainda as “não tem disto em branco­”. Portanto, a história de que o tamanho faz diferença, ou não, depende dos olhos que a medem. E claro, do sentimento com que se olha.
Existe aquele clássico da menina virgem, que se casa, daí ser já só mesmo em clássico, em moderno diz que já não fazem, nem por encomenda, e ao fim da primeira noite, toma o seu também primeiro banho com o seu já actual marido e comenta com as risadinhas, também elas clássicas das virgens, “ih ih ih ai amor, apontando para o Vitinho, “gastou-se tanto só de ontem à noite?” Oh meu Deus...depois a partir daí é que começam a reparar nos senhores dos filmes, dos anúncios, nas estátuas do renascimento, e depois eram os divórcios a eito.
Hoje em dia já não era preciso chegar à parte do banho, nem da noite, nem do casamento, nem do namoro, nem quase do carro, ai o carro já quase também ele um clássico, para mal da nossa nostalgia romântica, mas para bem das nossas colunas, aquilo dava cabo da coluna, muitas hérnias terá a nossa geração à conta de romances no automóvel! E os joelhos? Aquilo é que era de nódoas negras...Nos carros havia aquelas coisas todas, manípulos, travão de mão, só porcarias a atrapalhar, não era só nos joelhos, era um bocado por todo o lado, uma pessoa não podia ser criativa, que aquilo deixava marcas no corpinho todo.
Portanto, minhas amigas...e meus amigos, fica aqui claro, que isto do tamanho já era, não se deixem levar pelos comentários e pelo blá blá que eles gostam de pregar. Fala aqui a voz da experiência...eu farto-me de ouvir pregar. E daqui para a frente acreditem mais no género de comentários como: “Ah, se calhar não é das maiores, mas eu chego a todo lado”, ou , “talvez já tenhas visto alguma maior, mas prometo dar o meu melhor e fazer-te sentir bem”, ou ainda “parece assim pequenina mas vais ver que daqui nada já não notas...e depois às vezes...espera-se e...não se nota, mesmo, nem que existe quase...”